Mozart Luna

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Perigo de apagão durante a Copa no Nordeste

03/06/2014 00h12

O Complexo gerador de energia elétrica de Paulo Afonso na Bahia está com 17 das 54 turbinas geradoras paradas e com 40% de sua capacidade do reservatório. Segundo  informações da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). O sistema está em pré-colapso e o perigo de ocorre apagões durante a Copa do Mundo é eminente.

Preocupado com essa possibilidade o Governo Federal deu a ordem para o gerenciador do sistema Paulo Afonso reduzir a vazão para 1.100m/s, bem abaixo do que determina a lei 9.433/97, a chamada Lei das Águas, que determina a vazão mínima de 1.300m/s.

Conseguimos ter acesso até o complexo Paulo Afonso, com a ajuda de funcionário e lá pudemos fotografar as turbinas que estão paradas e também o nível das águas no reservatório e além do vertedouro seco. Segundo nossa fonte da Chesf, a situação é preocupante porque não está chovendo na cabeceira do rio São Francisco e o nível do reservatório  continua caindo.

As 17 turbinas estão paradas porque não há água suficiente para fazê-las funcionar. A situação é critica.  “A ordem foi fechar as comportas”, disse o funcionário. Segundo ainda ele as medidas de redução da vazão se deve também a apreensão de ocorrer apagões durante a Copa de Mundo. Para os funcionários mais antigos o sistema Paulo Afonso, já passou por momentos mais difíceis em 2002 quando a capacidade do reservatório chegou a 17%. “Foi quando ocorreram os apagões”, lembrou nossa fonte, acrescentando que tudo caminha para está situação em 15 dias, se o nível das águas continuar caindo como vem ocorrendo.

A preocupação de ocorrer os apagões durante os jogos da Copa do Mundo está gerando um estresse dentro da alta cúpula da Chesf, que vem tentando reter o máximo possível de água nos reservatórios não só do Complexo Paulo Afonso como em Xingó e Sobradinho.

Os procedimentos estão sendo realizados de forma discreta e dissimulada para evitar pânico e preocupação a população, principalmente durante os jogos da Copa do Mundo, mas nos bastidores já tem gente recomendando a compra de pequenos geradores de energia, como ocorreu durante os apagões no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.

Uma outra solução encontrada pelos técnicos seria a redução da corrente elétrica gerada, como por exemplo a corrente de 220 volts ficar em 150 volts, o que impossibilitaria o funcionamento de alguns equipamentos eletrônicos como os enormes aparelhos de televisão, computadores, máquinas de lavar roupas e até elevadores.

As usinas termoelétricas podem ser acionadas, mas não suficiente para dar conta da situação e vão custar muito caro para o governo federal, mantê-las funcionando.

Para os técnicos a matriz energética brasileira é baseada nos recursos hídricos, considerado excelente e ecologicamente correto, mas que depende da natureza. No caso das usinas nucleares esses problemas não ocorreriam. Entretanto criou-se em torno da energia nuclear a cultura do medo e hoje o Brasil paga um preço alto por isso.  Já que os apagões tendem a se tornar um fantasma sempre presente cada vez mais, devido a degradação ambiental no rio São Francisco. Tudo isso aliado ao sangramento que vem ocorrendo das água para o chamado uso múltiplo nos diversos canais que estão sendo construídos.

Um outro projeto para tentar salvar o rio São Francisco seria a adução das águas do rio Tocantins, através da construção de um canal. Entretanto essa idéia é rechaçada pelos órgãos ambientais devido ao grande impacto que poderia causar no ecossistema.

Enquanto nada disse acontece, as possibilidades de apagões estarão sempre presentes no Nordeste, região sempre susceptível do fenômeno climático chamado seca.

 

 

Comitê diz que redução da vazão causa danos ambientais

Em audiência pública realizada na Câmara Federal, em Brasília (DF), na última terça-feira, as comissões de Meio Ambiente e a de Desenvolvimento Regional da Amazônia debateram, de forma conjunta, os efeitos da redução das vazões do rio São Francisco à jusante da barragem de Sobradinho e os danos provocados pela baixa defluência do rio. Atualmente, a bacia hidrográfica do Velho Chico sofre os fortes danos provocados pelo nível atual do rio, com efeitos sentidos desde a preservação das espécies das águas até os de ordem econômica.

A Câmara dos Deputados poderá criar uma subcomissão específica para se debruçar sobre as temáticas relacionadas ao Velho Chico, bem como promover mesas redondas pra debate, tanto na própria casa quanto nos estados banhados pelo rio. Antes de se concretizar, as propostas apresentadas pelo presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, deputado Arnaldo Jordy (PPS/PA), precisam da aprovação do plenário legislativo.

Durante a audiência pública, o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, foi um dos expositores da audiência, juntamente com o gerente-executivo do Operador Nacional do Sistema Elétrico (NOS), Saulo Nascimento Cisneiros, e o superintendente da Agência Nacional de Águas (ANA), Joaquim Guedes Gondim. Durante a reunião, realizada no plenário 2 da Câmara, Miranda apresentou um breve histórico das reduções de vazão do rio e uma perspectiva de aumento dos conflitos pelo uso da água na região da bacia.

Miranda apontou para a urgente necessidade de definição de regras claras com vistas à regulação do nível do rio. “Trata-se da defluência como questão emergencial, mas um emergencial que se prolonga e prolonga a agonia de um rio que está no limite de sua capacidade de doação hídrica para a geração de energia elétrica”, afirmou ele. Como forma de evitar que o problema se prolongue, Anivaldo Miranda cobrou o mais completo cumprimento da lei 9.433/97, a chamada Lei das Águas. Dentre outros pontos, a legislação preconiza que a prioridade no uso das águas é para o abastecimento humano.

O argumento de Miranda é o de que as águas do São Francisco têm sido utilizadas como prioridade na geração de energia elétrica, indo de encontro à legislação. “E a baixa vazão atual do rio se reflete também na questão econômica. Cito, como exemplo, a possibilidade concreta do fechamento da última grande empresa de navegação, a Icofort. Outro exemplo está no fato de a companhia de abastecimento de água de Alagoas, a Casal, ter apresentado uma fatura de cobrança pelos prejuízos a ela causados na captação de água para o abastecimento humano”, citou.

 

PACTO

O presidente do CBHSF propôs a articulação do chamado Pacto das Águas, através do qual se estabeleceria a gestão articulada dos recursos da bacia hidrográfica. “O Pacto das Águas é o nosso chamado ‘freio de arrumação’, é o que nós mais queremos, com o objetivo de preservar as águas são-franciscanas”, concluiu Anivaldo Miranda. Ainda no plenário da Câmara Federal, disse que o quadro apresentado no Sistema Cantareira, em São Paulo, é o que acontece no Velho Chico “há muito tempo” e defendeu que o sistema elétrico é quem precisa se ajustar à capacidade do rio e não o inverso.

O gerente-executivo do Operador Nacional do Sistema Elétrico (NOS), Saulo Nascimento Cisneiros, garantiu que o órgão busca fazer as compensações entre as bacias hidrográficas. Questionado pelo deputado Assis Carvalho (PT/PI) sobre a possibilidade de integração de bacias como forma de garantir a vida, Cisneiros se posicionou favorável, mas também cumpriu a sua parte como representante do governo federal e defendeu a transposição das águas do rio São Francisco. Para ele, num futuro muito próximo, a sociedade ainda irá agradecer as obras.

O superintendente da Agência Nacional de Águas (ANA), Joaquim Guedes Gondim, disse que a ANA tem o papel de regular os níveis dos reservatórios. O objetivo, segundo ele, seria o de evitar tanto os períodos de seca quanto os de cheia, reduzindo os danos às populações que moram no entorno de tais reservatórios, mas concorda com a necessidade de definição de regras claras para a gestão das águas do Velho Chico.(Com informações - Assessoria de Comunicação do CBHSF).

 

 

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