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Arthur Lira fecha composição partidária das comissões e arma “arapuca” para governo Lula

PT terá a presidência da mais importante comissão da casa, mas governo será minoria

10/03/2023 17h05
Arthur Lira fecha composição partidária das comissões e arma “arapuca” para governo Lula

O presidente da Câmara dos Deputados, alagoano Arthur Lira (PP), segue articulando a manutenção do seu campo de poder na casa. Em ato divulgado nesta sexta-feira (10), Lira divulgou os espaços de cada partido nas comissões temáticas do parlamento, com destaque para a mais importante delas, a Comissão de Constituição e Justiça.

Em que pese Lira ter garantido ao PT o comando da comissão, o presidente da casa montou um xadrez político que não garante ao governo a maioria dos votos na comissão.

Isso porque, valendo-se da adesão de praticamente todos os partidos da câmara na sua eleição, o alagoano formou um único “blocão” com a presença de 14 legendas. A liderança desse super bloco cabe a Arthur Lira.

Do total de 66 cadeiras da comissão, os partidos da base do governo, a princípio, têm 26, enquanto os partidos declaradamente de oposição têm 19. A federação PSOL/Rede tem mais duas, o que pode elevar o número do governo para 28.

No entanto, para obter maioria nas votações, o governo terá que recorrer a partidos do chamado “centrão” - o PP, com 6 vagas, o Republicanos, com 5, e o União Brasil, que anda indeciso quanto à sua participação no governo, com mais 8. Ao todo, o centrão soma 19 cadeiras.

Vale lembrar que o PP e o União Brasil negociam em estado avançado uma federação partidária, o que torna os votos do União ainda mais atrelados aos progressistas.

Dessa forma, caso Lula não negocie com esse bloco de partidos e ele vote com a oposição, o governo corre o risco de perder votações importantes na Câmara - a CCJ é a comissão por onde passam obrigatoriamente todos os projetos de lei e PECs.

Na prática, Lira tornou o centrão o fiel da balança em votações na CCJ. Se compor com a oposição, chega a 38 votos contra 28 do governo. Se pender para o lado governista, dá uma confortável margem de 47 a 19 pró-Lula.

Lira é um exímio jogador do xadrez político de Brasília. Cumpriu o acordo de entregar a presidência da comissão ao partido de Lula - mas isso não significa entregar ao governo o controle dela.

Aí, o “preço” é outro.

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