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Festa pede inclusão e mundo mais acessível; estão abertos os Jogos do Rio

Por Claudio Barbosa com Globoesporte.com 07/09/2016 22h10
Festa pede inclusão e mundo mais acessível; estão abertos os Jogos do Rio
- Foto: André Durão

Nesta quarta-feira (07), em uma celebração às diferenças, os Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro tiveram início sob um único lema: o coração não conhece limites. Ao passar a ideia de que, mesmo diferentes, somos iguais, a cerimônia de abertura encheu o Maracanã de beleza, poesia e com o ideal de que deficiência não se traduz em inferioridade. A honra de representar um país ainda longe de ser inclusivo coube a Clodoaldo Silva. Ao mudar a imagem do movimento paralímpico do Brasil com uma carreira de conquistas, o nadador se tornou gigante. Nesta noite, ao acender a pira dos Jogos, carregou a mensagem de urgência em busca da inclusão. No total, são 4.314 atletas, de 159 países, na disputa de 23 modalidades.

Michel Temer vaiado

Michel Temer, presidente do Brasil, esteve presente no Maracanã e precisou lidar com protestos e vaias ao abrir oficialmente os Jogos.

Aplausos

A noite também teve a alegria de Shirlene Coelho. Ouro em Londres 2012 e prata em Pequim 2008 no lançamento de dardo, a atleta gingou pelo Maracanã com a bandeira do país e foi a responsável por guiar a delegação brasileira pelo estádio. Outra marca da festa foi a mensagem da ex-atleta Márcia Malsar, que caiu com a tocha e se reergueu sob muitos aplausos do público.

Inclusão

Philip Carven, presidente do Comitê Paralímpico Internacional, foi o protagonista do vídeo de abertura, lembrando o início do esporte paralímpico até a chegada ao Rio de Janeiro. Uma roda de samba formada por ícones como Monarco, Pretinho da Serrinha, Diogo Nogueira e Maria Rita, cercada por sambistas cadeirantes, empolgou o público logo de cara.

O gramado do Maracanã, então, virou uma imensa piscina para que Daniel Dias atravessasse em uma das belas projeções da noite. A piscina se transformou em praia, com um boneco gigante de um vendedor percorresse o palco ao som de “Corra e olhe o céu”, de Cartola. As "areias" do Maracanã foram preenchidas por banhistas, enquanto “Wave”, de Tom Jobim, e “Aquele Abraço”, de Gilberto Gil, na voz de Tim Maia, tocaram ao fundo.

Mais emoção

“Olha o mate, olha o mate”. No discurso dos vendedores, o ritmo intenso do funk carioca, transformando o Maracanã em um imenso baile. O estádio ganhou um pôr do sol ao estilo do Arpoador para que a bandeira brasileira passasse pelas mãos de Roseane Miccolis, filha de Aldo Miccolis, pioneiro do esporte paralímpico no Brasil. Foi a deixa para que o maestro João Carlos Martins fizesse uma bela performance do Hino Nacional ao piano, enquanto dançarinos formavam a bandeira brasileira no gramado.

A entrada das delegações. O palco da festa foi tomado pelos astros do espetáculo. Todos muito aplaudidos pelo público. Ao som de “O Homem Falou”, de Gonzaguinha, a delegação brasileira apareceu para o público e fez o estádio explodir em gritos e aplausos.

Aplausos e protestos

Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Rio 2016, então, falou sobre inclusão e diferenças, sob o lema de todos terem um coração. “Brasileiros não desistem nunca”, disse o dirigente. Ao agradecer o apoio de todas as esferas do Governo, viu o Maracanã se dividir entre vaias e aplausos, interrompendo seu discurso com uma longa pausa.

Por outro lado, Sir Philip Craven, presidente do Comitê Paralímpico Internacional, foi aplaudido ao abrir seu discurso e dar boas-vindas ao "Maraca". Também foi ovacionado ao falar da capacidade dos atletas de fazerem o mundo mais igualitário e ao citar esportistas refugiados. Ao passar a palavra para Michel Temer, que abriu oficialmente os Jogos, viu o Maracanã estourar mais uma vez em vaias contra o presidente. O protesto, porém, foi abafado pelos fogos de artifício e pela música alta.

Outros momentos marcantes:

- Crianças com deficiência, acompanhadas por seus pais, carregaram a bandeira paralímpica.

-Pelas mãos de Antônio Delfino, a chama paralímpica chegou ao Maracanã sob chuva. Dono de três medalhas em Jogos, ele passou a tocha para as mãos de Márcia Malsar, primeira atleta paralímpica do país a conquistar uma medalha de ouro no atletismo, na prova dos 200m rasos, com paralisia cerebral. Muito emocionada, ela se desequilibrou e caiu com a tocha. Amparada, levantou, e o estádio se curvou em aplausos. Depois, sorridente, passou a chama para Ádria Santos, que a entregou para Clodoaldo Silva.

- O Tubarão, como é conhecido, parou diante da escada e reclamou, como em um alerta para os obstáculos das cidades para pessoas com deficiência. A escada se moveu, transformou-se em rampa, e o nadador acendeu a pira olímpica sob muita chuva, para o delírio do público no Maracanã.

-Seu Jorge, então, assumiu o protagonismo e cantou os clássicos "Eu acredito na rapaziada", de Gonzaguinha, e "É preciso saber viver", de Roberto e Erasmo Carlos, para encerrar a cerimônia em uma grande festa dentro do Maracanã.