Alagoas

Programa Sururu das Lagoas é apresentado aos pescadores

Secretaria da Pesca inicia a&ccedil;&otilde;es para desenvolver o cultivo de modo a atender &agrave; comunidade<br />

Por Agência Alagoas 18/02/2012 09h09
Programa Sururu das Lagoas é apresentado aos pescadores
A Secretaria de Estado da Pesca e Aquicultura (Sepaq) vem ampliando ações voltadas à qualificação e sustentabilidade da atividade pesqueira, como a ação de pesquisa experimental em execução no complexo lagunar de Alagoas que constitui o programa Sururu das Lagoas. O programa tem como objetivo desenvolver tecnologia no cultivo do molusco, visando a inclusão social e econômica da população do entorno, por meio do trabalho coletivo e agregação de valor.

O secretário Regis Cavalcante esteve na quinta-feira (16) na Federação dos Pescadores de Alagoas (Fepeal), em frente à Lagoa Mundaú, para esclarecer como o trabalho será desenvolvido e para pedir apoio dos pescadores para a ação.

“O nosso superintendente [de Desenvolvimento da Aquicultura] Edson Maruta e outros técnicos da Secretaria há algumas semanas começaram os estudos in loco com o mapeamento de onde de fato está acontecendo a pescaria, por meio de GPS, e hoje vamos começar a ação propriamente dita”, informou o secretário.

Hoje o sururu é vendido de forma processada – descascada, despinicada e cozida. O molusco chega a essa forma depois de passar por várias etapas, mas como o rendimento do produto final é pequeno, a renda obtida com a atividade é baixa.

“Eles pescam, dão uma pré-lavada, entregam para as mulheres tirar o visgo e elas recebem por lata despinicada. O rendimento é baixo. Elas recebem dos pescadores um latão de 18 litros, entre sururu in natura e lama. Quando está na época boa do molusco, esses 18 litros tornam-se dois quilos do produto final. Na época crítica, das chuvas, além da dificuldade de pescar o sururu, o rendimento se restringe a um quilo, em função da dessalinização da lagoa”, explicou Maruta.

O superintendente destacou que normalmente cada marisqueira consegue fazer no máximo quatro latas por dia. E recebe R$ 3,00 por lata. Para chegar ao mercado, o molusco é cozido. Em seguida, a carne é retirada da casca e o sururu é embalado e repassado ao atravessador, que faz a logística e finalmente chega ao consumidor.

“Se conseguirmos o êxito do programa, teremos um alimento de melhor qualidade, que poderá ser vendido com a concha. E se antes gerava dois quilos processados, ele poderá gerar 16, 17 quilos, em forma de capote. Isso significa um aumento e agregação significativa ao valor do produto”, completou o diretor da Sepaq, Manoel Sampaio.

O programa

Pensando em atender à comunidade que vive do sururu, será testada uma forma de realizar uma aquicultura do molusco, típico de Alagoas. No horário em que os pescadores estão realizando seus trabalhos, entre 3h e 4h da manhã, técnicos da Sepaq irão mapear com GPS onde está ocorrendo de fato a pescaria. Para os especialistas, a pesca atual é muito variável. Hoje se pesca em um local, amanhã em outro e não existe uma investigação de fato.

Por meio de uma coleta de sementes de sururu, colocou-se uma estrutura de cultivo na Lagoa Mundaú semelhante às produções de outras espécies em Santa Catarina e da Espanha, que já são exitosas. Nas lagoas do Estado será uma mistura dos dois processos.

Essa produção é chamada, sistema de meias. Com uma boia, serão esticadas duas cordas até o fundo. Ao longo da corda, serão colocados pequenos sacos vazados para verificar se o sururu cresce naquele ambiente, como aconteceu com outros mexilhões na Espanha e em Santa Catarina.

Segundo análises, é essencial deixar o sururu no seu habitat natural. Feito isso, o experimento segue com os sacos posicionados em várias profundidades. Porque a cada período avaliado, a pesca vai se deslocando. Dessa maneira, será possível descobrir, mensalmente, onde de fato existe a produção. “Não é toda a extensão da lagoa que produz o sururu. Tudo depende da salinidade, profundidade e correnteza da água”, completou o superintendente Edson Maruta.

O sistema de meias é um produto de pesquisa que avalia a densidade, quantidade, qualidade e crescimento do sururu. O secretário Regis Cavalcante salientou que a pesquisa é experimental, mas necessária. “Se em outros lugares deu certo, aqui também pode ser viável. Vamos pesquisar. O objetivo é melhorar a vida desse povo, que tem seu sustento no sururu, mas não tem segurança alguma na pesca dele”, disse o secretário.

Vantagens do programa

A principal vantagem do programa será a regularização do cultivo do molusco. Cultivá-lo para que durante todo o ano seja possível ter uma produção de qualidade e de forma regular. Outra vantagem, segundo os técnicos, é o fato de que, quando se pesca e não se consegue a venda, não será necessário descartar o sururu, jogando-o fora. Pois apenas será vendido o que tiver demanda para fazê-lo. O restante será mantido na água.

Os envolvidos em cada etapa também irão permanecer com seus trabalhos. “Vai precisar limpar, despinicar. Todos que fazem parte do processo estarão lá, porém, com um produto nobre, agregando mais valor ao alimento”, explicou o secretário Regis Cavalcante.