Brasil
Vaquejadas viram "motojadas" e reacendem críticas no Nordeste
Para defensores dos animais, as motos causam uma batalha desleal com o garrote
07/07/2012 09h09
Conhecidas com o “esporte sertanejo”, com milhares de adeptos no Nordeste, as vaquejadas ganharam o incremento de motos em substituição aos cavalos, criaram uma nova modalidade motorizada, a motojada, e reacenderam as críticas de instituições de proteção aos animais, que já criticavam a vaquejada tradicional.
A vaquejada consiste em o vaqueiro usar o cavalo para derrubar o boi, segurando-o pelo rabo, numa pista de corrida. Com a motojada, a tarefa ficou ainda mais cômoda, já que o cavalo deu lugar aos motores de veículos de motocross.
Para defensores dos animais, as motos causam uma batalha desleal com o garrote --que é perseguido numa pista de 150 metros para que o vaqueiro (agora motoqueiro) derrube-o dentro da faixa.
As críticas começaram após o anúncio de uma “motojada” marcada para ocorrer no próximo dia 29, na Fazenda Santo Antônio, localizada entre os municípios de Palmácia (CE) e Pacoti (CE).
A Motojada de Gado dos Ferros deverá ser realizada pela segunda vez, caso não haja impedimento judicial. A “festa para derrubada do boi” promete distribuir R$ 2.000 em prêmios, além de três shows de bandas de forró. A expectativa de público é de dez mil pessoas e mais de 50 competidores.
Mas, no que depender da Uipa (União Internacional Protetora dos Animais) no Ceará, o evento não sairá dos panfletos. A presidente Geuza Leitão de Barros disse ao UOL que fez uma representação ao MP (Ministério Público Estadual) contra a realização da motojada.
Geuza alegou maus-tratos no confinamento do gado no curral e durante a corrida. Uma campanha também foi lançada nas redes sociais para pressionar contra a realização do evento.
Para a Uipa, a prática configura crueldades e infringe a Constituição e a Lei de Crimes Ambientais, já que “neste evento o boi será perseguido por um motoqueiro (em vez de um cavaleiro, também crime), movido a grupos de forró e premiação em dinheiro, prática delituosa que ocorre à custa de crueldade para com os animais usados na arena”.
“O barulho do motor das motos assusta ainda mais o animal, que sai correndo desesperado sem entender o que se passa. Além do mais, o motoqueiro tem muito mais chances do que o vaqueiro em um cavalo de alcançar o boi por conta da potência da motocicleta”, afirmou Geuza.
A presidente da Uipa afirmou que, além da representação, está questionando a liberação do evento por órgãos como Corpo de Bombeiros, Polícia Militar. “Eles são órgãos estaduais e deveriam cumprir a lei de proteção aos animais, não conceder o alvará de funcionamento para ocorrer a motojada. Também vou questionar o Detran sobre a legalidade do uso de motos na pista. Quero que os responsáveis sejam punidos”, disse.
NA MOTOJADA, BOI É PERSEGUIDO POR MOTOCICLISTA
Organização nega maus-tratos
Um dos organizadores da “Motojada de Gado dos Ferros”, Claerton de Abreu Nascimento disse que, apesar das campanhas nas redes sociais, não vai deixar de trabalhar para conseguir a permissão do Corpo de Bombeiros para “garantir a segurança do público e dos animais”.
“Há uma campanha negativa de apostar no fracasso do evento, mas a vaquejada é tradição aqui no Nordeste, e o público gosta de ver coisas diferentes, como as motos em pista. Quem está questionando não sabe que pegamos o gado que estava morrendo de sede e fome no sertão e estamos alimentando-o e tratando-o muito bem”, disse.
Segundo Nascimento, a ideia da motojada cearense surgiu após assistir a um DVD de um evento similar realizado em Pernambuco em 2010. Ele afirmou que motojadas já ocorrem em Pernambuco e Paraíba sem problemas. “No evento realizado em outubro do ano passado, não houve nenhum acidente com motoqueiros, público ou animais.”
Ele disse que alugou 150 animais e pretende devolver todos saudáveis ao dono. “Ninguém iria ceder ou alugar seu gado para que sofresse maus-tratos porque quem lida com animal não admite isso”, disse Nascimento.
“Também os riscos que o motoqueiro corre são mínimos porque 90% dos bois correm mais rápido do que a moto, que demora a arrancar na saída por conta da pista fofa, pronta para o gado cair sem se machucar. Os participantes já acostumados com as duas práticas porque tanto correm vaquejada quanto fazem MotoCross.”
A motojada
As regras da nova modalidade da vaquejada são as mesmas. Numa pista com extensão de 150 metros, o boi, que fica em um curral com outros animais, é solto, e o vaqueiro, em cima de uma moto, sai em investida para segurar o rabo do animal, fazer o manejo de dobrá-lo com uma das mãos e derrubá-lo na linha.
Cada inscrição tem direito a duas tentativas para derrubar um garrote de cada vez. Caso não consiga alcançar o animal ou derrubá-lo fora da faixa, o vaqueiro é desclassificado.
A única regra diferente da vaquejada é que o motoqueiro tem de usar equipamentos de segurança, como capacete, colete, cotoveleiras e joelheiras para se proteger caso haja um acidente durante a corrida para pegar o boi.
A vaquejada consiste em o vaqueiro usar o cavalo para derrubar o boi, segurando-o pelo rabo, numa pista de corrida. Com a motojada, a tarefa ficou ainda mais cômoda, já que o cavalo deu lugar aos motores de veículos de motocross.
Para defensores dos animais, as motos causam uma batalha desleal com o garrote --que é perseguido numa pista de 150 metros para que o vaqueiro (agora motoqueiro) derrube-o dentro da faixa.
As críticas começaram após o anúncio de uma “motojada” marcada para ocorrer no próximo dia 29, na Fazenda Santo Antônio, localizada entre os municípios de Palmácia (CE) e Pacoti (CE).
A Motojada de Gado dos Ferros deverá ser realizada pela segunda vez, caso não haja impedimento judicial. A “festa para derrubada do boi” promete distribuir R$ 2.000 em prêmios, além de três shows de bandas de forró. A expectativa de público é de dez mil pessoas e mais de 50 competidores.
Mas, no que depender da Uipa (União Internacional Protetora dos Animais) no Ceará, o evento não sairá dos panfletos. A presidente Geuza Leitão de Barros disse ao UOL que fez uma representação ao MP (Ministério Público Estadual) contra a realização da motojada.
Geuza alegou maus-tratos no confinamento do gado no curral e durante a corrida. Uma campanha também foi lançada nas redes sociais para pressionar contra a realização do evento.
Para a Uipa, a prática configura crueldades e infringe a Constituição e a Lei de Crimes Ambientais, já que “neste evento o boi será perseguido por um motoqueiro (em vez de um cavaleiro, também crime), movido a grupos de forró e premiação em dinheiro, prática delituosa que ocorre à custa de crueldade para com os animais usados na arena”.
“O barulho do motor das motos assusta ainda mais o animal, que sai correndo desesperado sem entender o que se passa. Além do mais, o motoqueiro tem muito mais chances do que o vaqueiro em um cavalo de alcançar o boi por conta da potência da motocicleta”, afirmou Geuza.
A presidente da Uipa afirmou que, além da representação, está questionando a liberação do evento por órgãos como Corpo de Bombeiros, Polícia Militar. “Eles são órgãos estaduais e deveriam cumprir a lei de proteção aos animais, não conceder o alvará de funcionamento para ocorrer a motojada. Também vou questionar o Detran sobre a legalidade do uso de motos na pista. Quero que os responsáveis sejam punidos”, disse.
NA MOTOJADA, BOI É PERSEGUIDO POR MOTOCICLISTA
Organização nega maus-tratos
Um dos organizadores da “Motojada de Gado dos Ferros”, Claerton de Abreu Nascimento disse que, apesar das campanhas nas redes sociais, não vai deixar de trabalhar para conseguir a permissão do Corpo de Bombeiros para “garantir a segurança do público e dos animais”.
“Há uma campanha negativa de apostar no fracasso do evento, mas a vaquejada é tradição aqui no Nordeste, e o público gosta de ver coisas diferentes, como as motos em pista. Quem está questionando não sabe que pegamos o gado que estava morrendo de sede e fome no sertão e estamos alimentando-o e tratando-o muito bem”, disse.
Segundo Nascimento, a ideia da motojada cearense surgiu após assistir a um DVD de um evento similar realizado em Pernambuco em 2010. Ele afirmou que motojadas já ocorrem em Pernambuco e Paraíba sem problemas. “No evento realizado em outubro do ano passado, não houve nenhum acidente com motoqueiros, público ou animais.”
Ele disse que alugou 150 animais e pretende devolver todos saudáveis ao dono. “Ninguém iria ceder ou alugar seu gado para que sofresse maus-tratos porque quem lida com animal não admite isso”, disse Nascimento.
“Também os riscos que o motoqueiro corre são mínimos porque 90% dos bois correm mais rápido do que a moto, que demora a arrancar na saída por conta da pista fofa, pronta para o gado cair sem se machucar. Os participantes já acostumados com as duas práticas porque tanto correm vaquejada quanto fazem MotoCross.”
A motojada
As regras da nova modalidade da vaquejada são as mesmas. Numa pista com extensão de 150 metros, o boi, que fica em um curral com outros animais, é solto, e o vaqueiro, em cima de uma moto, sai em investida para segurar o rabo do animal, fazer o manejo de dobrá-lo com uma das mãos e derrubá-lo na linha.
Cada inscrição tem direito a duas tentativas para derrubar um garrote de cada vez. Caso não consiga alcançar o animal ou derrubá-lo fora da faixa, o vaqueiro é desclassificado.
A única regra diferente da vaquejada é que o motoqueiro tem de usar equipamentos de segurança, como capacete, colete, cotoveleiras e joelheiras para se proteger caso haja um acidente durante a corrida para pegar o boi.
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