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Teste do Pezinho contribui para reduzir mortalidade infantil, orienta Sesau

 

Por Assessoria 19/07/2013 11h11
Teste do Pezinho contribui para reduzir mortalidade infantil, orienta Sesau
Olival Santos/Assessoria
Exame a ser realizado até o 5º dia após o nascimento, o Teste do Pezinho é decisivo para diagnosticar doenças como Anemia Falciforme, Hipotiroidismo Congênito, Fenilcetonúria e Fibrose Cística. Patologias que podem comprometer o desenvolvimento do bebê e leva-lo à morte, segundo alerta a médica do Programa de Triagem Neonatal da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), Ana Luzia Lopes.

Para evitar que crianças sofram com as sequelas das doenças detectadas através do exame, as mães devem solicitar a sua realização nos municípios onde residem. Isso porque, desde 2001, graças à portaria 822 do Ministério da Saúde (MS), o Teste do Pezinho deve ser ofertado gratuitamente por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

Em Alagoas, existem 584 postos de coleta para o Teste do Pezinho, que estão espalhados em Unidades Básicas de Saúde (UBS) dos 102 municípios do Estado. Desse total, segundo Ana Luzia Lopes, 54 estão localizados em Maceió, e o acesso ocorre por meio do Programa Saúde da Família (PSF).

“O exame é rápido, simples e eficaz, mas muita gente não sabe da sua importância. Chamado também de triagem neonatal, detecta precocemente doenças metabólicas, genéticas e infecciosas, que poderão causar alterações no desenvolvimento neuropsicomotor do bebê ou levá-lo à morte”, explica a médica do Programa de Triagem Neonatal da Sesau.

No entanto, por meio do diagnóstico precoce, os bebês acometidos pela Anemia Falciforme, Hipotiroidismo Congênito, Fenilcetonúria e Fibrose Cística têm mais chances de não sofrerem com as sequelas e de não evoluírem para óbito. Isso porque, segundo a médica, ao detectar o problema até os cinco primeiros dias de vida, o tratamento é iniciado nas primeiras semanas após o parto do bebê, evitando o surgimento de sintomas, sequelas e a evolução para a morte.

O exame – O Teste do Pezinho é realizado por meio de uma furada no calcanhar, que é um local com muitas ramificações de vasos sanguíneos, permitindo uma coleta de sangue rápida e eficiente. O material coletado é enviado para a Casa do Pezinho, em Maceió, situada em prédio anexo à Maternidade Escola Santa Mônica (MESM), onde o exame é realizado e o diagnóstico das doenças é obtido.

“Em caso de se detectar uma das doenças, o resultado é enviado para os pais, que são imediatamente convocados para iniciar o tratamento. Na Casa do Pezinho, os pais são atendidos por assistentes sociais, recebem atendimento psicológico acompanhado dos filhos e, em seguida, as crianças recebem orientação nutricional, pediátrica, endocrinológica, hematológica e neurológica”, informa Ana Luzia Lopes, que nesta quinta-feira (18), reuniu médicos e enfermeiros da 1ª Macrorregião de Saúde, visando capacitá-los sobre o Programa de Triagem Neonatal da Sesau.

Doenças – Responsáveis por causar problemas como as deficiências física e mental, as doenças diagnósticas por meio do Teste do Pezinho incapacitam as crianças já nos primeiros meses de vida, caso o tratamento não seja realizado ainda nos primeiros dias após o nascimento. Entre estas doenças está o Hipotiroidismo Congênito, que atinge um em cada quatro mil nascidos vivos e causa retardo do desenvolvimento físico e mental irreversível, em decorrência da deficiência na produção de hormônio na glândula tireóide. Além de ocasionar atraso do crescimento, ela desencadeia icterícia prolongada, letargia, anorexia, hipotermia e atraso na maturação óssea.

Outra doença também detectada por meio do Teste do Pezinho é a Anemia Falciforme, que afeta um em cada mil nascidos vivos, caracterizando-se pela malformação das hemácias, que assumem forma de foices, dificultando o transporte de oxigênio para o sangue. Tratada nos Hemocentros de Alagoas (Hemoal) e Regional de Arapiraca (Hemoar), a patologia é hereditária, e leva a uma deformação das hemácias, também conhecidas como glóbulos vermelhos.

Situação também semelhante às crianças que são acometidas pela Fenilcetonúria, caracterizada por um distúrbio genético, onde aminoácidos do leite podem prejudicar a saúde do bebê, causando retardo mental, comportamento agitado, agressivo ou padrão autista, presença de convulsão sem causa definida. A doença, que acomete aproximadamente um em cada 10.000 indivíduos nascidos vivos, é caracterizada pelo acúmulo de fenilalanina na corrente sanguínea e aumento da excreção urinária de ácido fenilpirúvico.

Por esta razão, as células tornam-se rígidas ou endurecidas e tendem a formar grupos que podem fechar os pequenos vasos sanguíneos, dificultando a circulação do sangue. Como há vasos sangüíneos em todas as partes do corpo, pode ocorrer lesão em qualquer órgão, como o cérebro, pulmões e rins. A doença é mais comum em indivíduos da raça negra, os portadores assintomáticos são mais de 20% da população, enquanto que no Brasil o índice atinge 8% dos negros. Mas, devido à intensa miscigenação ocorrida no País, a patologia pode ser observada também em pessoas de raça branca ou parda, os chamados afrodescendentes.

Além destas três doenças, o Teste do Pezinho também detecta a Fibrose Cística, que é hereditária e causa o acúmulo de muco denso e nos pulmões, que se acumula no trato digestivo, pulmões e pâncreas, dificultando a absolvição dos alimentos. Entre os problemas que ela acarreta estão retardo no crescimento, dificuldade para ganhar peso normalmente durante a infância, inflamação do pâncreas e infertilidade dos homens na idade adulta.