Educação

Educadores recorrem de decisão e mantêm greve em Arapiraca

Por 7Segundos 04/06/2014 10h10
Educadores recorrem de decisão e mantêm greve em Arapiraca
Protesto da Educação no Centro. - Foto: Angelo Farias/7Segundos

Apesar da pressão que dizem vir sofrendo por parte da Secretaria de Educação, professores e técnicos que trabalham em Arapiraca afirmam que não vão recuar e seguem com a greve, por tempo determinado, que foi deflagrada na última terça-feira (3), e segue até o próximo dia 10.

De acordo c om o diretor educacional do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinteal), André Luiz, a greve tem adesão de mais de 80% da categoria e que o jurídico do sindicato já recorreu à Justiça contra a decretação de ilegalidade da paralisação.

“Na verdade, não vamos recuar porque a categoria está unidade, haja vista que mais de 80% dos educadores, professores e técnicos, paralisaram as atividades. Não há uma nova decisão de ilegalidade para essa greve, que é por tempo indeterminado. O que existe é entendimento do Pleno do Tribunal de Justiça, que julgou a greve que fizemos em abril. Apenas isso. Infelizmente, a secretaria de Educação quis intimidar e esvaziar o comando de greve, mas não conseguiu”, declarou um dos diretores do Sinteal, lembrando que apenas contratados e uma minoria efetiva continuam trabalhando.

Também segundo André Luiz, que está com uma comissão percorrendo as escolas da rede municipal nesta quarta-feira (4). Haverá um grande passeata pelas principais ruas de Arapiraca em defesa da educação do município, nesta quinta-feira (5).

“Vamos nos reunir a partir das 8h em uma tenda na Praça Luiz Pereira Lima, no Centro da cidade, onde faremos uma assembleia para avaliar a greve. Em seguida, seguiremos em passeata para denunciar o descaso do governo municipal com a educação. O movimento está fortalecido com o apoio da categoria”, afirmou o sindicalista.

Denúncia

Técnica administrativa e vice-presidente do Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), a funcionária Micheline Magna Farias procurou a redação do 7Segundos para denunciar a secretária da pasta, Ana Valéia, por perseguição.

“Primeiro, a secretária Ana Valéria tentou nos intimidar fazendo circular documento de greve que não diz respeito a essa paralisação. Agora, mandou funcionários da secretaria para pegar nome de quem não foi trabalhar para colocar falta e perseguir a quem aderiu à greve. Isso é um absurdo. Mas a categoria está unida e vai seguir paralisada até o dia 10, quando encerraremos a greve”, disse Micheline.

O 7Segundos tentou contato com a secretária Ana Valéria, por telefone, mas ela, que está em Brasília, não atendeu nem retornou o contato até o fechamento da reportagem. A assessoria de comunicação da Educação negou que haja perseguição, mas confirmou que os faltosos estão sendo identificados porque, segundo a assessoria, a greve é ilegal e não existe motivo para os professores e técnicos faltarem ao trabalho.

Reivindicações

Entre as principais reivindicações da categoria estão reposição salarial de 8.32%% em cima do piso e 1/3 de reajuste na hora/atividade para Educação Infantil e de 1º ao 5º ano. Atualmente, Arapiraca mais de três mil servidores entre professores e técnicos.

 

Nota da Secretária de Educação

 

 Sensível ao anseios da categoria, a Secretaria Municipal de Educação (SME) continua aberta ao diálogo com os professores e servidores da Rede Municipal de Ensino de Arapiraca, mesmo com as constantes ameaças e paralisações por parte de alguns representantes da classe.

De acordo com a secretária Ana Valéria Peixoto, foram realizadas várias reuniões desde o início do ano letivo, inclusive com o anúncio da redução da carga horária para os professores que lecionam do 6º ao 9º anos do Ensino Fundamental, contemplando uma das reivindicações da categoria.

Ana Valéria adianta que a Secretaria montou um cronograma para o atendimento às outras reivindicações, mas mesmo assim os representantes dos educadores insistiam e ameaçavam paralisar as atividades, prejudicando milhares de alunos.

Por conta disso, no último dia 21 de março, o Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), através de decisão de seu presidente, o desembargador José Carlos Malta Marques, julgou ilegal a greve, decretando o retorno imediato dos professores às salas de aula, bem como o desconto na folha salarial pelos dias parados e a aplicação de multa no valor de R$ 10 mil ao sindicato da categoria.

Contudo, os educadores não respeitaram a decisão judicial e continuaram fazendo uma greve branca, com paralisações uma vez por semana.

Diante disso, a Procuradoria Geral do Município (PGM) acionou com três petições o Tribunal de Justiça de Alagoas, que no último dia 2 de junho, segunda-feira, manteve a decisão anterior, uma vez que não houve qualquer motivo para a revogação da sentença.

No que se refere à lista com nomes de professores, a secretária Ana Valéria esclarece que esse é um procedimento padrão, feito pela direção e supervisão de cada escola, sempre no período letivo, independentemente de qualquer paralisação, que coloca os educadores faltosos sujeitos à decisão judicial que determinou o corte nos salários sobre os dias de greve.

A secretária revela, ainda, que foi agendada uma reunião para o próximo dia 16 de junho, com a categoria, para discutir todas as reivindicações dos professores, que mesmo assim continuam afrontando a decisão da Justiça.

Vale ressaltar que a secretaria continua aberta ao diálogo e convoca os professores para o imediato retorno às aulas, a fim de que possamos continuar trabalhando com harmonia e em defesa da Educação de Arapiraca.