Saúde

Anemia Falciforme: veja cuidados e procedimentos para tratá-la

Por Redação com Agência Alagoas 21/06/2015 14h02
Anemia Falciforme: veja cuidados e procedimentos para tratá-la
Psicólogo Sidney Santos alerta para os cuidados com a doença - Foto: Carla Cleto

Caracterizada como uma doença hereditária, que provoca uma deformação das hemácias (glóbulos vermelhos), afetando, em sua maioria, a população afrodescendente, a Anemia Falciforme já foi detectada em 454 alagoanos. Diagnosticada e tratada no Hemocentro de Alagoas (Hemoal), que é referência no Estado por disponibilizar uma equipe multidisciplinar, a doença causa lesões no cérebro, pulmões e, principalmente, nos rins.

Problemas que acontecem porque as células ficam rígidas ou endurecidas e tendem a formar grupos que podem fechar os pequenos vasos sanguíneos, dificultando a circulação do sangue. Mas, apesar de não ter cura, a Anemia Falciforme, que afeta um em cada mil nascidos vivos, não representa uma sentença de morte ou um problema que inviabiliza a vida dos seus portadores, segundo esclarece a hematologista Verônica Guedes.

Isso porque, no caso dos pacientes atendidos no Hemoal, onde a médica atua, é disponibilizado atendimento hematológico, social, psicológico, fisioterapêutico, nutricional, odontológico e de enfermagem. Serviço que assegura assistência integral e faz os portadores de Anemia Falciforme viverem como àqueles que não possuem nenhuma doença hematológica, uma vez que o tratamento está cada dia mais moderno e, além das transfusões sanguíneas, é acompanhado de medicamentos que amenizam ou impedem o surgimento dos sintomas.

E entre os mais severos, segundo Verônica Guedes, está a anemia, que nos casos mais graves, exige a prescrição de transfusões periódicas, que podem provocar sobrecarga de ferro no fígado e coração, além de inflamação da vesícula biliar, aumento do baço, dores ósseas, articulares, na barriga e infecções de repetição.

“Por isso, a importância de ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar, além de tomar a medicação prescrita corretamente, realizar exames periódicos, ingerir suplementos de ácido fólico e beber muita água e outros líquidos”, orienta a especialista. Ela recomenda que a partir de 2 a 3 anos de idade, é necessário realizar no doppler transcraniano, que identifica o risco de desenvolver um infarto ou AVC.

Sintomas – Seguindo estas recomendações, ainda de acordo com a hematologista do hemocentro alagoano, é possível prevenir problemas mais sérios, a exemplo de dores súbitas; inchaços nas mãos e pés; infecções bacterianas como otite, amigdalite, pneumonia e até meningite; aumento do baço; inflamação da vesícula biliar; ereção involuntária do pênis, conhecida como priapismo, além do Acidente Vascular Cerebral (AVC).

"Já nos quadros crônicos da doença, pode haver retardo do crescimento, cálculo biliar, retinopatia, problemas neurológicos, necroses ósseas e anomalias pulmonares”, enumerou Verônica Guedes.

Caso não seja detectada por meio do Teste do Pezinho, disponibilizado gratuitamente em 705 unidades públicas espalhadas por todo o Estado, a doença pode ser diagnosticada geralmente após os seis primeiros meses de vida, quando surgem os primeiros sintomas. Neste período, as crianças tendem a sofrer de infecções e dores nas pernas, braços e barriga, palidez e inchaços nas mãos e pés, além de icterícia, caracterizada pela cor amarelada no branco dos olhos.

É nesse momento que os pais costumam procurar orientação de um pediatra, que o encaminha para Hemoal, onde um hematologista realiza uma consulta e, por meio do exame eletroforese de hemoglobina ou de DNA, a Anemia Falciforme é detectada. E como a doença é mais comum entre os afrodescendentes, os portadores assintomáticos são mais de 20% da população mundial, segundo apontam estudos realizados por hematologistas.

No Brasil, o índice atinge 8% dos afrodescendentes, como é o caso do psicólogo Sidney Santos, que não foi submetido ao Teste do Pezinho quando bebê, o que fez seus pais enfrentarem dificuldades para detectar a doença.

“O fato de não realizar o exame nos primeiros dias de vida causou sérios problemas à minha saúde. Mesmo assim, faço acompanhamento sistemático no Hemoal desde os meus primeiros meses de vida e consigo levar uma vida normal, como qualquer outro jovem da minha idade. Mas para isso compareço as consultas regularmente, tomo as medicações corretamente, cuido da alimentação e faço sessões de fisioterapia, quando necessário”, relata.

Prevenção – Como a doença é hereditária, a hematologista Verônica Guedes recomenda que, antes de planejar ter um filho, os casais realizem o aconselhamento genético, em que será verificado se o homem ou a mulher possui o traço falciforme, que pode gerar um filho com a doença. No caso dos pais que possuem o traço falciforme, os filhos têm 25% de chances de terem a doença, 50% de serem normais e outros 25% de serem normais.