Arapiraca

Bandas de pífano percorrem comunidades rurais

Por 7 Segundos 26/12/2015 12h12
Bandas de pífano percorrem comunidades rurais
- Foto: Cortesia

Com toda tecnologia e modernidade dos tempos atuais uma tradição presente na zona rural das cidades do interior resiste bravamente: As bandas de pífano que percorrem as estradas de terra arrecadando prendas para os leilões das festividades religiosas.

No Agreste alagoano encontramos uma dessas bandas na comunidade Fernandes, zona rural de Arapiraca. Com o som característico do pífano, da zabumba e do triangulo, os instrumentistas chamam a atenção da comunidade. Na frente da banda duas ou três mulheres carregam a santa e arrecadam as prendas. As prendas da comunidade geralmente são alimentos e animais, que vão desde galinhas, carneiros e até bois. Tudo que é arrecadado vai para o leilão que acontece durante as noites de festividades religiosas.  E o dinheiro arrecadado no leilão é destinado para as obras da igreja da comunidade.

Sob o sol escaldante do meio-dia a agricultora Cícera Maria, 65 anos usa um pano vermelho da cabeça para proteger-se do sol, mas nem o cansaço nem o calor quase que insuportável tiram a determinação de percorrer várias quilômetros entres as comunidades rurais para arrecadar os donativos. “Eu sigo essa tradição desde pequena acompanhando meus avós, pais e agora continuo preservando a mesma tradição cultural”, afirmou a agricultora.

Dona Cícera lamenta que nos dias atuais poucos são os jovens que acompanham as bandas de pífano para arrecadar as prendas para os leilões das igrejas e teme que cada vez mais essa tradição se perca no tempo. “Os jovens de hoje só querem saber de internet, de computador. Se as escolas não tiverem interesse de ensinar os costumes culturais eu temo que essa tradição se acabe”, lamentou.

Sustento 

A maioria dos tocadores de pífano nasceu com o dom de tocar o instrumento  mesmo sem nuca ter recebido alguma orientação técnica. E o dom natural acabou virando para muitos deles  a única fonte de sustento da família.

Seu Rosalvo Gregório Neto, 75 anos, disse que  desde os 18 anos toca o instrumento  profissionalmente e foi sustentou a família tocando pífano em Alagoas e até fora do estado.

 "Eu toquei muito em festas religiosas de Arapiraca e de várias cidades do Sertão alagoano. Na minha época essa tradição era tão forte que fui até tocar em alguns municípios pernambucanos" , afirmou. 

Ele disse que atualmente não há tantos chamados para tocar em festas e a maioria dos pifeiros vai aos eventos que aparecem pelo prazer de tocar o instrumento. 

O Pífano

Pífano, pífaro e pife. Um instrumento de influência indígena feito de taboca ou taquara (espécie de bambu) com sete orifícios, um para soprar e seis para dedilhar. Também confeccionados em canos de PVC ou de metal. É difícil acreditar como um instrumento tão simples é capaz de produzir uma música tão rica e bela, animar festas, procissões e ainda ser o sustento de muitos músicos no nordeste e em outras regiões do Brasil e do mundo.

No Brasil é no nordeste onde se concentra a maior tradição das bandas de pífano. São verdadeiros patrimônios imateriais de musicalidade. Os pífanos artesanais, tantos os de bambu como os de PVC (cano de plástico), são confeccionados muitas vezes pelos próprios mestres pifeiros.