Alagoas

Justiça emprega técnica da Constelação Familiar na solução de conflitos

Por Redação com TJ/AL 15/03/2016 20h08

 Desde o final do ano passado, o Poder Judiciário de Alagoas vem empregando em audiências de conciliação a técnica da Constelação Familiar. Criado pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger, o método consiste em ouvir as partes, coletando informações pessoais que possam identificar a origem dos conflitos.

    Por meio da técnica, o conciliador percebe a história que cerca o indivíduo, sua relação com os pais e avós, por exemplo, assim como tragédias e emoções escondidas. “Para o magistrado conciliar, mediar e entender o que está acontecendo, muitas vezes é necessário se despir da toga para que ele encurte a distância entre as partes e ganhe confiança”, explicou o juiz Yulli Roter Maia.

    Ainda segundo o magistrado, todas as audiências em que o método foi empregado, no Judiciário de Alagoas, obtiveram acordo. Uma delas, realizada nessa segunda-feira (14), no Fórum da Capital, conseguiu evitar o divórcio do seu Zezito de Andrade, 58 anos, e da dona Josefa Justino, de 60 anos.

    “Meu marido deu entrada no divórcio porque é muito aperreado, mas ele não consegue ficar longe de mim e eu cuido e gosto dele também”, disse dona Josefa. “Vou pedir a Deus paciência para que ele me entenda e eu venha a entendê-lo”, completou. Seu Zezito saiu da audiência emocionado. “Estava nervoso no começo, mas agora estou feliz. Foi muito bom”, disse.

A audiência foi conduzida pelo juiz Yulli Roter, no Centro Judiciário de Solução de Conflitos (CJUS), no Barro Duro. Participaram ainda o magistrado Cláudio José Gomes Lopes e a psicóloga Maria Aragão.

    “A gente toca coisas profundas, as pessoas vivenciam uma emoção muito forte. É importante que nós, juízes, tenhamos uma visão mais humana porque o objetivo não é solucionar processos, mas solucionar conflitos entre as pessoas”, destacou Yulli Roter.

    O desembargador Domingos de Araújo Lima Neto, do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Njus), compartilha dessa ideia. “O Judiciário não deve se preocupar apenas com as demandas, mas principalmente com as pessoas”. Segundo ele, os casos que são submetidos ao método da Constelação Familiar são aqueles que não obtiveram acordo por meio das técnicas tradicionais de conciliação e mediação.

    “É algo ainda recente que queremos expandir na Justiça de Alagoas. Esse modelo já é usado na Bahia, no Pará e em outros Estados e vem obtendo resultados positivos”, avaliou.