Agreste

História de Coité do Nóia está atrelada a escravidão no Agreste alagoano

Por 7 Segundos 18/06/2016 12h12

A cidade de Coité do Noia, localizada no Agreste alagoano, possui uma das mais ricas histórias socio-culturais do interior do estado, mas infelizmente o conteúdo acabou quase se perdendo com o passar dos anos.

Apesar de sua Emancipação Política ser datada no ano de 1963, a história do município agrestino pode ser contada tomando como base dados de pelo menos 150 anos antes e está diretamente atrelada a história da escravidão no país.

Muitos moradores acreditam que a família Nóia, fundadora do município, era de escravos. Mas a informação é contestada pelo historiador Ademir Cezário, formado pela Universidade Estadual de Alagoas (Uneal).

"Na verdade, a família Nóia era muito rica e dona de um grande número de escravos no século XIX", relatou Ademir, que utilizou a história de Coité do Nóia como estudo para seu Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado em 2014.

Ainda segundo o pesquisador, a história dos "Nóia" acabou se perdendo durante os tempos porque a família teve seu sobrenome alterado por motivos ainda desconhecidos, passando a se tornar Costa e  também Mello.

As provas de que a família Nóia era rica, possuidora de terras e escravos e que se fixou em Coité no início do século XIX estão em um documento de transcrição de dote, registrado em 5 de julho de 1827.

No documento, Joaquim de Santa Anna Noia e sua esposa Anna Rosa deram um dote a Basílio Estevão da Costa no dia 05 de junho de 1827 no sítio Coité para que o mesmo casasse com sua filha Anna D’Anunciação e Silva. O valor do dote configura o poder e a posição social da família Nóia na região.

Basílio Estevão da Costa recebeu uma parte de terras no sítio Coité partindo para o sítio Cruzes, dois escravos, dezesseis vacas, um cavalo selado, um tacho, um candeeiro de latão, quantia em dinheiro, ouro e prata, totalizando um montante de 1:0001$000 (um conto e um mil réis).  

Confira uma das listas de escravos que eram de posse dde Basílio Estevão no século XIX: