Política

OAB de Pernambuco emite nota de repúdio à música cantada em ato pró-Bolsonaro

Por 7segundos 24/09/2018 15h03
OAB de Pernambuco emite nota de repúdio à música cantada em ato pró-Bolsonaro
OAB de Pernambuco emite nota de repúdio - Foto: Reprodução/Instagram

A OAB do estado de Pernambuco, através da Comissão da Mulher Advogada (CDMA)  se pronunciou, nesta segunda-feira (24), em nota de repúdio, após polêmica na “Marcha da Família com Bolsonaro", ocorrida no final de semana.

No evento, uma das músicas mais cantadas do alto do trio elétrico da passeata foi uma paródia ofensiva da música “Baile de Favela”, que ataca mulheres de esquerda, com trechos como: “Dou para CUT pão com mortadela e para as feministas, ração na tigela. As mina de direita são as top mais belas enquanto as de esquerda têm mais pelos que as cadelas”.

No pronunciamento, assinado pela Presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB PE Ana Luiza Mousinho,  o orgão ressalta que atitudes como essa "incitam o ódio, a violência e o preconceito" e destaca a importância da liberdade de expressão.

Confira a nota na íntegra:

 

Nota de repúdio - Música ofensiva às mulheres na Marcha da Família do candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro no Recife

A Comissão da Mulher Advogada (CDMA) da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Pernambuco, manifesta seu profundo repúdio a uma das músicas cantadas neste domingo (23.09) durante a “Marcha da Família” do candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro, que aconteceu no bairro de Boa Viagem, na cidade do Recife.

A letra, entoada em coro, afirma que às feministas deve ser dada “ração na tigela” e que as mulheres “de esquerda têm mais pelo que cadela”. Os estarrecedores trechos da música acima transcritos reduzem as mulheres à condição análoga de seres irracionais e incitam o ódio, a violência e o preconceito contra aquelas que se reconhecem feministas e/ou que têm orientação política diversa do aludido candidato.

Em tempos em que, a cada dois segundos, uma mulher é vítima de violência física ou verbal no Brasil, segundo dados do Relógios da Violência do Instituto Maria da Penha, não se pode admitir que, sob o manto da liberdade de expressão, qualquer partido político, seja ele de direita ou de esquerda, ofenda publicamente uma coletividade de mulheres, reforçando a cultura machista e misógina que, infelizmente, ainda insiste em matar muitas mulheres todos os dias.

Ana Luiza Mousinho

Presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB PE.