Geral

Crise na Amazônia fica mais internacional e pode envolver pacto na ONU

Reunidos na França, cúpula do G7 decide ajudar Brasil e países da região a combater queimadas e desmatamentos; Colômbia vai propor pacto às Nações Unidas

Por Veja 26/08/2019 08h08
Crise na Amazônia fica mais internacional e pode envolver pacto na ONU
Manifestante empunha cartaz em defesa da Amazônia durante protesto no Rio de Janeiro - Foto: (Claudia Martini/Futura Press/Folhapress)

O domingo, 25, terminou com a questão da Amazônia ganhando ainda mais contornos internacionais, com uma promessa de ajuda do G7 a todos os países da região, com o apoio de Israel ao governo brasileiro e com o anúncio pelo governo da Colômbia de levar à Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) em setembro a proposta de um pacto regional pela preservação da região.

Líderes do G7 reunidos em Biarritz, na França, disseram que estão se preparando para ajudar o Brasil a combater incêndios e reparar os danos na região amazônica. O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que os integrantes da cúpula estavam chegando a um acordo sobre como apoiar o país e que o acordo envolveria mecanismos técnicos e financeiros “para que possamos ajudá-los da maneira mais eficaz

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse que seu país e outros do G7 vão conversar com o Brasil sobre reflorestamento na Amazônia assim que os incêndios cessarem. “É claro que é território brasileiro, mas temos a questão das florestas tropicais que é realmente um problema global”, disse ela. “O pulmão de toda a Terra está afetado e, portanto, precisamos encontrar soluções comuns.”

O papa Francisco também acrescentou sua voz ao coro de preocupação com os incêndios no Brasil e pediu que as pessoas a orem para que “sejam controladas o mais rápido possível”. Na Praça de São Pedro, no Vaticano, o religioso disse que o mundo todo está preocupado com as queimadas e alertou que a Amazônia é “vital para o nosso planeta”.

O presidente da Colômbia, Iván Duque, afirmou neste domingo que levará à ONU a proposta de um acordo envolvendo todos os países que são cobertos pela Floresta Amazônica, em resposta aos incêndios que consumem a maior floresta tropical do mundo.

“Queremos liderar entre os países que têm esse território amazônico um pacto de conservação que será levado à Assembleia das Nações Unidas em setembro”, disse o presidente em um evento público em uma comunidade indígena na Isla Ronda, departamento do Amazonas, limítrofe de Peru e Brasil.

A Floresta Amazônica é compartilhada por Brasil, Colômbia, Bolívia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, assim como a Guiana Francesa, um departamento ultramarino da França. “Nós não temos neste momento uma situação de incêndios como a que o Brasil vive, mas devemos nos prevenir também”, acrescentou Duque. Antes de levar a proposta à assembleia das Nações Unidas, o presidente colombiano apresentará o pacto à reunião do gabinete binacional do qual participará na próxima terça-feira com o presidente peruano Martín Vizcarra na cidade de Pucallpa, no Peru.

Enquanto isso, o presidente da Bolívia, Evo Morales, disse, também neste domingo, que gostaria de receber ajuda para combater os incêndios florestais no país, que queimaram mais de 745 mil hectares de terra na região de Chiquitania, na divisa com o Paraguai, e 100 mil hectares em Beni, na Amazônia boliviana. Em uma entrevista coletiva, ele afirmou que havia aceitado ofertas de assistência dos líderes da Espanha, Pedro Sánchez, Chile, Sebastián Piñera, e Paraguai, Mario Abdo.

Já o presidente Bolsonaro aceitou o apoio de Israel. Em sua conta no Twitter, ele afirmou que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reconhece os “esforços do Brasil no combate aos focos de incêndio na Amazônia”. “Aceitamos o envio, por parte de Israel, de aeronave com apoio especializado para colaborar conosco nessa operação”, escreveu, após falar por telefone com Netanyahu.

G7

O fim de semana que, a princípio, poderia ser bastante negativo para Bolsonaro no encontro dos sete países mais ricos do mundo, o G7, em Biarritz, na França, terminou melhor do que o brasileiro esperava. Principal crítico da atuação brasileira na questão, o presidente francês, Emmanuel Macron, foi quem levou o tema à reunião, mas sua proposta de suspender o fechamento de acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul por conta da questão não encontrou guarida entre os demais líderes.