Cultura

Confaa: página criada para reunir amigos fica ainda mais popular na pandemia

Confraria surgiu para reunir arapiraquenses e amigos que moram em outras cidades

Por Patrícia Bastos/ 7Segundos 25/07/2020 12h12 - Atualizado em 25/07/2020 12h12
Confaa: página criada para reunir amigos fica ainda mais popular na pandemia
Antes da pandemia, membros da Confaa socializavam em encontros - Foto: Confaa

Quem é de Arapiraca e tem acesso às redes sociais, com certeza segue ou pelo menos já ouviu falar na Confaa, a Confraria Filhos & Amigos de Arapiraca. Os perfis no Facebook e Instagram que ficaram conhecidos com a publicação de fotos antigas de moradores de Arapiraca, se tornou ainda mais popular com as postagens com notas de falecimento e também notas de comemoração das pessoas que conseguiram se recuperar da Covid-19, além de pedido de orações pelas pessoas que estão enfrentando a doença.

“A quantidade de notas de falecimento que eu fazia já estava me deixando para baixo. Muitas pessoas me procuravam e eu não podia deixar de atender. Já estava muito triste com a morte do Malaquias, que era meu amigo, e quando a irmã dele ligou para mim dizendo que outro irmão também tinha falecido, aquilo me deixou muito mal. Comecei a mexer no telefone e fiquei sabendo de uma pessoa que tinha se recuperado. Perguntei a ela se podia publicar a informação e ela deixou. A partir daí as pessoas passaram a mandar mensagens também de quem enfrentou a doença e conseguiu se recuperar”, conta José George de Oliveira, ou Geo, como é mais conhecido, o proprietário dos perfis da Confaa nas redes sociais.

Atualmente, as mensagens que mostram pessoas que se recuperaram da doença tiraram o ar fúnebre do perfil, e de acordo com Geo, isso tem tido um efeito positivo nas pessoas. “Algumas pessoas me diziam que ao ver tantas notas de falecimento estavam com um medo excessivo, achavam que se ficassem doentes, iriam morrer. Mas agora sabem que é possível se recuperar, que muitas pessoas se recuperam. Isso dá esperança”, conta.

Muito além do que informar sobre quem se recuperou, quem morreu e quem precisa de doações, a Confaa foi criada em 2017 com o objetivo de publicar as fotos dos encontros promovidos por Geo em sua residência em Maceió. O arapiraquense, que há 15 anos se mudou para a Capital para tocar sua empresa, a VG Web, manteve o hábito de socializar nos finais de semana com os amigos, também como ele, arapiraquenses morando em Maceió.

A partir daí ele passou a organizar encontros, com música ao vivo apresentada por artistas de Arapiraca, que algum tempo depois passaram a lotar a residência onde ele mora, reunindo uma média de cem pessoas. “Muitas vezes, depois da festa, pessoas ficavam chateadas comigo porque não tinham sido convidadas, mas eu não tenho como colocar uma quantidade maior de pessoas na minha casa, e o objetivo desses encontros não é ganhar dinheiro. Aliás, nós somos uma entidade sem fins lucrativos e quando promovemos eventos em locais maiores, o dinheiro arrecadado vai para instituições de caridade”, afirmou.

Além dos “pequenos encontros” em casa, Geo passou a promover eventos maiores, como o Encontro da Jovem Guarda, que já foi realizado tanto em Arapiraca como em Maceió, e encontros com a turma do futebol amador, que passou a ter data fixa: segundo domingo de dezembro. A pandemia acabou adiando vários planos de encontros que ele estava articulando, como o dos ex-alunos do Instituto São Luiz, o dos moradores do bairro Cacimbas - onde ele morava antes de se mudar para Maceió; e dos moradores da comunidade do Canaã, com o objetivo de ajudar a igreja.

A Confaa já estava planejando até mesmo o segundo encontro em São Paulo, que deveria acontecer no Centro de Tradições Nordestinas, para poder reunir um número maior de pessoas. “Um tempo atrás fui visitar meu filho que mora em São Paulo e lá acabamos reunindo alguns arapiraquenses que moram na região. Até o Dinho do Cinema foi. Ele estava em São Paulo e por coincidência nos encontramos um dia antes do encontro”, relata.

A página do Facebook foi criada depois que os amigos dele passaram a insistir na publicação das fotos dos encontros na internet. Depois, quando alguém pedia, ele publicava mensagens de aniversário. Os amigos passaram a enviar para eles fotos antigas e assim foi ganhando popularidade. Atualmente o perfil na rede social tem quase 30 mil seguidores, enquanto o do Instagram, criado depois, já reúne quase 8 mil, 75% deles nos últimos meses. “Acho interessante porque o Instagram geralmente é utilizado pelas pessoas mais novas, e elas também estão se interessando pelas nossas postagens”, afirma Geo.

Ainda assim, o empresário continua administrando os perfis e também um site e uma coluna da Confaa em um jornal impresso sozinho, enquanto ainda dá conta de sua empresa. “É trabalhoso, mas tenho muito prazer em fazer. Nunca tive a intenção de fazer da Confaa um meio de vida, mas do jeito que está crescendo, é possível que daqui um tempo eu busque algum tipo de apoio, para poder pagar alguém para me ajudar. É difícil trabalhar e ainda manter tudo atualizado à medida que as pessoas me mandam informações. Às vezes acabo demorando um pouco para postar e tem gente que reclama”, conta.

Zé Arapiraquinha


Não dá para falar na Confaa sem falar no “Zé Arapiraquinha”, com seu boné verde e camisa do ASA, que aparece em grande parte das postagens. O mascote foi um presente e se tornou mais famoso que a logo original da confraria, que traz um pé de arapiraca.

“O mascote foi um presente do arapiraquense Bezerra Franklin. Ele é cartunista, mora em Aracaju (SE) e é fã do Confaa. Ele já fez várias versões para a gente”, declarou.

A Confaa atualmente não se limita a fazer coluna social ou divulgar informações de pessoas que contraíram Covid-19 em Arapiraca. As páginas frequentemente postam pedidos de ajuda para doação de sangue, além de divulgar pequenos negócios locais.

“Eu mesmo peço àquelas pessoas que conheço que me mandem a postagem sobre o negócio ou serviço que elas prestam para ajudar na divulgação. A Confaa é para isso também, para ajudar as pessoas. Já vi amigos que tinham perdido o contato e que conseguiram se reencontrar e retomar a amizade, e vários dos grupos que criei para organizar os encontros hoje já são independentes. Eu me sinto muito realizado com tudo que já conseguimos”, ressaltou Geo.