A ocupação irregular de um terreno com aproximadamente 200 metros de extensão no Residencial vale do Perucaba, em Arapiraca, está causando incômodo em parte dos moradores que alegam que o local era utilizado como área de lazer pelas crianças para jogos de futebol. De acordo com a denúncia, feita de forma anônima ao Portal7Segundos Arapiraca, o terreno estaria sendo utilizado para a construção de uma mini chácara e de uma igreja.

A reportagem do Portal7Segundos esteve no local para apurar o fato e constatou que no espaço do referido terreno há um circo desmontado que pertence ao filho de uma moradora do conjunto Vale do Perucaba que reside em frente ao terreno.

Circo desmontado que pertence a filho de moradores do conjunto residencial ocupa área do terreno no Vale do Perucaba. Foto: Giovanni Luiz - 7Segundos

Circo

Maxwell Ávila, dono do circo “Danoninho”, disse à reportagem que se instalou no terreno no início da pandemia, em 2020, e teve que permanecer com o circo no local sem poder viajar para outras cidades por causa dos protocolos de segurança que impedem a realização de eventos com aglomeração de pessoas. “Somos 9 pessoas aqui no circo contando com as crianças e sequer recebemos a auxílio financeiro do governo para nos manter, por isso viemos aqui para perto da casa de meus pais, mas assim que os espetáculos forem libertados a gente vai embora”, disse o proprietário do circo.

Marta Helena Ávila, mãe do dono do circo, mora no residencial desde que o Vale do Perucaba foi construído há 5 anos e disse que a intenção da família não é se apossar do terreno. O marido de Marta Ávila também já trabalhou em circo. Trata-se do Palhaço Garrafinha, como ele se apresentou à reportagem.

Garrafinha disse que antes da chegada do circo do filho, utilizava parte da área do terreno como espaço de trabalho onde realizava serviços de serralharia. Ele conta que após a chegada do circo, teve que cercar o local com arame farpado para proteger o material e equipamentos do circo e também para proteger o próprio terreno, que segundo Garrafinha, era utilizado como depósito de lixo pela vizinhança que agora joga o lixo em uma área próxima. Garrafinha disse ainda que continua utilizando parte do espaço do terreno para armazenar material utilizado para reciclagem, que seria também fonte de renda para a família.

Igreja

Sobre a igreja, garrafinha contou que fechou uma parte do terreno com tijolos para utilizar o local como espaço para celebrações religiosas, mas com a pandemia,isso não foi possível e o local permaneceu fechado, explicou Garrafinha.

Área construída dentro do terreno utilizada como espaço religioso para celebrações. Foto: Giovanni Luiz - 7Segundos  

Garrafinha contou ainda que ele mesmo construiu um campinho de futebol no local para a criançada do Residencial se distrair, mas ele mesmo desfez o campo porque o jogo de bola estava dando muita confusão, disse. O Palhaço Garrafinha falou também que até plantou algumas árvores frutíferas de pequeno porte no local com a intenção de transformar o lugar em área verde. “Eu acredito que estamos protegendo o terreno porque o local estava abandonado, mas, assim que a prefeitura ou algum outro órgão desejar, nós desocupamos o local porque não queremos tomar posse de algo que não é nosso”, afirmou Garrafinha.

Campinho

O terreno onde havia o campinho de futebol foi cercado por um outro morador com estacas e arame farpado. José Roberto Pereira mora em frente ao terreno e decidiu cercar o local porque a vizinhança, frequentemente, jogava lixo no local que segundo ele, estava abandonado e servia como ponto para consumo de drogas e até de esconderijo de produtos de furtos.

Área do terreno cercada com arame e estacas. Foto: Giovanni Luiz - 7Segundos

“Ninguém tinha sossego aqui com essas pessoas que até zombavam da gente, faziam o que queriam, usavam drogas e até escondiam objetos de roubo por trás do muro em frente, eles passavam pelo buraco e ficavam escondidos lá, era um perigo e também tinha muito lixo e muitos insetos, por isso cerquei tudo”, alega o morador José Roberto.

Ao longo de sua extensão, o terreno permanece dividido e cercado com arame, como se fossem pequenos lotes de terra, utilizados para a plantação de pequenas culturas e também como baia de animais.

Local onde a vizinhança passou a jogar o lixo após ocupação do terreno, segundo moradores. Foto: Giovanni Luiz - 7Segundos 

Quem é o dono

A equipe de fiscalização da prefeitura, lotada na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente fez levantamentos junto ao cadastro imobiliário e constatou que, de fato, se trata de uma área pertencente à Prefeitura de Arapiraca que informou ainda que os técnicos responsáveis pelo setor foram até o local para identificar os responsáveis pela ocupação irregular.

Feitos os levantamos internos e externos, a fiscalização retornará ao local para efetuar as notificações, autuações e embargos, e a solicitação para que desocupem as áreas públicas, conforme for a necessidade de cada caso.