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Maria de Sena, mais de um século de vida com vitalidade, alegria e gratidão

Aos 106 anos, dona Maria de Sena diz que tem uma missão de vida : fazer as pessoas sorrirem

Por Vilceia Melo 14/05/2023 07h07 - Atualizado em 15/05/2023 06h06
Maria de Sena, mais de um século de vida com  vitalidade, alegria e gratidão
Maria de Sena, mais de um século vividos com vitalidade, alegria e gratidão - Foto: 7Segundos

Quem conhece Dona Maria Sena de Lira se encanta com sua alegria e bom humor. Com mais de um século de vida tem uma vitalidade e memória impressionantes, de fazer inveja a qualquer um de nós. Neste domingo (14), em homenagem ao Dia das Mães, o 7Segundos foi até o povoado Carrasco, onde ela mora atualmente, para ouvir histórias que esta simpática senhora vivenciou durante os 106 anos de vida.


Nascida em 01 de março de 1917, Maria Sena é natural de Major Izidoro,no Sertão alagoano. Sendo a caçula entre os oito irmãos, quando tinha por volta de 7 anos de idade, foi retirada dos pais  para ser criada por outra família. Ela relata como ocorreu esse momento em sua vida. 

"Um sobrinho do meu pai era bandido e meu pai foi preso pela polícia com a intenção de que ele soubesse informar algo. Minha mãe saiu de casa e foi com os oito filhos tentar falar com o coronel Lucena pra soltar meu pai. O coronel Lucena Magalhães era um homem muito conhecido por ter participado da logística que organizou a volante que matou lampião e seu bando. Ele olhou para minha mãe e disse que soltava o meu pai se ela me entregasse para ele criar",  contou.

Maria Sena de Lira afirmou que o coronel Lucena levou ela para morar com ele e a esposa em Maceió, na Capital do estado. Mas ele viajava muito devido à caçada ao cangaceiro mais fomoso do Brasil. E em função dessa ausência de casa , ele acabou se separando da primeira esposa. Então, coronel Lucena ela Maria de Sena para Água Branca, no Sertão alagonao ser criada por um amigo dele, o juiz de direito Miguel Torres. 

Dessa fase em que morou em Água Branca, Maria de Sena  relembra que morava em um sobrado com a família do juiz  e presenciou a invasão do bando de lampião na casa da Baronesa de Água Branca.

"Eu e as filhas do Dr. Miguel Torres ficamos de cima do sobrado ouvindo a bala zuando e a gente gritando. O barão já tinha morrido e a baronesa tava paralítica em cima de uma cama. Lampião entrou e roubou todas as joias dela", relembrou.

Aos 12 anos de idade, Maria de Sena deixou Água Branca e voltou a morar com os pais, na cidade de Major Izidoro. Trabalhou na roça ajudando a família e aos 19 anos fugiu pra Garanhus onde se casou , em 1935. Um período que também ficou marcado na lembrança.  

"Eu só vestia preto em memória à morte de Padre Cícero, que aconteceu em 1934. Só tirei o luto pra me casar", contou.


Teve dez filhos e morou em Garanhuns até 1960, quando saiu de lá para viver em Arapiraca onde fixou residência ate os dias atuais. Ela conta que já tinha vindo à cidade agrestina  com o pai dela quando eu pequena e relembra da praça Manoel André, onde só existia uma grande árvore frondosa que os homens que chegavam para fazer compra no pequeno comercio local,  amarravam os cavalos. 

Em Arapiraca, trabalhou nas lavouras de fumo, mas também exerceu outras profissões como  parteira, lavadeira e engomadora de roupas. Viveu a vida sempre com muita disposição, alegria e gratidão. Ela se orgulha de nunca ter feito inimizades durante toda sua trajetória.

Maria de Sena  termina a entrevista afirmando que é uma mulher feliz e que veio neste mundo com uma missão de vida que serve de reflexão para todos nós.

"Eu faço tudo no mundo para uma pessoa dá uma risada. Ter cara feia é uma doença", finalizou.