Polícia

Pai de Marcelo Leite desabafa após investigados pela morte de seu filho serem promovidos pela PM

Abordagem que resultou na morte do empresário arapiraquense aconteceu em novembro de 2022

Por 7Segundos 30/08/2023 07h07 - Atualizado em 30/08/2023 07h07
Pai de Marcelo Leite desabafa após investigados pela morte de seu filho serem promovidos pela PM
Pai de Marcelo Leite desabafa após investigados pela morte de seu filho serem promovidos pela PM - Foto: Reprodução

O empresário Thalles Shilmaney Leite utilizou as redes sociais para expressar toda sua dor após receber a notícia de que três policiais investigados por participação na morte do seu filho foram promovidos pela Polícia Militar de Alagoas (PM/AL). Marcelo Leite foi alvo de disparos de arma de fogo após, supostamente, furar um bloqueio policial em novembro de 2022.

Em um comentário no perfil "Justiça por Marcelo" no Instagram, Thalles fala sobre a indignação da família, mesmo sabendo que a promoção se deu por tempo de serviço.

"Sempre em minhas orações, peço a Deus que conserve livre meu coração e o da minha família de sentimentos de ódio e revolta. Mas há certos acontecimentos que abalam emocionalmente o que já está profundamente abalado. Ao ver essa notícia da promoção desses rapazes não há como não ficar profundamente indignado. Ainda que seja uma promoção baseada em tempo de serviço, é uma imoralidade tremenda. Um verdadeiro tapa na cara da família e da sociedade" escreveu o empresário.

Os nomes dos investigados promovidos foram divulgados através das redes sociais do 3º Batalhão de Polícia Militar (3º BPM). A promoção de patente, além de subir na hierarquia, significa também concede reajuste salarial e alteração nas atribuições dentro da corporação.

"Quando estamos lutando por justiça, quando esperamos o fim de um processo interno feito pela corregedoria que já se arrasta há um bom tempo, quando criamos expectativas pela expulsão dessas pessoas da PMAL, recebemos uma notícia dessas. Realmente o mundo está ao avesso. O inocente condenado sem chance de defesa desce ao túmulo e seus algozes são promovidos. Como é possível promover pessoas que respondem por crimes tão graves?", continuou o desabafo.

A defesa dos três policiais citados, sob a responsabilidade do advogado Napoleão Lima Júnior, afirmou que os processos administrativos e judiciais que eles respondem não interferem no processo de promoção de patente na Polícia Militar.

Em seu desabafo, o empresário Thalles Shilmaney Leite faz uma série de questionamentos que deveriam ser levados em consideração na hora de promover os policiais investigados no crime.

"Acaso um deles não matou um inocente e é réu por homicídio? Acaso não desobedecerem às normas descritas no seu ordenamento institucional quando um deles usou arma de grosso calibre atirando pelas costas sem nem mesmo pensar que ali poderia haver outras pessoas, mulheres, crianças? Quando não preservou o local, quando não avisou à Central imediatamente após ocorrido o fato e não acionando a perícia técnica? Acaso eles não desfiguraram completamente a cena do crime visando dificultar a comprovação de suas culpas e com isso tentando engabelar a própria instituição que servem, a polícia técnica, a sociedade e a justiça? Acaso não implantaram uma arma no carro do meu filho com o intuito de justificar a barbárie que cometeram? Acaso essa fraude processual não ficou comprovadamente clara no inquérito policial tão perfeitamente apresentado pela Polícia Civil que ensejou no indiciamento deles pela justiça? ", indaga o pai de Marcelo.

Marcelo Leite dirigia um veículo Hyundai Creta de cor preta e teria, segundo a guarnição policial envolvida, passado em alta velocidade por um “quebra-molas” e, em seguida, desobedecido a uma ordem de parada. 

O carro de Marcelo foi atingido por diversos disparos de fuzil, sendo que um deles atravessou o porta-malas, atingindo a vítima nas costas. Ele morreu no último dia 5 de dezembro, no Hospital Beneficência Portuguesa do Mirante, em São Paulo, para onde foi transferido a pedido da família.

Dentre os crimes que os investigados respondem estão o de homicídio e fraude processual, tendo em vista que uma arma foi plantada no carro da vítima, segundo perícia técnica, para justificar a hipótese de legítima defesa.

"Queremos policiais dignos, aptos, que tenham bom senso, autocontrole nas diversas situações que enfrentam no dia a dia, honestidade com os fatos e que consequentemente com isso não venham a destruir vidas e famílias. Mas, enfim, sigamos em frente na luta por justiça", finaliza o desabafo de Thalles.