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Foguete Vulcan inicia jornada histórica por 1º pouso privado na Lua

O Vulcan, foguete da United Launch Alliance (ULA) espera recuperar o mercado frente à SpaceX, de Elon Musk

Por Metrópoles 08/01/2024 10h10
Foguete Vulcan inicia jornada histórica por 1º pouso privado na Lua
Foguete Vulcan - Foto: Reprodução/ULA

Esta segunda-feira (8/1) pode marcar o primeiro pouso de uma espaçonave privada na Lua. O feito será tentado pelo novo foguete da ULA (United Launch Alliance), o Vulcan, resultado da parceria entre Boeing e Lockheed Martin, que disputa esse mercado com a SpaceX, de Elon Musk.

O lançamento do Vulcan, substituto dos Atlas 5 e Delta 4, ocorreu às 4h18 (Horário de Brasília) no Cabo Canaveral, na Flórida, estado ao sul dos Estados Unidos.

Equipado com seis propulsores de combustível sólido, o Vulcan destaca-se pelos motores do primeiro estágio, modelo BE-4, movidos a metano e oxigênio líquidos, desenvolvidos pela Blue Origin, de Jeff Bezos.

O uso do BE-4 substitui os motores RD-180 russos. Com contratos já garantidos para cerca de 70 lançamentos nos próximos anos, o Vulcan entra em uma competição direta com o Falcon 9 da SpaceX.

Peregrino e plano de mercado lunar

Estar a bordo de um foguete em seu voo inaugural parece uma ideia precipitada e arriscada. Ainda sim, “perigo” é a palavra-chave das missões lunares privadas que estão por vir, a começar pela PM1 (Peregrine Mission 1).

O módulo de pouso desenvolvido pela Peregrine, da Astrobotic, foi um dos primeiros a fechar contrato com a Nasa. Das 21 cargas úteis, apenas 6 são da agência espacial americana.

O plano da agência espacial civil dos EUA é fomentar um mercado lunar, com empresas prestando serviços de transporte para diversos clientes, sendo um deles a Nasa.

Entre os dispositivos da agência estão sensores que detectam a presença de água, dióxido de carbono e metano no solo, bem como caracteriza a dinâmica desses compostos voláteis durante um dia lunar.

Um sensor de radiação também estará a bordo, assim como um conjunto retrorrefletor de laser, usado para medir a distância de espaçonaves (ou mesmo da Terra) até a superfície da Lua.

A Agência Espacial Mexicana, um dos vários países que estão embarcados, conduz o projeto Colmena, que contém cinco mini robôs, de 60 gramas, que vão explorar o solo lunar

Caso o projeto obtenha sucesso, o México se tornará o primeiro país da América Latina a ter um equipamento científico em solo lunar.

Cargas úteis do Peregrine

Empresas de Seychelles, na África Ocidental, e dos Estados Unidos estão impulsionando iniciativas relacionadas à criptomoeda Bitcoin. A Astroscale, do Japão, por sua vez, planeja enviar uma cápsula contendo mensagens de 80 mil crianças do mundo todo.

A Universidade Carnegie Mellon, dos EUA, contribui para a missão lunar com o pequeno veículo Iris Lunar Rover. Além disso, duas empresas americanas oferecem serviços funerários lunares, enviando porções de cinzas de clientes como uma celebração de suas vidas. A Elysium Space deixará as amostras na Lua junto ao módulo de pouso Peregrine.

A Celestis, pioneira em missões do tipo, lançou as primeiras cinzas humanas ao espaço em 1997 num foguete Pegasus.

Agora, ela planeja duas missões: uma no pequeno Peregrine, com destino à Lua, e outra no segundo estágio do Vulcan, que permanecerá em espaço profundo em órbita ao redor do Sol.

Diversos projetos artísticos, como a MoonArk da Universidade Carnegie Mellon e a galeria de arte digital da Lunar Mission One, ambas americanas, estão a bordo. Repositórios de dados projetados para sobreviver por longos períodos na Lua também compõem as cargas úteis da missão PM1.

Sucesso?


Após o lançamento ao espaço, resta a incerteza sobre a capacidade da PM1 de realizar uma alunissagem suave. As tentativas anteriores, realizadas pelo grupo israelense SpaceIL, em 2019, e pela empresa japonesa ispace, em 2023, foram mal sucedidas.

Se tudo correr conforme o planejado, o Peregrine da Astrobotic poderá se tornar a primeira missão particular bem-sucedida à superfície lunar em 23 de fevereiro. Contudo, há uma possível concorrência com o lançamento da Intuitive Machines, de Houston, programado para meados de fevereiro, com uma trajetória mais direta.

Em ambos os casos, a NASA contribui com cargas úteis, ciente da ausência de garantias de sucesso. A aposta reside na persistência e aprendizado de cada missão, visando inaugurar uma era de exploração comercial intensiva da Lua, conduzindo ciência e pesquisa espacial.

Confira todas cargas embarcadas no módulo de pouso da Astrobotic:


NIRVSS (Nasa, Centro Ames de Pesquisa)Espectrômetro para medir hidrogênio, dióxido de carbono e metano no solo, além de mapear a temperatura
NSS (Nasa, Centro Ames de Pesquisa)Espectrômetro que buscará evidências de gelo de água na superfície e estudará a composição do solo
PITMS (Nasa, Centro Goddard de Voo Espacial, e ESA)Estudará a exosfera (a tênue atmosfera) lunar, investigando movimento de compostos voláteis durante o dia
LETS (Nasa, Centro Espacial Johnson)Sensor de radiação para medir as condições na superfície lunar, com vistas a futuras missões tripuladas
LRA (Nasa, Centro Goddard de Voo Espacial)Coleção de retrorrefletores de laser para permitir a medição precisa da distância até a superfície da Lua por espaçonaves
NDL (Nasa, Centro Langley de Pesquisa)Sistema de laser para medir a velocidade e posição exatas do módulo Peregrine durante a aproximação para pouso na Lua
Colmena (Agência Espacial Mexicana)Conjunto de cinco mini robôs de 60 gramas para estudar o solo lunar; primeiro equipamento latino-americano na Lua
Lunar Bitcoin (BitMEX, Seychelles)Uma moeda física destinada à Lua, carregada com um Bitcoin
Bitcoin Magazine Genesis Plate (BTC Inc., EUA)Placa que inclui o primeiro bloco de bitcoin a ser minado, com objetivo aspiracional
Terrain Relative Navigation (Astrobotic, EUA)Sensor desenvolvido pela empresa para permitir pousos de alta precisão na Lua, com incerteza inferior a cem metros
Lunar Dream Capsule (Astroscale, Japão)Uma cápsula do tempo enviada à Lua, contendo mensagens de mais de 80 mil crianças do mundo todo
Iris Lunar Rover (Universidade Carnegie Mellon)Um pequeno rover para testes tecnológicos embarcado na primeira missão lunar da Astrobotic
MoonArk (Universidade Carnegie Mellon)Uma ‘arca’ que abrange artes, humanidades, ciência e tecnologia, com objetos destinados a inspirar futuras gerações
Memorial Spaceflight Services (Elysium Space)Cápsula portando amostras de cinzas humanas a ser deixada na superfície da Lua
Memorial Spaceflight (Celestis)Amostras de cinzas humanas a serem depositadas na Lua, além de uma carga a permanecer em órbita do Sol
M-42 (DLR, agência espacial alemã)Detector de radiação para investigar impactos sobre a saúde humana em caso de visitas tripuladas à Lua
DHL MoonBox (DHL, Alemanha)Empresa de transportes levou objetos de valor pessoal (fotos, livros, trabalhos de escola) para serem deixados na Lua
Digital Art Gallery (Lunar Mission One, EUA)Dispositivo digital de armazenamento a ser depositado na Lua
Memory of Mankind on the Moon (Puli Space Technologies, Hungria)Placa em memória da humanidade na Lua, com imagens de arquivo e textos líveis com uma ampliação de dez vezes
Spacebit Plaque (Spacebit, Reino Unido)Placa celebratória de empresa de tecnologia britânica concentrada em novas oportunidades na exploração comercial da Lua
The Arch Libraries (The Arch Mission Foundation, EUA)Dispositivos com arquivos a serem preservados por longos períodos de tempo no ambiente espacial