A fúria do alagoano Arthur Lira contra o ministro da Articulação Política de Lula, Alexandre Padilha, é uma reação do presidente da Câmara ao êxito da articulação do ministro pela manutenção da prisão de Chiquinho Brazão, apontado pela PF como mandante do assassinato de Mariele Franco em 2018.

Segundo analistas na capital federal, Lira e seu sucessor oficial na Câmara, o deputado baiano Elmar Nascimento (União), estavam utilizando a votação de Brazão como ‘moeda de troca’ por apoio à candidatura de Elmar à presidência da Casa, em fevereiro de 2025.

Foi com base nesta articulação que o PL decidiu votar em peso pela soltura de Brazão, bem como foi a partir do peso de Elmar e Lira que a sua bancada resolveu liberar os deputados para votar como quisessem.

Enquanto isso, em direção oposta, Padilha ignorou a posição de Lira e articulou diretamente com partidos e bancadas a manutenção da prisão de Brazão, considerada como um ponto de honra para o PT e partidos de esquerda.

Logo após a vitória obtida na Câmara, Padilha gravou um vídeo onde agradece aos deputados (muitos da bancada de Arthur) pela votação, ao lado da irmã de Mariele, a ministra Anielle Franco - o que foi considerado por Lira um ‘deboche’ contra ele e Elmar.

O presidente da Câmara e o articulador do governo não se entendem desde meados de 2023. Os diálogos com Arthur Lira, quando acontecem, são realizados pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa - quando não pelo próprio presidente Lula.

Lira enxerga com desconfiança a desenvoltura de Padilha pelos corredores da casa. Pessoas mais próximas avaliam que Arthur considera Padilha o principal autor da ideia de Lula apoiar um outro nome em 2025 que não seja o do seu candidato na Câmara, Elmar Nascimento.

Ao fim e ao cabo, há quem diga que o objetivo de Lira, para manter-se próximo das emendas e garantir o poder no centrão mesmo após a saída da presidência da Câmara, é ocupar o lugar de Padilha a partir de 2025, quando entregar o cargo.