Um dia após ter seu primo exonerado da Superintendência do Incra em Alagoas pelo ministro do Desenvolvimento Agrário Paulo Teixeira, o presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) prepara, durante esta quarta-feira (17), um pacote ‘anti-governo’, que inclui discussão sobre CPIs e avanço de projetos contra o MST.

As articulações em torno das propostas que podem atrapalhar ainda mais a gestão Lula tornam a quarta-feira tensa no congresso nacional. Lira reuniu-se com os líderes partidários na tarde de terça (16), e avisou que pelo menos cinco comissões parlamentares de inquérito podem sair do papel.

Além das CPIs, Arthur também fez aprovar, já em plenário, um requerimento de urgência para tramitação de um projeto de lei que proíbe “invasores de terras” de receber benefícios ou qualquer tipo de auxílio de órgãos governamentais - pauta da bancada ruralista que atinge diretamente o MST e outros movimentos de luta pela terra.

Dentre as CPIs que podem ser desengavetadas, está uma de autoria do deputado alagoano Alfredo Gaspar (União), que pretende investigar o crime organizado e crescimento no número de homicídios. O requerimento de abertura foi entregue em dezembro de 2023, e obteve a assinatura de 177 parlamentares.

Além dela, Lira também pode liberar a CPI do ‘abuso de autoridade do STF e TSE’, conhecida como a ‘CPI do Xandão’; a da Ilha de Marajó; a da Cracolândia; e a da 123 Milhas, que investiga emissão de passagens pela empresa que quebrou em 2022.

Não se sabe se o pacotão ‘anti-governo’ de Lira tem relação direta com a exoneração de César Lira do Incra/AL, mas a insatisfação do presidente da câmara com alguns setores da gestão Lula, como no episódio com o ministro Alexandre Padilha, é notória.

No entanto, líderes de partidos ouvidos pela imprensa nacional em Brasília são unânimes em avaliar que Arthur não pretende romper laços com o governo, e que o pacotão serviu apenas para ‘dar um recado’ a Lula e seus ministros, e que CPIs e ataque aos movimentos não devem ir adiante.