Brasil

Delação de Sérgio Machado deve ficar em sigilo por mais algumas semanas

Por UOL 27/05/2016 06h06

Não demora O conteúdo da delação premiada de Sérgio Machado, que gravou conversas embaraçosas com os caciques do PMDB, levará ainda algumas semanas para se tornar público. A Procuradoria-Geral da República avalia que é preciso “amarrar pontas soltas” na história contada pelo ex-presidente da Transpetro antes de levantar o sigilo dos autos. Mas, segundo um investigador, já é possível dizer que a colaboração complica “muito” a situação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Ninguém dorme Um integrante do governo diz que os áudios não são nada perto do estrago que Sérgio Machado pode fazer em Brasília ao narrar para quais autoridades políticas repassava dinheiro.

A jato Machado procurou o Ministério Público há cerca de um mês, já de posse das gravações, o que explica a má qualidade de alguns dos áudios. Diante do material, sua colaboração acabou sendo fechada em tempo recorde.

Caiu na rede Um general da Lava Jato, que comemorou os achados trazidos pelo ex-presidente da Transpetro, notou: “O curioso é que essa não estava na lista das delações que mais desejávamos”.

Ocupar e resistir Movimentos sociais de esquerda esperam reunir 100 mil pessoas na Paulista em ato agendado para o dia 10 de junho. As bandeiras serão: “Fora Temer”, “Não ao golpe” e “Nenhum direito a menos”.

Replicantes As frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo pretendem organizar manifestações também nas demais capitais. Dilma Rousseff e Lula serão convidados.

Indicá-lo-ei O procurador Júlio Marcelo sinalizou a ministros do TCU que pretende indicar Dyogo Oliveira, titular interino do Planejamento, entre os supostos responsáveis por pedaladas fiscais.

Filho pródigo Quase ninguém notou, mas o Ministério da Indústria voltou a ter em seu nome “Comércio Exterior”, termo sacado após a ida da Apex para o Itamaraty. O ministro Marcos Pereira pediu que a denominação fosse reincorporada à pasta.

Esqueça O Planalto não gostou das intenções de Pereira de tentar reverter no Congresso, com ajuda da bancada do PRB, as mudanças feitas por Temer, que desidrataram a pasta. Foi orientado a deixar isso para lá.

Cai na conta O chanceler José Serra convenceu o Ministério do Planejamento a liberar R$ 300 milhões para pagar parte das contadas atrasadas do Itamaraty.

Atrás do prejuízo Alvejado por críticas após ter recebido Alexandre Frota em seu gabinete, Mendonça Filho (Educação) fez plantão no feriado. Convocou auxiliares para reunião às 9h de quinta.

Acéfalo Criticado pela ausência de mulheres na Esplanada, o governo não se posicionou sobre o estupro coletivo de uma adolescente no Rio. Temer e Alexandre de Moraes (Justiça) não se manifestaram. Ainda não há titular na secretaria de Mulheres.

Na fila Fátima Pelaes, ex-deputada, foi indicada pela bancada do PMDB na Câmara para o cargo, subordinado ao Ministério da Justiça, mas ainda não foi nomeada.

Sinal amarelo O cancelamento da sessão do Senado na quarta, após divulgação das gravações de Sérgio Machado, preocupou o Planalto. Mostrou que a Casa pode parar a reboque dos desdobramentos políticos.

Nem vem A desculpa de que a sessão não ocorreu porque a votação da meta fiscal foi até a madrugada não colou: houve sessão após a votação do impeachment, que acabou às 6h.

Não quero afrontar Palacianos só veem uma forma de o novo titular do Planejamento ser escolhido logo: Romero Jucá concordar com a indicação, pois Temer precisa de seu apoio no Senado.

Revanche Aliados de Eduardo Cunha temem que a derrota de Rodrigo Maia para a liderança do governo respingue no Conselho de Ética. Ressentido, o DEM poderia votar a favor da cassação.

Letal Aliados de Raul Jungmann (Defesa) brincam que ele deveria dar às Forças Armadas uma arma com grande potencial de dano: um machado — em referência a Sérgio Machado, o “gravador-geral da República”.

TIROTEIO

Do jeito que anda a crise, a próxima sucessão presidencial será tranquila: De Lewandowski para Carmen Lúcia, futura presidente do STF.

DO DEPUTADO RUBENS PEREIRA JR (PC do B-MA), em referência ao fato de que, se Temer e Renan caírem, quem assume a presidência é o chefe do Supremo.

CONTRAPONTO

Sem sorte ao azar

Em discurso a uma plateia de empresários em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin falava sobre a necessidade de aumentar os investimentos em infraestrutura, quando comentou que levara um pito de João Doria, candidato tucano à Prefeitura de São Paulo, ao chegar ao local trajando uma gravata vermelha.
— Como não somos supersticiosos, o trecho da CPTM [rede de trens] que ligará São Paulo a Guarulhos será a linha 13 — brincou, para riso geral.
Por via das dúvidas, Alckmin deixou o evento, promovido pelo Lide, levando um presente de Doria: uma gravata cinza, com detalhes em verde e amarelo.