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Argentina tem hoje ao menos 100 atos pelo fim da violência contra a mulher

Por Redação com Agência Telam 03/06/2016 10h10

Pelo menos 100 lugares na Argentina fazem, nesta sexta-feira (3), mobilizações com o tema Ni Una a Menos (Nem Uma a Menos em tradução livre). O ato principal será em frente ao Congresso Nacional argentino e pretende reunir uma multidão, como ocorreu na primeira marcha, no ano passado.

O convite formal para as manifestações foi feito hoje, em coletiva de imprensa organizada por vítimas da violência de gênero e familiares de mulheres vítimas de feminicídios.

Em uma sala na Câmara dos Deputados argentina, onde ocorreu a coletiva, as mães, irmãs e amigas de Barbara Toledo, Laura Iglesias, Judith Gimenez e Suhene Carvalhae seguravam fotos delas, todas assassinadas.

Nora Cortiñas e outras Mães da Praça de Maio ocuparam um lugar central na reunião com famílias e vítimas de violência, membros do coletivo Nem Uma a Menos, deputadas e dirigentes de organizações sociais.

“Voltamos a marchar, motivadas pelas centenas de milhares de pessoas sensibilizadas que saíram às ruas no ano passado”, disse a jornalista e escritora Florencia Abbate, do coletivo Nem Uma a Menos.

Florencia leu um documento e lembrou que a titular do Conselho Nacional de Mulheres, Fabiana Tuñez, confirmou que em julho vai apresentar um Plano Nacional de Ação para a Prevenção, Assitência e Erradicação da Violência contra as Mulheres.

O plano está contemplado na Lei 26.485, sancionada em 2009, para articular políticas públicaas relacionadas a esta violação de direitos.

"Exortamos aos deputados e deputadas que apoiem o plano e solicitamos que se implemente apoio legal gratuito para as vítimas de violência de gênero, que é lei do Congresso”, disseram as organizadoras.

Também reiteraram o pedido para que se anule a sentença que condenou a jovem Belém a oito anos de prisão por homicídio, depois da jovem ter sofrido um aborto espontâneo, em 2014, em um hospital tucumano. As mulheres também pediram ao Congresso que regulamentem a interrupção voluntária da gestação.

Outras demandas do grupo pediam à Justiça pelo fim da discriminação; a políticos para frear a conivência com redes de tráfico de pessoas; além de pedirem “visibilidade às violências sofridas por lésbicas, travestis e transexuais”.

Quando as mães de mulheres assassinadas começaram a se pronunciar, o clima foi de comoção e todas choraram ao relatar os atos violentos que vitimaram suas filhas.

“Minha filha não vai voltar, mas estou aqui e nesta sexta-feira marcho por cada uma de nós. Que não nos maltratem, que não nos menosprezem por sermos mulheres!”, pediu Catarina Cavalhae, mãe de Suhene.

"Somos a voz de nossas filhas que já não estão ente nós”, disse Gumercinda Gimenez, mãe da jovem Judith, assassinada em 2007.

"Minha mãe tem a sorte de me ter aqui. Meu ex-companheiro não conseguiu me matar”, disse Romina Meneghini, que chegou apoiada nas muletas que usa depois de ter sido baleada pelo ex-marido e passar por 56 cirurgias e três ataques cardíacos. O ex-companheiro de Romina está solto.

Em Buenos Aires, a concentração para a marcha será às 17h no Congresso Nacional, de onde sairão para a Praça de Maio. Representantes de organizações não governamentais de mulheres, de diversidade sexual, de direitos humanos, sindicatos, e partidos políticos também apoiam a manifestação.

"Esperamos todos para esta marcha que tem apenas uma bandeira: Nem Uma a Menos, Nunca Mais, porque Nos Queremos Vivas”, foi o convite das sobreviventes e de todos que perderam suas filhas para assassinos.