Dando continuidade à rodada de entrevistas que a Rádio Gazeta AM realiza com os candidatos à prefeitura de Maceió nesta semana, o apresentador Rogério Costa recebeu, na manhã desta quarta-feira (21), Gustavo Pessoa, do PSOL.

O segundo sabatinado afirmou, em seu discurso de introdução, que resolveu se candidatar para as eleições 2016 porque percebeu que as alternativas que estão sendo colocadas para Maceió são direta ou indiretamente responsáveis pela “tragédia social” que o Município se encontra. Ele definiu os indicadores sociais da capital como “terríveis” e afirmou, enfaticamente, que é uma ilusão pensar que o estado, como um todo, cresceu. 

“A perpetuação desses indicadores tem que ser creditado aos grupos políticos e econômicos que comandam a cidade. Eles deveriam ter a humildade de pedir desculpas à população de Maceió. As pessoas precisam perceber que existe uma alternativa. Não podemos achar que o jogo tem que ser disputado pelos mesmos grupos”, falou. “Tenho uma biografia limpa e sempre defendi uma sociedade mais humana. Tem candidato que tenta se colocar como novo, mas de novo não tem nada”, emendou.

Mobilidade Urbana

Pessoa disse que, a fim de propiciar mobilidade urbana, é preciso modernizar o sistema de transporte público na capital e que, se for eleito prefeito, “jamais aceitaria financiamentos de grandes empresários” que, segundo ele, são os responsáveis pelos principais problemas no trânsito. “A cidade cresceu muito nos últimos anos, assim como o transporte automotivo individual. O cidadão de Maceió não reconhece o transporte coletivo como algo eficiente e confortável. Vamos investir pesado e abrir a ‘caixa preta’ dessas licitações, visando batear a passagem”. 

De acordo com o candidato, o valor da passagem da capital é considerada “absurda” porque é superior ao custo de capitais maiores e mais desenvolvidas. “Temos que discutir a qualificação dos veículos que são usados pela população. Precisamos reestruturar os terminais. Se eleito, pretendo duplicar a rede cicloviária de Maceió”, informou. Além disso, o político também falou que vai implantar quatro terminais – dois na parte alta e dois na parte baixa. 

Saneamento Básico 

Sobre esse tema, ele disse que a cobertura de saneamento na capital é “ridícula” e que, atualmente, têm se criado depósitos humanos em forma de bolsões de miséria. Para resolver o problema, Gustavo afirmou que é preciso enfrentar a segregação sócio-espacial e também a especulação imobiliária para oferecer infraestrutura aos pequenos e grandes bairros. “É algo absurdo. Investir em saneamento dá voto? Não. Desde a República Velha isso existe, mas eu não estou preocupado em me perpetuar no poder”, destacou. 

Durante a entrevista, ele enfatizou que, para resolver o problema de limpeza na cidade, é necessário realizar destinação correta de lixo e que, daqui a um tempo, o aterro sanitário se tornará inviável à população. “Maceió ainda recicla um percentual muito pequeno dos resíduos que são produzidos. 60% desses resíduos, porém, podem gerar rendas para as cooperativas. É isso que eu quero fazer. É uma visão moderna de economia solidária. Vamos capacitar essas pessoas para que elas estejam aptas para isso”, declarou. 

Sobre o Vale do Reginaldo, que se tornou ponto de acúmulo de lixo na capital, ele respondeu a assertiva destacando que os governantes tiveram “amnésia” porque parecem desconhecer o problema. “Grana não falta e aquilo lá continua um impasse. Eu vou tratar essa questão com seriedade. Queremos transformar aquilo ali em uma via que vai facilitar o escoamento do trânsito”, informou. 

Educação

Gustavo Pessoa argumentou ao dizer que conhece os problemas da Educação em Maceió porque é servidor público e também professor. Se eleito gestor da cidade, ele disse que pretende dialogar com a categoria e que, atualmente, esses profissionais estão inseridos em um “quadro de desespero”. 

“Vou lutar para garantir mais investimentos. É necessário aumentar os recursos para a área, realizar mais concursos públicos e valorizar a categoria. Valorizar os servidores significa pagar bons salários. Vamos parar de eufemismos e palavrinhas bonitas”. 

Além disso, ele também destacou a importância da implementação da escola em tempo integral em toda a cidade, especialmente a construção de creches. “10% da população maceioense ainda continua analfabeta. É um absurdo. São pessoas quase estrangeiras. Essas pessoas devem voltar a acreditar na população. Vamos trazê-las de volta às escolas”, disse. 

Saúde e Impostos

Consideradas um dos gargalos da capital, a área da Saúde foi pouco explorada pelo candidato devido ao pouco tempo disponível. Pessoa limitou-se a dizer que, atualmente, os candidatos vendem “uma cidade que não existe” nas propagandas de televisão e que é a comunidade que tem que fiscalizar as próprias unidades de saúde. Ele disse que isso é possível com a criação de Conselhos. 

Ele também afirmou que é necessário aumentar a cobertura do Programa de Saúde da Família (PSF) porque a maioria das unidades de saúde de Maceió atende apenas a demandas espontâneas. Além disso, Pessoa disse que a internet pode ser uma alternativa prática e viável para diminuir o tempo de espera nas filas para marcação de consultas e exames nos hospitais da rede pública. 

Questionado sobre o pagamento de impostos e arrecadação, o candidato à prefeitura falou que é preciso desmistificar a ideia de que a pessoa que deve é “criminosa”. “Quatro mil pessoas perderam seus empregos apenas nos primeiros meses do ano. As pessoas sofrem porque simplesmente não conseguem pagar os impostos”, argumentou. Na visão dele, a forma de arrecadação atual é retrógrada porque pune aqueles que menos têm.

“Defendo o IPTU progressivo, ou seja, quanto maior a renda, maior é o imposto pago. Atualmente, o que se vê é o oposto. A prefeitura penalizou os que menos podem. Quantos terrenos ociosos têm nessa cidade? Por que a gente não aplica o que diz o Estatuto das Cidades? A Câmara nunca se interessou em debater isso”. Ele afirmou ser a favor do estímulo ao empreendedorismo visando diminuir o desemprego e disse que, se for eleito prefeito, vai aplicar uma tributação diferenciada aos micro e pequenos empresários. 

Meio Ambiente

Sobre o assunto Meio Ambiente, Gustavo Pessoa realizou questionamentos e criticou a expansão desenfreada do mercado imobiliário.“Temos cerca de três mil carros concentrados apenas no Litoral Norte. É isso que queremos? Mudaram o Plano Diretor da cidade. Deus sabe lá quais foram os interesses que levaram a isso. Daqui a pouco a gente vai ter que pedir licença para frequentar as praias. Ninguém lucra com isso, não é humano e não é inteligente”, expôs. 

Considerações finais

Gustavo Pessoa encerrou a sua participação afirmando que tentou ser o mais claro possível. “O sol vai raiar nessa cidade e, enquanto ele raiar, eu vou continuar fazendo política. Eu vou continuar lutando pelos meus sonhos”, falou. “Eu quero que o maceioense dê uma resposta nas urnas. A gente pode plantar uma semente muito bonita. Peço engajamento, mobilização e participação”, concluiu.