Saúde

Surto de febre amarela no Sudeste leva maceioenses a postos de vacinação

Por Amanda Dantas 19/01/2018 12h12
Surto de febre amarela no Sudeste leva maceioenses a postos de vacinação
SMS garante ter doses suficientes - Foto: Divulgação

Algumas unidades de saúde de Maceió amanheceram com longas filas. Os pacientes estavam à procura da vacina contra a febre amarela. A ida aos postos é reflexo de um surto da doença na região Sudeste do país, sobretudo em São Paulo e no Rio de Janeiro.

A vacina é recomenda apenas para quem irá viajar para zonas de risco: regiões Norte, Centro –Oeste, Sudeste e nas regiões Nordeste os estados de Piauí, Bahia e Maranhão. Em Maceió, o medo de contrair o vírus – que pode ser mortal – causou certo alvoroço na população que tem lotado as unidades de saúde atrás da vacina.

Maceió
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) confirma que o município tem feito uma triagem e somente pessoas que comprovarem que irão viajar para as zonas de risco terão direito à vacina. “Essa triagem é para que as pessoas que vão viajar não corram o risco de ficar sem a vacina. Hoje temos doses suficientes para a demanda porque já imaginávamos que o surto em São Paulo aumentaria a procura. São Paulo é um destino muito procurado e mesmo quando o destino é outro muitas pessoas precisam passar por lá,” explica Camila Peixoto, enfermeira da gerência de imunização da SMS.

Além de um comprovante de viagem é preciso ter idade entre 9 meses e 60 anos para se vacinar. Gestantes e pessoas acima de 60 precisam de autorização médica. A vacina é contraindicada para pessoas que tem forte alergia à proteína do ovo ou com problemas de baixa imunidade como pacientes com câncer HIV e pessoas transplantadas, por exemplo. É preciso se vacinar dez dias antes de viajar.

Em Maceió é possível se vacinar no posto do 2º Centro da Maravilha, no posto da Pitanguinha – que amanheceu essa sexta-feira lotado – também no Posto Ib Gatto, na parte alta a cidade.

O período de incubação da doença é de três a seis dias e em sua fase inicial os sintomas são de uma virose comum: febre, dor de cabeça, náusea e vômitos, perda de apetite e dores musculares, principalmente nas costas. Em sua fase tóxica – e menos comum – os sintomas se agravam e o paciente pode apresentar febre alta, pele e olhos amarelados, pela boca, olhos, nariz ou estomacais, dores abdominais, urina escura, alguns órgãos como rins e fígado podem ser afetados e a quantidade de vômito aumenta.

Morte de famoso

Ontem (18) o compositor Flávio Henrique Alves de Oliveira, de 49 anos, que é também residente da Rede Minas e da Rádio Inconfidência, depois de ficar internado desde o dia 11 de janeiro deste ano em uma unidade de saúde particular. A confirmação de que o empresário estava com febre amarela só foi divulgada um dia antes de sua morte, após resultado de exames. Somente em Minas Gerais 15 pessoas morreram nos últimos meses vítimas da doença. Em São Paulo 24 mortes foram registradas entre 2017 e dia 10/01 deste ano, sendo seis delas somente em 2018; no mesmo período o Rio de Janeiro registro nove óbitos.

Em Alagoas não há registro de infectados ou óbitos nesse período, portanto é considerada uma área livre de circulação do vírus ARN do gênero Flavivírus.

Surto

Biólogos da Fiocruz acreditam que o rompimento da barragem em Mariana (MG), em novembro de 2015, pode ter ligação com o surto da doença na região Sudeste. Alguns macacos foram encontrados próximo à cidade de Colatina, no Espírito Santo, também afetada pelo rompimento da barragem. A própria Fiocruz dobrou a produção anual da vacina e o Brasil emitiu um alerta internacional dobre a doença.

O último surto de febre amarela no Brasil ocorreu entre 2008 e 2009, quando 51 casos foram confirmados.

O surto atual é de febre amarela silvestre, em que o ciclo se mantém na floresta. Diferente do que imagina, os macacos não são vetores da doença. “Na verdade, eles são tão vítimas quanto nós humanos. Eles apenas nos ajudam como forma de alerta” Peixoto. Assim como nos humanos, um macaco infectado se picado por um mosquito livre da doença, pode infectar o mosquito caso seja picado e esse mosquito infectado é que passa a doença para os humanos, portanto os mosquitos é que são vetores transmissores da doença.

Quando há dano ambiental, como o que aconteceu em Mariana, por exemplo, esses macacos se aproximam de áreas urbanas e daí surge a confusão de que eles transmitem a febre amarela que não é transmitida pelo contágio de humanos com macacos e nem entre humanos.

Os macacos não devem ser assassinados, ao contrário disso, matar animais silvestres é crime previsto em Lei.

Desde de janeiro do ano passado, o Governo Federal já assume que o surto pode ter relação com a tragédia de Mariana.

Fonte: G1