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Exame médico aponta que agressor de Bolsonaro sofre de transtorno grave

Psiquiatra particular examinou o agressor do candidato à presidência em setembro no presídio em Campo Grande

Por G1 02/10/2018 09h09
Exame médico aponta que agressor de Bolsonaro sofre de transtorno grave
Adélio Bispo de Oliveira, identificado como autor do atentado com faca ao candidato à presidência Jair Bolsonaro - Foto: Polícia Militar/Divulgação

A defesa de Adélio Bispo de Oliveira protocolou no início da tarde desta segunda-feira (1º) na 3ª Vara Federal de Juiz de Fora (MG) o resultado do exame particular para solicitar um novo pedido de avaliação de sanidade mental.

O parecer psiquiátrico pedido pelos advogados apontou que o agressor do candidato à presidência, Jair Bolsonaro (PSL), sofre de transtorno delirante grave. Adélio Bispo está preso por esfaquear Bolsonarodurante ato de campanha na cidade no dia 6 de setembro.

De acordo com o advogado Marco Alfredo Mejia, a solicitação é de que o pedido negado anteriormente seja reavaliado, tendo em vista que no documento protocolado há um laudo médico.

"Nós entregamos o resultado do laudo que foi feito para requerer novamente junto à Justiça o exame da sanidade do réu. Vamos fazer uma retomada, agora fundamentados com um parecer técnico e demais documentos, que vai ter uma estrutura com mais embasamento do que o que estava antes", explicou.

Em nota enviada pela assessoria ao G1, a 3ª Vara Federal de Juiz de Fora informou que o processo de insanidade mental passou a tramitar em segredo de justiça. Portanto, que não poderia fornecer informação sobre o assunto e que caberia à defesa decidir se daria informações para a imprensa.

Segundo advogado criminalista autor da petição, o processo segue em sigilo e a defesa não vai passar resultado à imprensa. Os advogado esperam análise ainda esta semana e querem que seja feito um laudo nomeado pela Justiça Federal.

Ao todo, 17 advogados atuam na defesa de Adélio. Eles são de Minas Gerais, Pará, Distrito Federal e Rio Grande do Sul.

Perícia médica

A perícia médica foi realizada em 21 de setembro no Presídio Federal, em Campo Grande, para onde Adélio Bispo de Oliveira foi transferido em 8 de setembro.

"A avaliação psiquiatra forense é um ato médico e, em sendo um ato médico, é privativo do médico e do periciando, já que não é uma atividade clínica, de consulta. Nós, através de uma entrevista médica psiquiátrica direcionada, avaliamos todo o histórico de vida do indivíduo e também fazermos um exame psicopatológico, ou seja, a verificação se ele apresenta ou não algum adoecimento mental", afirmou o psiquiatra forense, Heldy Logo, responsável pelo laudo em entrevista antes do procedimento.

Em caso de positivo para adoecimento mental, será verificado o quanto repercute e o quanto o fato leva a uma alteração ou não do juízo da realidade, ainda de acordo com o profissional.

Insanidade mental

Após negar o primeiro pedido apresentado pela defesa, o juiz federal Bruno Souza Savino, da 3ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Juiz de Fora, aceitou a segunda solicitação para realização de novo exame no preso com médico psiquiatra particular. Conforme a decisão, “neste momento procedimental, o atendimento do investigado por médico psiquiatra visa a produzir laudo técnico para subsidiar a decisão deste juízo acerca da instauração ou não de incidente de insanidade”.

Investigação

Na última sexta-feira (28), a Polícia Federal concluiu a investigação do ataque e indiciou Adélio Bispo de Oliveira por prática de atentado pessoal por inconformismo político, crime previsto na Lei de Segurança Nacional.

O inquérito afirma que ele agiu sozinho no momento do ataque e que a motivação “foi indubitavelmente política”. “No que tange à participação ou coautoria no local do evento, a partir de evidência colhidas, descarta-se o envolvimento de terceiros”, diz o inquérito.

Foram verificados mais de 250 gigabytes de informações em mídias, incluindo dados de celulares e do notebook do suspeito, assim como cerca de 600 documentos.

A PF ainda teve acesso a mais de 6 mil mensagens instantâneas e 1.060 e-mails, que seguirão sendo analisados no segundo inquérito, que foi aberto para dar continuidade às apurações. Ainda há necessidade de novas quebras de pelo menos outros seis e-mails e três telefones usados pelo investigado.

Segundo a polícia, a pena para o crime pelo qual Adélio Bispo de Oliveira foi indiciado é de três a dez anos de prisão e, em caso de lesão corporal grave, pode ser aumentada até o dobro.

Agressão

No momento em que foi esfaqueado, Bolsonaro fazia corpo a corpo com eleitores na Rua Halfeld em Juiz de Fora. O homem apontado no crime contra o candidato tem 40 anos, foi preso em seguida e levado para a delegacia da Polícia Federal (PF), onde confessou o crime.

No dia seguinte, o presidenciável foi levado para o Hospital Albert Einstein, na Zona Sul de São Paulo (SP). Antes, passou por cirurgia na Santa Casa de Juiz de Fora. Após três semanas de internação, Bolsonaro recebeu alta no último sábado (29) e retornou para o Rio de Janeiro.

O agressor de Bolsonaro foi indiciado no dia 7 de setembro pela Polícia Federal pelo crime de "atentado pessoal por inconformismo político" com base no artigo 20 da Lei de Segurança Nacional. Depois a PF voltou a ouvir o agressor, preso em penitenciária de Campo Grande.