Saúde

Acesso a diagnóstico e tratamento são fundamentais para pessoas que vivem com HIV

Testes são disponibilizados nas unidades de saúde

Por Ascom SMS 17/12/2020 14h02
Acesso a diagnóstico e tratamento são fundamentais para pessoas que vivem com HIV
Testes são disponibilizados nas unidades de saúde - Foto: Reprodução/Internet

Com o objetivo de discutir interferência específica do acesso geográfico, da distância e do deslocamento para as unidades de atenção à saúde para pessoas que vivem com HIV em todo o estado, a enfermeira e coordenadora do Bloco I do PAM Salgadinho, Géssyca Melo, tratou, em sua tese de doutorado, sobre a importância de um acesso próximo aos serviços que ofertam diagnóstico precoce e tratamento às pessoas que vivem com HIV em Alagoas.

Em seu trabalho, a pesquisadora mostra que as chances do usuário evoluir para o óbito são mais presentes nas cidades em que o usuário precisa se deslocar muito para realizar o tratamento. Isso pode ser ocasionado pelas dificuldades de se manter um tratamento regular, o que sugere a importância e necessidade de uma assistência descentralizada em Alagoas.

Os dados encontrados no estudo demonstraram significativa associação entre a ocorrência de óbitos, tempo de sobrevida, localização geográfica da residência dos usuários e a distância em relação aos serviços de saúde especializados.

Integrante do bloco I desde 2014, Géssyca conta que a ideia surgiu em seu ambiente de trabalho. “Nessa rotina diária, impressiona o fato de que, a cada ano, a quantidade de pacientes que são admitidos no serviço só aumenta. Somos referência para todo o estado de Alagoas e ouvir os relatos das dificuldades que as pessoas de municípios do interior enfrentam para manter um tratamento regular também me inquietou”, explica.

Com isso, surgiu a ideia de conhecer as características dessa população, mapear suas localizações e associar a taxa de incidência da infecção com indicadores sociais dos municípios, para tentar procurar uma explicação para realidades locais tão desiguais em relação ao HIV.

Ainda segundo a coordenadora, foram identificados 5454 casos de HIV em Alagoas nos anos de 2007 a 2016, período em que foi observado que houve uma tendência crescente da epidemia do HIV, com ênfase para um aumento maior e estatisticamente significativo a partir de 2013.

“Esse ano coincide com o aumento na cobertura da oferta de testes rápidos para diagnóstico da infecção nas unidades básicas de saúde, mas também pode revelar uma lacuna no trabalho de profilaxias e de prevenção contra o vírus. A partir dos mapas e da análise espacial, foram detectadas áreas de intensificação da taxa de incidência do HIV de forma acentuada nos municípios do interior do extremo leste de Alagoas, sobretudo em regiões litorâneas voltadas para o turismo”, relata Géssyca.

De acordo com a enfermeira, os estudos epidemiológicos e de geoprocessamento permitem o aprofundamento de análises relacionadas à distribuição e disseminação da infecção pelo HIV. “Eles são imprescindíveis para o planejamento e definição de estratégias equitativas, direcionadas para locais prioritários com vistas à prevenção e profilaxia da infecção, diagnóstico precoce, promoção da adesão efetiva ao tratamento do HIV e organização dos serviços de saúde”.

A tese de doutorado, que foi defendida em julho de 2020 no programa de pós-graduação em Ciências da Saúde, integra uma parceira entre a Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) e a Universidade Federal de Sergipe (UFS). Da tese foi extraído um artigo, que pode ser conferido aqui.

Dezembro vermelho

Com o intuito de intensificar os debates voltados à prevenção e diagnóstico precoce do HIV, as unidades de saúde intensificam, durante o mês de dezembro, as ações de orientação, testagem e conscientização dos usuários. Uma destas é a Unidade de Saúde da Família (USF) Sérgio Quintela, que fica na Santa Lúcia.

Com palestra, exposição da técnica dos preservativos femininos e masculinos e oferta de testes rápidos, os profissionais abordaram o Dezembro Vermelho com a comunidade. Participaram da ação a terapeuta ocupacional Cristiane Batista, a agente de saúde Sisley Emanoella e a auxiliar de enfermagem Maria Lúcia.