Fatalidade

Nordeste: Fortaleza já concentra 48,2% das mortes por Covid-19 no Ceará este ano

Das 1,1 mil mortes registradas nos primeiros dois meses de 2021, 531 foram na Capital.

Por 7Segundos com Diário do Nordeste 03/03/2021 10h10 - Atualizado em 03/03/2021 10h10
Nordeste: Fortaleza já concentra 48,2% das mortes por Covid-19 no Ceará este ano
Teste de COVID-19 - Foto: Reprodução

Só neste ano, entre 1º de janeiro e a última segunda-feira, 1º de março, o Ceará perdeu 1.101 pessoas para a Covid-19. Dessas mortes, 531, o equivalente a 48,2%, foram só em Fortaleza, segundo o monitoramento do IntegraSUS. Para se ter uma ideia do crescimento da mortalidade pela pandemia, nos últimos dois meses do ano passado, quando a situação ainda era preocupante, o Ceará acumulou no período 604 óbitos pela Covid-19 — 139 na Capital.

No último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), nove regiões do Estado tiveram incrementos significativos de óbitos pela doença entre 17 de janeiro e 13 de fevereiro deste ano. Foram as Áreas Descentralizadas de Saúde (ADS) de Fortaleza (22,3%), Caucaia (77,8%), Maracanaú (300%), Baturité (100%), Canindé (75%), Sobral (33,3%), Brejo Santo (28,6%), Crato (20%) e Juazeiro do Norte (10%).

Na Capital, conforme o boletim semanal da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), a média móvel de óbitos atualmente é de 13 mortes por dia, semelhante à registrada em abril do ano passado, quando a primeira onda da pandemia estava eclodindo. Depois do pico de 91 óbitos diários em maio, esse número caiu gradativamente até novembro e voltou a subir.

Causas


O infectologista Ivo Castelo Branco explica que o que promove o crescimento no número de mortes por Covid-19 é o aumento da transmissão do coronavírus. Ou seja, quanto mais infectados, mais pessoas podem desenvolver a doença de forma grave e evoluir para óbito, especialmente os mais velhos e que tiverem comorbidades.

Francisca Medeiros, 73, foi uma das vítimas fatais da doença. A idosa foi internada no hospital municipal de Itaitinga no dia 2 de janeiro e transferida para o Leonardo da Vinci, em Fortaleza, um mês depois. Diabética, Francisca enfrentou uma série de complicações em seu quadro clínico até que, nesta terça-feira (2), faleceu.

“Toda a família está muito abalada. Não é fácil perder um parente por conta desse vírus. Acabei de chegar do sepultamento, é um sepultamento muito triste. Peço a todos que fiquem em casa, se cuidem, usem máscara, não sejam mais um transmissor dessa doença”, apela a sobrinha de Francisca, a técnica em enfermagem Cristiane.

Variantes


O aumento de óbitos é agravado pela circulação de variantes do vírus. “Temos cepas que foram infectando jovens, mais do que as anteriores. Estamos tendo um aumento grande da Covid-19 nessa faixa populacional”, afirma Castelo Branco. Porém, o especialista pontua que ainda não é possível dizer se essas variantes são mais letais e que, por isso, os óbitos estariam aumentando.

O que se sabe, de acordo com o médico, é que o vírus tende a desenvolver mais mutações quando está circulando mais. Além disso, ele alerta que também pode facilitar o surgimento de variantes processos de vacinação incompletos, em que as pessoas não tomem todas as doses necessárias dos imunizantes contra a doença. "No momento, a gente tem que fazer com que as pessoas diminuam a transmissão da doença, porque vacina não tem pra todo mundo", alerta.

O infectologista chama, ainda, atenção para a situação nacional:

"No Brasil, a letalidade tem se estabilizado em torno de mil mortes por dia. É como se cinco aviões caíssem todo dia e morresse todo mundo", compara.

Cenário da pandemia

O Ceará acumula nesta terça-feira (2) 430,1 mil casos confirmados e 11,3 mil óbitos por Covid-19. A taxa de letalidade pela doença está em 2,6, com média diária de 51 mortes. Apesar de idosos acima de 80 anos de idade ainda serem os que mais morrem, agora, a doença tem levado à fatalidade grupos etários cada vez mais jovens, de 60 anos para cima.