Cidades

Braskem inicia demolição de imóveis e promotor diz: 'cemitério a céu aberto'

Mineradora apenas cumpre acordo com Ministérios Público Estadual e Federal

Por 7Segundos 06/01/2022 16h04 - Atualizado em 06/01/2022 18h06
Braskem inicia demolição de imóveis e promotor diz: 'cemitério a céu aberto'
Braskem inicia demolição de imóveis e promotor diz: 'cemitério a céu aberto' - Foto: Assessoria

Após diversos problemas envolvendo a instabilidade do solo e mais de 60 mil pessoas realocadas, a Braskem iniciou o processo de demolição de 2 mil imóveis no bairro do Mutange, em Maceió, nesta quinta-feira (06), para o projeto de estabilização e drenagem.

A ação só ocorreu após um acordo sócio-urbanístico firmado entre os Ministérios Público Estadual e Federal e a petroquímica, responsável pela mineração do solo que causou a instabilidade e vários tremores de terra na região.

Em entrevista à TV Pajuçara, o promotor de Justiça, Jorge Dória, disse que a decisão faz com que a Braskem transforme "esse cemitério a céu aberto em um local que possibilite a implantação de outros projetos urbanísticos". Segundo ele, o MPE está acompanhando o procedimento de perto.

"Comparando com o corpo humano, Maceió sofreu uma mutilação de vários órgãos, que são os bairros. Nessa primeira fase, todos os imóveis serão demolidos, inclusive foram estabelecidos valores para essas ações na ordem de R$ 722 milhões. Além da demolição dos imóveis desocupados, também será feito o descomissionamento dos serviços de água, telefone, etc", afirmou.

O coordenador da Defesa Civil de Maceió, Abelardo Nobre, explicou que essa área começou antes porque foi a primeira a solicitar as licenças ambientais para o serviço, as demais ainda estão em andamento. Por ser a de maior risco, a área receberá um "trato" na superfície, com o trabalho de demolição e recolhimento dos entulhos. O processo deve durar 60 dias.

"Depois serão feitos os serviços de terraplanagem e drenagem, para evitar acúmulo de águas da chuva. Posteriormente, será feito o paisagismo na área. A Defesa Civil vai acompanhar in loco e com os instrumentos necessários. Todo o entulho será reciclado e um dos resíduos pode ser utilizado para asfaltar as ruas", detalhou.

Jorge ressaltou que nem o poder público e nem a população irão arcar com os custos do trabalho de "revitalização" da área. Todo o serviço será às custas da empresa responsável pelo problema da mineração do solo: a Braskem. "Foram separados R$ 1,6 bilhão para ações emergenciais".