Meio ambiente

Mais de 4 mil tartarugas foram mortas em Alagoas pela poluição e ação humana

Dados do Instituto Biota de Conservação demonstram o grande número de quelônios encontrados mortos nas praias do litoral

Por 7Segundos 23/07/2022 08h08
Mais de 4 mil tartarugas foram mortas em Alagoas pela poluição e ação humana
A tartaruga-verde é a principal vítima - Foto: Tamar/ICMBio

Um balanço divulgado pelo Instituto Biota de Conservação apontou que em 2021, 720 animais marinhos foram encontrados encalhados nas praias do litoral de Alagoas. Dentre esse grupo de indivíduos, as principais vítimas foram as tartarugas da espécie Chelonia mydas, popularmente chamadas de tartarugas-verdes.

De acordo com o Biota, a maioria desses encalhes foram registrados nas praias de Maceió, pelo fato da área ser urbanizada, e próximo às atividades humanas e de poluição. Além disso, esses animais em sua maioria são encontrados por banhistas, pescadores e moradores da região.

Conforme apontado pelo Instituto, a coexistência desses animais e as atividades humanas como a pesca e a poluição, possivelmente são as principais causas para o grande número de mortalidade dessas espécies.

Gráfico: 7Segundos

Além das tartarugas, mamíferos aquáticos como baleias, com 2 encalhes registrados ano passado, golfinhos, com 28 encalhes, e peixes bois, com 2 encalhes, também são encontrados nas faixas de areia alagoanas.

Fora animais que vivem dentro da água, aves marinhas, como Pardais-de-bico-amarelo e pardela-de-bico-preto também são encontrados sem vida nas orlas de Coruripe e Maceió, sinalizando como a poluição e impactos ambientais não afetam somente a vida na água.

Apesar da situação parecer catastrófica, no ano de 2020, o número de animais marinhos encontrados nas praias de Alagoas foi de 1021, demonstrando uma redução no número de ocorrências. Não necessariamente essa redução demonstra uma melhora nas questões ambientais, como na poluição ou nas relações entre o homens e animais.

Gráfico: 7Segundos

No gráfico acima, podemos notar visualmente como a quantidade de tartarugas-verdes encalhadas nas praias pode ser notada de maneira escancarada. Contudo, pouco se percebe qualquer diferença entre os mamíferos marinhos e as aves marinhas.

AS TARTARUGAS

O monitoramento do Biota deu início em junho de 2009 a abril de 2022 e de lá para cá, foram registrados 5.844 casos de tartarugas marinhas encontradas sem vida nas praias do litoral.

No ano de 2021 foram registrados 680 encalhes e 169 encalhes foram registrados até Abril de 2022. Esses encalhes são registrados nas praias, podendo ser encontrados por banhistas e transeuntes.

A espécie mais frequentemente avistada é a tartaruga-verde, com 4068 casos totais desde 2018, seguida pela Tartaruga Oliva com 1177, logo após a Tartaruga-cabeçuda com 172, a tartaruga-de-pente com 95 e por último a tartaruga-de-couro com um caso.

Apesar de alto, o número de encalhes desses quelônios representa somente de 10% a 20% a taxa de mortalidade dessas espécies, não demonstrando em sua totalidade a real taxa de mortalidade.

Esses encalhes, inclusive, são registrados na maioria das vezes durante a temporada reprodutiva que se dá de Setembro a Março. Segundo o Instituto, nesse período as tartarugas estão mais próximas da costa, e mais suscetíveis às ameaças e atividades de pesca, poluição, e colisão com as embarcações.

Na natureza e sem interferências, a expectativa de vida de uma tartaruga chega até os 80 anos. Contudo, a faixa etária das tartarugas-verdes encontradas nas praias de Alagoas é entre 5 a 10 anos, ou seja, esses animais estão morrendo antes de começar sua vida sexual, aos 30 anos.