Economia

Braskem salta mais de 30% em dois pregões com novos rumores sobre venda da companhia

Analistas destacam otimismo, mas apontam alguns obstáculos à operação

Por InfoMoney 13/10/2022 15h03
Braskem salta mais de 30% em dois pregões com novos rumores sobre venda da companhia
Empresa Braskem - Foto: Divulgação

Uma nova sessão, uma nova disparada. Após um salto de 20,4% na terça, as ações da Braskem (BRKM5) disparam cerca de 10% nesta quinta-feira. Desde o fechamento de segunda-feira, antes dos rumores (a R$ 27,89), até as máximas desta quinta (a R$ 38,49), o salto dos ativos é de 38% em apenas dois pregões. Por volta das 13h55 (horário de Brasília) desta quinta, os ativos BRKM5 subiam 10,42%, a R$ 37,08.

O movimento de alta foi impulsionado por informações dos jornais O Globo e do Valor de que a gestora americana Apollo teria melhorado sua oferta para aquisição da companhia.

A informação do Valor era de que o preço por ação oferecido havia sido de R$ 47 por ação (cerca de R$ 37 bilhões na avaliação total), um montante 40% superior ao fechamento das ações da empresa na terça.

Uma fonte relatada pelo jornal disse que a oferta da Apollo provavelmente dependeria de uma due diligence (processo de investigação e análise) relacionada à situação da Braskem em Alagoas, pois a Apollo ainda vê riscos relacionados aos processos judiciais, avanços recentes da Braskem em negociações com autoridades e acordos judiciais.

A Braskem enfrentou polêmica envolvendo a operação de extração de sal-gema da companhia em Maceió, capital do estado, que resultou em severos danos a um dos bairros da capital alagoana. Além disso, a Apollo já mencionou a oferta de R$ 47 em conversas informais e deve agora fazer uma proposta formal.

A coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, havia informado anteriormente (na terça de manhã) que a gestora americana tinha feito uma oferta de R$ 50 por ação, uma proposta 25% acima da anterior. A oferta incluiria o fechamento de capital da empresa na B3 e a posterior reabertura na Bolsa de Nova York, afirmou o colunista.

Na própria terça-feira, a Braskem divulgou um comunicado com a resposta de seus dois grandes acionistas sobre a notícia, Nonovor (ex-Odebrecht) e Petrobras (PETR3;PETR4). Ambos declararam não terem informações adicionais ao que já foi divulgado e a Nonovor afirma não ter tido evoluções materiais no processo de alienação da sua posição na petroquímica.

A proposta não seria vinculante, e a aposta de alguns operadores de mercado é de que a Novonor vai pensar muito antes de aceitar a oferta.

De acordo com fontes de mercado ouvidas pelo Broadcast, a Braskem é o único “trunfo” que a companhia tem em mãos para sair de seus sérios problemas financeiros. Além disso, há o fator complicador de a Petrobras, uma empresa estatal, ser sócia no negócio.

“A Novonor deve vender a Braskem se tiver certeza de que conseguirá resolver seu problema de endividamento com o negócio”, disse uma fonte do setor de fusões e aquisições, que pediu anonimato. “Se vender e, mesmo assim, não conseguir pagar toda a dívida, talvez não valha a pena.”

O fundo Apollo é considerado bem posicionado no setor petroquímico, tendo condições de tocar a administração da companhia em caso de um fechamento de negócio.

No passado, a Braskem chegou a firmar conversas avançadas com uma outra gigante de seu setor, a holandesa LyondellBasell. As negociações começaram ainda em 2017 e se estenderam até 2019, ainda antes do início da pandemia.

Entre os motivos para a venda para a Lyondell não ter ido adiante, estavam questões regulatórias que a Braskem enfrentou nos EUA e também a polêmica sobre a operação de extração de sal-gema em Maceió. Na época, dificuldade de prever os custos com essa questão teriam contribuído para que a multinacional holandesa desistisse do negócio.

A Ativa Investimentos lembrou que, em abril, a gestora Apollo já havia oferecido R$ 44,57 por ação pela Braskem. “Agora, a [suposta] nova proposta de R$ 50 por ação favorece o negócio”, destaca.