Economia

Somente 18,3% das empresas criadas em Alagoas sobreviveram a última década

Dados foram divulgados pelo IBGE

Por 7Segundos com IBGE 26/10/2022 10h10
Somente 18,3% das empresas criadas em Alagoas sobreviveram a última década
Empresas - Foto: Bench Accounting/Unsplash

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira (26) o saldo de entrada e saída de empresas no mercado brasileiro. A pesquisa avaliou a taxa de sobrevivência das empresas criadas no ano de 2010, até 2020. Na última década, 18,3% dos 6.448 negócios criados em Alagoas tiveram chance de sobreviver em Alagoas.

A nível nacional, o saldo entre empresas entrantes no mercado e que saíram manteve-se positivo em 2020: 192,0 mil. Apesar da pandemia, este foi o segundo ano de saldo positivo, desde 2018 (menos 65,9 mil empresas). A taxa de sobrevivência (percentual das empresas ativas em 2019 e continuaram em 2020) foi de 83,1%.
As informações são do estudo “Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo”, divulgado hoje pelo IBGE.

Em 2020, segundo o Cadastro Central de Empresas (Cempre) do IBGE, o país tinha 4,9 milhões de empresas ativas que empregavam 39,4 milhões de pessoas, sendo 32,4 milhões (82,3%) como assalariadas e 7,0 milhões (17,7%) na condição de sócios ou proprietários. Os salários e outras remunerações pagos somaram R$ 1,1 trilhão, com um salário médio mensal de R$ 2.568,48. A idade média das empresas era de 11,6 anos, a mesma média de 2018 e quase igual à de 2019 (11,7 anos).

As informações são do estudo “Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo”, divulgado hoje pelo IBGE.

Efeitos da pandemia não foram completamente observados

A taxa de entrada caiu de 20,2% em 2019 para 16,9% em 2020 e a de saída, de 14,0% para 13,0%. Para o gerente da pesquisa, Thiego Gonçalves Ferreira, seria natural haver redução na taxa de entrada, mas não na de saída, que foi a menor desde 2008. Porém o fenômeno se repetiu em outros países: de 12 nações analisadas, oito reportaram queda na saída de empresas.

“Talvez os efeitos da pandemia ainda levem mais tempo para serem identificados. Algumas políticas públicas contribuíram para a sobrevida das empresas, como o Programa de Manutenção de Emprego e Renda e o Pronampe. Além disso, o choque inicial provocado pela COVID-19 foi sentido no país a partir de março. As empresas que funcionaram até esse período, mesmo que tenham encerrado as atividades nos meses seguintes, não entram na estatística de saída, por uma questão metodológica baseada em manuais internacionais”, destaca Ferreira.

Ele explica que os dados surpreenderam e devem ser observados com certa cautela, principalmente na comparação com os anos anteriores, pois a partir de 2019 a pesquisa sofreu uma alteração na metodologia que define organizações ativas, em razão denovo sistema de registro adotado pelo governo federal.

Empresas sobreviventes empregam 97,9% dos assalariados

Diferentemente do Cempre (35,3 milhões de empresas), a Demografia das Empresas considera somente unidades ativas que pertencem a natureza jurídica de entidades empresariais, excluindo, portanto, órgãos da administração pública, entidades sem fins lucrativos e as organizações internacionais que atuam no país. Vale lembrar que também não são considerados os Microempreendedores Individuais (MEIs).

Entre as 4,9 milhões de empresas ativas, 4,0 milhões são sobreviventes, ou seja, já estavam em atividade em 2019, o que representa uma taxa de sobrevivência 83,1%. Entraram em atividade 826 mil (16,9%), sendo a maior parte (670 mil) empresas nascidas e 157 mil, reentradas. Saíram do mercado 13,0% (634 mil empresas), a menor taxa desde o início da série histórica, em 2008.

Dos 39,4 milhões de pessoas ocupadas das empresas ativas, quase 96% estão presentes nas empresas sobreviventes. Elas remuneram, em média, R$ 2.581 ante R$ 1.469 das empresas entrantes.

Ferreira ressalta que as empresas sobreviventes, no geral, possuem um porte maior, além de responderem pela maioria das ocupações e pagarem salários mais elevados, o que possivelmente contribui para atrair mais profissionais com ensino superior.

“As sobreviventes destacaram-se em pessoal assalariado (97,9%), em salários e outras remunerações (99,3%), em salários mensais e por terem 14,7% da sua mão de obra com nível superior. Já as entrantes de 2020 tiveram participação de 2,1% de pessoal assalariado e 7,6% de nível superior, enquanto aquelas que saíram do mercado, empregavam 1,5% dos assalariados e 8,2% com maior escolaridade”, exemplifica.

Houve predomínio de empresas de menor porte em relação às entradas e às saídas. Cerca de 78,7% das que entraram no mercado em 2020 não tinham pessoal ocupado assalariado, mas apenas sócios ou proprietários, e 19,9% possuíam 1 a 9 pessoas assalariadas. Da mesma forma, com relação às saídas, 79,9% não tinham assalariados, e 18,8%, de 1 a 9 pessoas assalariadas.

Empresas que fecharam tinham maior proporção de mulheres assalariadas


No total de empresas ativas em 2020, 38,8% da mão de obra era feminina. Porém, quando analisado por evento demográfico, as empresas entrantes ocupavam 40,5% de mulheres assalariadas e nas saídas o percentual foi ainda maior, 44,1%, sendo, inclusive, o maior da série histórica. Conforme ressalva Thiego, “Contribuíram para esse resultado dois setores que empregam majoritariamente mulheres ao mesmo tempo que foram afetados na pandemia: Alojamento e alimentação e Educação”

Comércio puxa saldo positivo de empresas, mas perde pessoal ocupado


O setor que mais puxou o saldo positivo de 192 mil empresas foi Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, com saldo de 39 mil, seguida pelas Atividades profissionais, científicas e técnicas (35 mil) e Saúde humana e serviços sociais (27 mil).

“Apesar do saldo positivo de entradas e saídas de empresas, o comércio foi um dos setores que mais perderam pessoal frente ao ano anterior: menos 222 mil, ficando atrás apenas de alojamento e alimentação, que perdeu 373 mil pessoas”, ressalva Ferreira.

Outro destaque, segundo o gerente da pesquisa, foi “a importância do porte na taxa de sobrevivência a longo prazo. Entre as empresas sem empregados que nasceram em 2015, apenas 35,5% sobrevivem após cinco anos. Já entre as empresas com dez ou mais pessoas ocupadas que nasceram no mesmo ano, a taxa foi quase o dobro, 67,5%”.

A pesquisa também revela como ocorreu a migração de porte entre as empresas que sobreviveram. As empresas que se mantiveram na mesma faixa de pessoal assalariado somaram 88,6%. Somente 4,5% passaram para uma faixa superior, o menor valor da série histórica, assim como a taxa das que reduziram o número de empregados 7%. “Como muito menos empresas subiram de faixa, isso indica um efeito líquido de -2,5%, a segunda maior queda da série”, ressalta Ferreira.

Na pandemia, a expansão de novas unidades locais desacelerou


Em 2019, cerca de 9,0% das unidades locais entrantes vinham de empresas que já estavam no mercado, taxa que caiu para 6,3% em 2020. “As empresas que já estavam no mercado foram cautelosas durante a pandemia”, diz o gerente da pesquisa.

Entre as unidades da federação, Santa Catarina se destaca, com uma taxa de sobrevivência de 27,6% das unidades locais nascidas em 2010. Na outra ponta, Acre tinha a menor taxa de sobrevivência (13,2%). “Entre a maior e a menor taxa há um gap de 14,4 pontos percentuais”, resume Ferreira.

Após dois anos em alta, número de empresas de alto crescimento recua em 2020

O número de empresas de alto crescimento caiu 2,6% em 2020 e fechou em 24,4 mil. Em 2019, essa marca havia sido de 25,0 mil, com alta de 10,0%. Entretanto, o pessoal ocupado assalariado cresceu 8,3% frente a 2019.

“Quem mais contribuiu para o aumento de pessoal assalariado foram as empresas com 250 ou mais assalariados. De 2019 para 2020, a participação dessas empresas subiu de 8,8% para 9,2% no total de empresas”, analisa Thiego.

Empresas de alto crescimento são as que têm crescimento médio do pessoal ocupado assalariado de pelo menos 20% ao ano, por um período de três anos, e tem 10 ou mais pessoas ocupadas assalariadas no ano inicial da observação.

De 2017 a 2020, o pessoal assalariado aumentou 175,2% nas empresas de alto crescimento, contra um avanço de 13,2% no conjunto das empresas com assalariados.

Sudeste abriga quase metade das empresas de alto crescimento do país


A região Sudeste possui 46,6% das empresas de alto crescimento do país, seguida por Sul (20,4%), Nordeste (17,0%), Centro-Oeste (9,6%) e Norte (6,4%).

Como o gráfico 8 demonstra, a região Norte tem 1,3 ponto percentual (p.p.) a mais na distribuição de empresas de alto crescimento do que entre aquelas com 10 assalariados ou mais, enquanto na região Sudeste a relação é oposta, com distribuição 1,9 p.p. inferior.

Brasil tinha 2,8 mil empresas “gazelas” em 2020


A participação de empresas “gazelas” no conjunto das empresas de alto crescimento se manteve praticamente estável, de 11,4% (2 768) em 2020, enquanto em 2019 tinha 11,2% (2 805).

Em 2020, houve queda no pessoal ocupado assalariado em empresas “gazelas”, quando o número atingido foi de 212,4 mil frente a marca de 214,3 mil em 2019. Com a pequena queda, 2020 tem agora o terceiro pior nível desde 2008 (posição previamente ocupada por 2019). Os anos de 2017 e 2018, ambos com número de pessoal ocupado assalariado de 198,8 mil, completam a lista.

Empresas “gazelas” são um subconjunto das empresas de alto crescimento, formado pelas entidades mais jovens, situadas na faixa de 3 até 5 anos no ano de referência e que apresentam crescimento médio anual superior a 20%, em um período de três anos.

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