Política

Em despedida, Collor diz que solução de crises não passa pela “excitação do poder das togas”, nem pelo “sonho da marcha dos coturnos”

Senador deixa a Casa após 16 anos de mandato

27/12/2022 10h10
Em despedida, Collor diz que solução de crises não passa pela “excitação do poder das togas”, nem pelo “sonho da marcha dos coturnos”
Fernando Collor - Foto: Assessoria

Chega ao fim, nos próximos dias, a era política do senador Fernando Collor no Congresso Nacional. Demonstrando preocupação, o parlamentar deixa o cargo, após 16 anos de mandato, “Termino a minha missão, neste Senado Federal, ainda preocupado”, disse Collor durante seu pronunciamento de despedida.

O senador chegou a afirmar que chegou a vivenciar a grave crise política de 2014 e 2015, a radicalização ideológica das eleições de 2018 e as de 2022, mas que se diz estar com profunda apreensão à polarização que ficou do último pleito.

“Sinto, com profunda apreensão, que precisamos, urgentemente, resgatar valores, recuperar ideais, refundar a política e, acima de tudo, revigorar nossas instituições. Diante da polarizada divisão da população e perante o mundo desgovernado, devemos assumir o compromisso do momento histórico para reencontrar o caminho sereno do diálogo, restabelecer o consenso e reintegrar, no Brasil e no mundo, o conjunto de ideias que, verdadeiramente, alimentam o debate político eficaz”, disse.

“Precisamos, em primeiro lugar, deixar de lado a ilusão de soluções simples ou salvadoras de discursos populistas ou enganosos e de versões mal-intencionadas dos problemas. Em segundo, precisamos evitar que a política se reduza de vez a uma prática ordinária da mera luta de classes, a permanente guerra de narrativas, mentiras e agressões. Definitivamente, não é esse o papel nem o perfil da política que todos nós almejamos”, afirmou.

“Mais do que entender e aceitar, devemos também convencer a todos de que a solução das crises do país e a moderação dos conflitos não passam - repito: não passam - pela excitação do poder das togas, muito menos pelo sonho da marcha dos coturnos”, disse.

A solução está e sempre estará na interlocução política no seu mais elevado patamar, incluídos aí, quando necessário, o uso tempestivo de instrumentos constitucionais como os freios e contrapesos entre os Poderes e o controle e fiscalização sistemáticos da impessoalidade e moralidade na condução de cada um dos órgãos e instituições públicas.