Justiça

Bolsonaro diz ter pedido à Defesa apuração sobre segurança das urnas após encontro com hacker

Walter Delgatti Neto afirmou que interlocutores do PL lhe propuseram utilizar um aplicativo em uma urna eletrônica para mostrar uma suposta fraude

Por 7Segundos com CNN Brasil 17/08/2023 19h07
Bolsonaro diz ter pedido à Defesa apuração sobre segurança das urnas após encontro com hacker
Ex-Presidente Jair Bolsonaro após depoimento na PF em 12 de julho - Foto: TON MOLINA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

A defesa de Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira (17) que o ex-presidente pediu ao Ministério da Defesa, no ano passado, a apuração sobre a segurança das urnas após encontro com o hacker Walter Delgatti Neto no Palácio da Alvorada.

“A defesa esclarece ainda que, diante de informações prestadas pelo Sr. Walter Delgatti Neto, quando de sua passagem pelo Palácio da Alvorada, acerca de suposta vulnerabilidade no sistema eleitoral, o então Presidente da República, na presença de testemunhas, determinou ao Ministério da Defesa a apuração das alegações, de acordo com os procedimentos legais e em conformidade com os princípios republicanos, seguindo o mesmo padrão de conduta observado em todas as suas açõesenquanto chefe de Estado”, diz nota enviada à imprensa pela equipe do ex-presidente.

Delgatti depôs nesta quinta-feira à CPMI do 8 de janeiro e, entre outros pontos, detalhou um encontro que teve com Bolsonaro, a deputada federal Carla Zambelli (wPL-SP), o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e o general Marcelo Câmara.

“A ideia era falar sobre as urnas, e a conversa foi técnica até que o presidente me disse: ‘A parte técnica eu não entendo. Então, eu irei enviá-lo ao Ministério da Defesa e com os técnicos você explica tudo isso’. A conversa se resumiu a isso. E ele pediu que eu fizesse o que o Duda [Lima] havia dito sobre o 7 de setembro.” Duda Lima é profissional de marketing e fez a campanha de Bolsonaro em 2022.

Segundo Delgatti, interlocutores do Partido Liberal (PL) lhe propuseram utilizar um aplicativo em uma urna eletrônica (possivelmente emprestada pela Ordem dos Advogados do Brasil) mostrando que era possível o eleitor selecionar um candidato e o dispositivo contabilizar voto para outro.

O hacker afirmou ter aceitado o encontro com a parlamentar por ela ter lhe oferecido um emprego.

“Nisso, apareceu a oportunidade da deputada Carla Zambelli de um encontro com o Bolsonaro. Ele queria que eu autenticasse a lisura das eleições e, por ser o presidente da República, eu fui ao encontro. Eu estava desamparado, sem emprego, e ofereceram um emprego a mim. Por isso que fui até eles”, declarou Delgatti.

“A segunda ideia era, no dia 7 de setembro, eles pegarem uma urna, colocar um aplicativo meu lá e mostrar à população que é possível apertar um voto e sair outro. Eu faria o código-fonte da urna, não o do TSE. E nesse código meu eu inseria essas linhas, de códigos maliciosos. Feita para mostrar que a urna, se manipulada, sairia outro resultado. Um código-fonte fake.”

Na mesma nota, a defesa de Bolsonaro afirmou que Delgatti apresentou “informações falsas” na CPMI e citou crime de “calúnia”. Mais cedo, a defesa do ex-presidente disse que entrará com uma queixa-crime contra o hacker. A informação foi confirmada ao âncora da CNN Leandro Magalhães.

Leia a íntegra do comunicado de Bolsonaro:

Considerando as informações prestadas publicamente pelo depoente Sr. Walter Delgatti Neto perante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito na presente data, a defesa do ex-Presidente Jair Messias Bolsonaro, informa que adotará as medidas judiciais cabíveis em face do depoente, que apresentou informações e alegações falsas, totalmente desprovidas de qualquer tipo de prova, inclusive cometendo, em tese, o crime de calúnia.

A defesa esclarece ainda que, diante de informações prestadas pelo Sr. Walter Delgatti Neto, quando de sua passagem pelo Palácio da Alvorada, acerca de suposta vulnerabilidade no sistema eleitoral, o então Presidente da República, na presença de testemunhas, determinou ao Ministério da Defesa a apuração das alegações, de acordo com os procedimentos legais e em conformidade com os princípios republicanos, seguindo o mesmo padrão de conduta observado em todas as suas açõesenquanto chefe de Estado.

Após tal evento, o ex-Presidente nunca mais esteve na presença de tal depoente ou com ele manteve qualquer tipo de contato direto ou indireto.