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Zagallo deixa herança para caçula e revela decepção com filhos em testamento

No caso do documento assinado por Zagallo, ele optou por destinar os 50% na totalidade para o caçula

Por Notícias da TV 24/01/2024 14h02
Zagallo deixa herança para caçula e revela decepção com filhos em testamento
Jogador Zagallo - Foto: CBF

Antes de morrer, Mario Jorge Lobo Zagallo (1931-2024) deixou explícito seu descontentamento com três dos quatro filhos, a quem ele acusa de tentativa de extorsão e de anulação do inventário de Alcina de Castro Zagallo, sua mulher, morta em 2012. O ex-jogador e técnico de futebol expressou em seu testamento o desejo de deixar metade dos bens apenas para o caçula, Mario Cesar de Castro Zagallo.

O pedido de abertura e cumprimento do testamento foi feito em 9 de janeiro, quatro dias depois da morte do tetracampeão. O Notícias da TV teve acesso à escritura de testamento público de Zagallo, assinada em novembro de 2016. No documento, ele nomeia o caçula como inventariante dos bens e se diz "profundamente triste e magoado" com os outros três herdeiros.

Por esse motivo, ele deixou metade dos bens para Mario Cesar. A lei brasileira diz que tudo que uma pessoa possui precisa ser dividida em duas partes iguais: uma delas, de 50%, é destinada obrigatoriamente aos herdeiros diretos, como filhos e esposa. Os outros 50% podem ser distribuídos da maneira que o legatário expressar em seu testamento.

No caso do documento assinado por Zagallo, ele optou por destinar os 50% na totalidade para o caçula. A segunda metade dos bens foi partilhada entre os quatro filhos, totalizando 12,5% da herança para cada um. Assim, Mario Cesar ficará com 62,5% dos bens, enquanto os irmãos terão apenas 12,5%.

O ícone da história do futebol mundial afirmou que os filhos Paulo Jorge de Castro Zagallo, Maria Emília de Castro Zagallo e Maria Cristina Zagallo Ballester tentaram anular o cumprimento do testamento de Alcina de Castro Zagallo, mulher do ex-jogador morta em 2012. Segundo Zagallo, a medida seria para impedir que ele tivesse direito aos bens da própria esposa.

"O testador deseja, como última vontade, deixar a totalidade da parte disponível de seu patrimônio para o filho mais novo, Mario Cesar de Castro Zagallo. Tal escolha se deu pela profunda decepção com seus três outros filhos", afirma um trecho do documento obtido pela reportagem.

Como maneira de retribuir todo o carinho e a dedicação que Mario Cesar tem lhe dispensado, principalmente no período de pós-morte de sua esposa, quando seus outros três filhos desistiram de lhe dar atenção e carinho."Tem ciência dos procedimentos judiciais manejados por esses outros três contra sua esposa, no intuito de tornar nulo o inventário de sua esposa realizado há mais de quatro anos, o que lhe acomete da mais profunda tristeza e mágoa", narra o tabelião Luiz Fernando Carvalho Faria.

O Notícias da TV procurou os quatro filhos de Mario Jorge Lobo Zagallo e também seus advogados via e-mail e telefone na terça-feira (23), e também na manhã desta quarta (24), mas não houve resposta até a conclusão deste texto. Caso o façam, ele será atualizado.

Testamento da esposa de Zagallo

Paulo Jorge de Castro Zagallo, Maria Emília de Castro Zagallo e Maria Cristina Zagallo Ballester, processaram Zagallo sob a acusação de "falsidade ideológica" após ele alegar que sua esposa, Alcina de Castro Zagallo, morreu sem deixar testamento, quando na verdade o documento existe e foi lavrado por ela em 1984.

Na abertura do processo de inventário de Alcina, todos os filhos concordaram em tornar o pai administrador dos bens dela, estimados em mais de R$ 1,5 milhão. Os herdeiros assinaram um documento em cartório no qual abriram mão da herança da matriarca para que a totalidade permanecesse com o pai.

Paulo Jorge, Maria Emília, e Maria Cristina voltaram atrás da decisão três anos depois, em 2016. Eles apresentaram o testamento deixado por Alcina, e acusaram Zagallo de omitir a existência do documento. Eles, então, pediram que o inventário dela fosse anulado para que seus bens fossem redistribuídos. A ação não deu em nada.

Isso porque Alcina deixou escrito no testamento exatamente o que foi cumprido: que o marido ficasse com a totalidade dos bens imóveis e investimentos em terras e bancos. A Justiça do Rio de Janeiro julgou improcedente a nulidade do inventário da mulher, e o caso foi arquivado em fevereiro de 2020.