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jogador de vôlei sofre ataques homofóbicos em Recife

Anderson Melo fez um longo desabafo na web, no sábado (16/3), após ouvir ofensas como “saca na bicha”, “é mulher” e “usa calcinha”

Por Metrópolis 17/03/2024 13h01
jogador de vôlei sofre ataques homofóbicos em Recife
Jogador de vôlei sofre homofobia em Recife - Foto: reprodução

Mais uma vez, o preconceito invadiu as quadras e um atleta brasileiro foi alvo de ataques homofóbicos. Desta vez, a vítima foi o jogador de vôlei Anderson Melo, durante a 2ª etapa do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, em Recife, Pernambuco, na última quinta-feira (14/3).

Nas redes sociais, no sábado (16/3), o jogador compartilhou os vídeos nos quais era possível ouvir algumas pessoas que assistiam à partida diziam coisas como “saca na bicha”, “é mulher” e “usa calcinha”. Ele aproveitou para fazer um longo desabafo:

“Uma foto para ficar na minha história e em seguida alguns vídeos que falam por si. Não sei se vão ler meu texto todo por não ser um atleta conhecido mundialmente, não sei se serei ouvido como gostaria, eu só sei que estou sem chão e pela primeira vez tiraram meu sorriso e as palavras, mas vou tentar”, começou o jogador, de 32 anos.

Em seguida, ele falou sobre o episódio de homofobia: “Demorei a escrever porque eu precisava digerir o que aconteceu naquela quadra. No ambiente que mais amo estar, sofri ataques homofóbicos continuadamente e pela primeira vez na vida não consegui reagir. Eu não estava acreditando no que estava acontecendo e eu só lembrava da minha mãe, o quanto ela tinha medo de me ver sofrer por ser homossexual. E, infelizmente, ela não estava aqui para me proteger e nem ninguém”.

E continuou seu desabafo: “Me senti completamente acoado e sem entender porque as pessoas estavam fazendo aquilo. Um ambiente feito para as pessoas apreciarem os atletas, torcer para seus favoritos é claro, mas não necessariamente tentar diminuir, xingar, debochar ou tentar ridicularizar alguém”.

Na sequência, Anderson Melo contou como se sentiu e relatou que já procurou a polícia: “Perdi o chão. Perdi a bola. Perdi o jogo. Mas não a minha força em estar aqui dividindo com vocês um crime explícito. Fiz o Boletim de Ocorrência e ainda não sei quais serão os próximos passos. Mas com certeza o primeiro pós-delegacia é me recompor como atleta, como cidadão e me orgulhar do filho que minha mãe criou com tanto amor


Na sequência, Anderson Melo contou como se sentiu e relatou que já procurou a polícia: “Perdi o chão. Perdi a bola. Perdi o jogo. Mas não a minha força em estar aqui dividindo com vocês um crime explícito. Fiz o Boletim de Ocorrência e ainda não sei quais serão os próximos passos. Mas com certeza o primeiro pós-delegacia é me recompor como atleta, como cidadão e me orgulhar do filho que minha mãe criou com tanto amor”.

E finalizou: “Eu tenho muito orgulho de ser quem eu sou, do jeito que sou e, assim como eu, todos têm o direito de ser respeitados. Faço um apelo para que este assunto não fique em vão, faço um apelo para as autoridades locais, a CBV, aos meus fãs e amigos para que isso não se repita com mais ninguém. Que Deus e minha mãezinha me abençoem para este pesadelo não durar mais tantas noites e tantos dias”.

Órgão responsável pelos campeonatos de vôlei, a CBV emitiu um comunicado sobre o caso e afirmou estar tomando as medidas necessárias:

“A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) lamenta e repudia veementemente os ataques homofóbicos ao atleta Anderson Melo, feitos na quinta-feira (14/3) por pessoas que assistiam aos jogos da segunda etapa do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, em Recife. A CBV apurou os fatos, reviu as imagens da partida, conversou com a arbitragem e reuniu todas as informações necessárias para, neste sábado (16/3), protocolar um boletim de ocorrência em uma delegacia de Recife. O caso também será encaminhado ao Ministério Público local e a CBV acompanhará todos os desdobramentos”, afirmou a nota.

A instituição afirmou ainda que está divulgando, desde sexta-feira (15/3), uma mensagem antes de cada partida: “Atenção, torcedores! Racismo, homofobia e outros atos discriminatórios são crime, e não podem fazer parte dos eventos do voleibol brasileiro. Manifestações como as ocorridas nas quadras externas não podem se repetir. Esporte é diversidade, tolerância, respeito e inclusão! E respeito é um dos maiores valores que o esporte ensina! Vamos torcer com paixão! O voleibol por um mundo sem preconceito e discriminação!”, detalhou.

E encerrou a nota: “A CBV lamenta que Anderson Melo tenha sofrido essa violência e está prestando todo o auxílio ao atleta. A CBV reforça que não admite qualquer tipo de preconceito, entende que o esporte é uma ferramenta para propagação de valores como respeito, tolerância e igualdade; e agirá sempre para coibir qualquer manifestação discriminatória em seus eventos”.