Economia

Caderneta de poupança tem a maior valorização no semestre em seis anos

Segundo levantamento, a modalidade de investimento teve variação positiva em todos os seis primeiros meses deste ano

Por R7 28/06/2023 10h10
Caderneta de poupança tem a maior valorização no semestre em seis anos
Poupança é tradicional entre os brasileiros - Foto: Agência Brasil

Com a desaceleração da inflação nos últimos meses, a caderneta de poupança registrou o primeiro semestre de 2023 com o maior ganho real em seis anos. Segundo levantamento da Economatica, empresa de investimentos, a poupança teve variação positiva em todos os seis primeiros meses do ano, o que não ocorria desde 2027.

O acumulado da inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) nos últimos seis meses é de 2,95% ante o rendimento de 4,2% da caderneta de poupança, de acordo com o levantamento. Com isso, quem investiu nessa modalidade conseguiu uma rentabilidade real no período.

Entre outubro de 2020 e julho de 2022, a poupança teve uma sequência de resultados negativos para os poupadores, ao mesmo tempo em que o país registrava alta dos índices de preços, provocada pela retomada das atividades após a pandemia de Covid-19.

O cenário começou a mudar em agosto de 2022, quando a modalidade iniciou uma nova série de alta acima da inflação, uma boa notícia para os investidores da aplicação financeira mais tradicional do país.

Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo de estudos e pesquisas da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), explica que o longo período em que a poupança vinha perdendo rendimento frente a todos os outros investimentos tinha a ver com a taxa básica de juros, a Selic, que até março de 2021 estava em 2% ao ano.

Com isso, a poupança rende 0,5% mais a variação da TR. Depois, com a alta da Selic, quando a taxa fica acima de 8,5% ao ano, a poupança passa a render acima do 0,5% ao mês definido por lei. Atualmente, a taxa Selic está há dez meses consecutivos a 13,75% ao ano, mas o Banco Central já sinalizou redução para o segundo semestre.

"Nesse caso específico, a poupança vai continuar se destacando. Apesar de ela perder para a maioria dos fundos de investimentos, é uma boa alternativa, porque é uma aplicação fácil, e a maioria dos brasileiros conhece", diz o diretor-executivo da Anefac.

Atualmente, a poupança ganha de muitas aplicações de risco maior e está tendo rendimento real acima da inflação, porque o IPCA vem caindo e a Selic se mantém elevada, o que permite que a modalidade também mantenha rendimento em alta.

"De modo geral, a poupança se destaca, mas ela perde rentabilidade frente aos fundos de renda fixa, mesmo os fundos pagando Imposto de Renda e taxa administrativa. Mas a Selic a 13,75% ao ano faz com que os fundos tenham ganho superior ao da poupança. À medida que há uma tendência do Banco Central em reduzir a Selic, claro que esse processo gradativo não vai cair de uma hora para outra, cada vez que a taxa de juros cair, a poupança passa a ter uma rentabilidade maior frente aos fundos", explica Oliveira.

Neste momento a poupança é um bom investimento, ganha da inflação, mas perde para os fundos de renda fixa. Mas a Selic, à medida que for reduzida pelo Banco Central, vai começar a aproximar o ganho da poupança aos ganhos dos fundos de investimentos.