Cidades

[Vídeo] Profissões antigas resistem ao tempo em Palmeira dos Índios

Apesar da tecnologia, profissões do passado continuam sendo valorizadas pelos consumidores

Por Henrique Interaminense 02/02/2022 11h11 - Atualizado em 01/04/2022 08h08
[Vídeo] Profissões antigas resistem ao tempo em Palmeira dos Índios
Seu João é alfaiate há 50 anos. - Foto: Weverton Bruno

As mãos habilidosas do alfaiate João Albuquerque evidenciam a experiência adquirida em cinquenta anos no ofício de alfaiate, o profissional que produz roupas exclusivamente masculinas. O corte preciso e a atenção com cada milímetro produzem uma peça alinhada e sob medida para cada cliente. A profissão é uma raridade nos dias hoje. Mas, mesmo com tantas opções de lojas de roupas por aí, o seu João garante uma grande e fiel clientela.

"Muitos batem na minha porta e eu não tenho condições de fazer por causa do tempo que não tenho. Eu já tô pegando serviço pra março. Eu já tenho fevereiro completo de serviço. Na sociedade em geral, trabalhei pra muita gente, mas de quinze anos pra cá, eu comecei a trabalhar fazendo batina, camisa para padres, e hoje em dia, noventa por cento da minha clientela são padres."

É essa clientela abençoada que faz encomendas de vários estados do nordeste. Como diz o ditado, o hábito não faz o monge mas mostra quem ele é. E o padre Klebson faz questão de usar a batina produzida pelo Seu João no dia a dia. 

"Existe também para a batina um certo caimento, uma certa fabricação e pra isso existem bons alfaiates que a gente recorre, como aqui sempre recorro ao da região que é o seu João, que também faz ternos e calças", relatou o padre. 

É a dedicação e o amor pela profissão que também faz o Seu Manoel sobreviver como sapateiro há muitos anos. A preocupação com a qualidade de cada sapato que é consertado ou feito por ele e seu ajudante José Carlos fidelizam a clientela. "Parece que aquilo que Deus marca a gente não pode fugir, foi o calçado que deu certo pra mim e até hoje eu tô. Cada dia que passa a gente vai se aperfeiçoando mais, nunca tive professor mas o que eu faço, eu faço por amor", disse o Seu Manoel.

Muitas profissões se perderam com o tempo, outras resistem tão forte quanto o ferro e o aço utilizados nas ferramentas do Ferreiro Antônio, porém o trabalho pesado que mexe com ferro e fogo não atrai as pessoas para o serviço. "O meu serviço é meio pesado, trabalho com ferro quente, às vezes me queimo um pouco, mas a gente tem que enfrentar o dia a dia, pra conseguir a bóia e ir vivendo. O que eu mais faço aqui é chibanca, alavanca e picareta. isso já vem dos meus avós, meus pais, irmãos, todos trabalharam nessa profissão."

Para a professora da área de gestão e negócios, Lívia Jordana Ferro, essas profissões resistem ao tempo porque além da demanda dos consumidores por produtos mais personalizados, elas também se adaptam às novas tecnologias.

"As pessoas procuram bastante este tipo de trabalho porque elas querem um peça artesanal e manual, porque quando é feita dessa maneira tem toda a dedicação de amor naquele objeto. A tecnologia está presente em todas as áreas, e não é porque é uma peça artesanal que não precise da tecnologia. Então sempre eles estão inovando e eu acredito que essas profissões vão perdurar porque sempre haverá pessoas que vão procurar esse serviço", destacou ela.

Uma coisa é certa, esses profissionais estão no mercado há tanto tempo por causa da persistência e do amor pelo que fazem. E quando perguntados quando vão parar, a resposta a gente até adivinha. "Enquanto, eu puder trabalhar na profissão, eu vou trabalhar e respeitá-la também," disse o alfaiate, Seu João.