Raízes de Arapiraca: preservando a memória do povo arapiraquense

Registros podem ajudar futuras gerações a conhecer suas raízes, além de oferecer relatos importantes da cidade pela perspectiva de quem os vivenciou

Por Mackson Douglas |

Reportagem especial que o portal 7Segundos publica como uma série dividida em duas partes, a partir deste sábado (26). A segunda parte será publicada amanhã, 27 de outubro.


No próximo dia 30 de outubro, Arapiraca celebrará seu centenário, um marco significativo que destaca a trajetória de uma cidade em constante evolução, consolidando-se como um polo econômico e cultural em Alagoas. Um aspecto importante dessa história é o projeto Raízes de Arapiraca, que busca documentar e valorizar as trajetórias do povo arapiraquense.

A história de uma cidade é, também, a história do seu povo. Em Arapiraca, município com uma rica herança cultural e social, o projeto “Raízes de Arapiraca” surge como um importante registro histórico, que visa documentar e preservar a memória da cidade que completa 100 anos no dia 30 de outubro de 2024.

Lançado em 2018 e idealizado pelo deputado estadual Ricardo Nezinho, o projeto tem se consolidado como uma peça fundamental na preservação da identidade da cidade. Desde seu início, o Raízes de Arapiraca lançou 20 edições, sendo a mais recente publicada no dia 18 de agosto deste ano.

Os documentários do projeto mostram tanto pessoas ilustres do município, como políticos, empresários e personalidades, quanto pessoas simples do povo. Cada uma delas contribui com um legado para seus familiares e narra sua própria trajetória.

O objetivo é que esses registros ajudem as futuras gerações a conhecer suas raízes e ofereçam um relato dos acontecimentos importantes da cidade a partir da perspectiva daqueles que os vivenciaram.

Confira a abertura do projeto no vídeo abaixo:


Do luto à iniciativa: como a perda pessoal levou à criação do Raízes de Arapiraca

  • Ricardo Nezinho revelou que a vontade de iniciar o projeto nasceu após o falecimento de seu pai. Ele percebeu que, após a morte, não havia sido feito nenhum registro ou documentário sobre a vida do próprio pai, o que o motivou a criar uma iniciativa para preservar histórias e memórias importantes.

    “Um ano e meio após a morte do meu pai, minha mãe adoeceu. Ela foi levada para São Paulo, onde os médicos constataram que o câncer era incurável. A partir disso, em Maceió, fiz um documentário sobre a vida dela, para que ela pudesse compartilhar sua trajetória, já que sempre contava histórias de vida para mim e meus irmãos. Até hoje, todas as vezes que assisto ao documentário, me emociono”, disse o deputado.

    Após o acontecimento pessoal e emocional de criar um documentário sobre a vida da própria mãe, Ricardo Nezinho viu a importância de preservar histórias e memórias para as futuras gerações. Inspirado por essa experiência, ele decidiu expandir o projeto para incluir outras pessoas da cidade. Esse impulso levou ao lançamento do Raízes de Arapiraca.

  • “Seis anos depois da produção do documentário da minha mãe, eu quis fazer o mesmo com outras pessoas. A Partir disso, fiz a primeira edição do Raízes de Arapiraca em 2018 e, atualmente, estamos indo para a vigésima primeira edição com 400 documentários produzidos”, relatou.

    O projeto desempenha um papel crucial na preservação da história e na valorização da contribuição de indivíduos que, de forma direta e indireta, ajudaram a moldar o desenvolvimento do município. Ao relatar a vida dessas pessoas, Raízes de Arapiraca não apenas documenta as histórias e legados, mas também garante que essas memórias sejam preservadas no futuro.

    “Essas produções servem como valiosas fontes de pesquisa para historiadores e trabalhos escolares, permitindo uma compreensão mais profunda do passado da cidade. Além disso, ao manter as narrativas acessíveis para futuras gerações, o projeto assegura que as histórias de vida dos participantes continuem a ser estudadas e apreciadas, até mesmo daqui a 300 anos, oferecendo uma janela para a história e cultura local”, pontuou Ricardo Nezinho.

A singularidade do Raízes de Arapiraca no meio audiovisual e seu sucesso

O início do projeto, em 2018, começou com uma visão simples, sem imaginar o resultado imensurável que poderia gerar nos anos seguintes. Ao explorar a rica cultura de Arapiraca, o deputado percebeu a importância de documentar as histórias dos moradores, além de valorizar o trabalho dos produtores locais.

Ele conta que não imaginava o impacto, mas a paixão e dedicação da equipe foram essenciais para preservar a história e a identidade cultural da região. “Quando começamos a executar o Raízes de Arapiraca, não tínhamos noção até onde iríamos chegar, mas estávamos determinados a realizá-lo. Foi então que descobri que Arapiraca conta com pessoas altamente competentes na produção de documentários”, explicou Ricardo.

O projeto é construído e produzido por uma diversidade de talentos que residem no município. Na equipe há cinegrafistas, historiadores, webdesigner (profissional responsável por projetar e criar elementos visuais para websites), jornalista, cameraman (operador de máquina de filmar) e editores.

Atualmente, a meta dos organizadores é chegar a mil filmes. Hoje, de acordo com o deputado Ricardo Nezinho, com 400 documentários produzidos, o projeto já é considerado o maior documentário etnográfico do mundo. “Não existe outro igual ao Raízes de Arapiraca. Ele é único no mundo e, consequentemente, é o maior também”, afirmou.

Quando os primeiros documentários foram realizados, a equipe tinha plena consciência do impacto que a iniciativa poderia gerar. Ao eternizar as histórias de pessoas simples que contribuíram de forma significativa para o desenvolvimento de Arapiraca, o projeto se destacaria como algo histórico e singular.

Essa singularidade reforça a importância de registrar não apenas as vidas de figuras influentes, mas também daqueles que, mesmo com condições financeiras ou sociais limitadas, deixaram um legado admirável. Assim, desde o início, havia a certeza de que o Raízes de Arapiraca não apenas marcaria a história local, mas também se tornaria um modelo inspirador para todo o país.

A grandeza do projeto está na capacidade de revelar as histórias extraordinárias de pessoas comuns, muitas vezes invisíveis em meio à rotina, destacando a beleza das narrativas de superação, mostrando como indivíduos enfrentaram as dificuldades diárias com resiliência e dignidade.

“O projeto destaca histórias inspiradoras de pessoas simples que superaram grandes dificuldades. Por exemplo, antigamente, as pessoas caminhavam do Centro da cidade até a Vila Bananeira para buscar água. Esse é apenas um dos desafios que refletem a superação e os valores fundamentais de como criar uma família e viver de forma respeitosa”, finalizou Ricardo Nezinho.