[Vídeo] Projeto Move Mente estimula a interação social de crianças e jovens autistas através do esporte em Arapiraca

A prática da natação e do basquete promovem benefícios na coordenação motora e na interação entre os alunos do projeto

Por Giovanni Luiz/7Segundos |

Os encontros são semanais e cheios de estímulos e interatividade. Esse é o propósito do projeto Move Mente, realizado pelo Cemfra (Centro de Medicina Física e Reabilitação de Arapiraca) e direcionado para crianças, adolescentes e jovens autistas de Arapiraca e cidades circunvizinhas.

Uma equipe formada por três educadores físicos, duas psicólogas, uma assistente social e uma nutricionista presta assistência a 54 autistas nos três níveis de suporte (1,2 e 3) - os níveis de suporte são classificações utilizadas para avaliar o grau de necessidade de suporte que uma pessoa com autismo pode apresentar em áreas como comunicação, interação social e comportamento.

Participam alunos das cidades de Arapiraca, Igaci, Taquarana, Coité do Nóia e Campo Grande.

Dos três profissionais de educação física inseridos no projeto, dois deles trabalham diretamente com o estímulo à prática esportiva através da natação e do basquete, onde o objetivo principal é trabalhar a coordenação motora e estimular a interatividade social.

No geral, o trabalho visa atender a parte cognitiva e comportamental, através das psicólogas, enquanto os profissionais de educação física trabalham com a parte motora, melhorando também o tônus muscular.

O projeto é dividido em sete grupos. Dois deles funcionam às terças-feiras no período da tarde, onde são trabalhadas as habilidades sociais para os autistas de nível de suporte 1.

Na quarta-feira pela manhã são atendidos três grupos em suporte de nível 3 e na sexta-feira à tarde são atendidos dois grupos de suporte nível 2. 

O trabalho das duas psicólogas do projeto também é dividido. Uma das profissionais atende os grupos no dia a dia, enquanto a outra profissional atende o grupo de pais, que se reúne de 15 em 15 dias para receber as orientações relativas ao contato diário com os filhos.

O projeto Move Mente também conta com uma assistente social que realiza um trabalho voltado também aos direitos que os autistas têm enquanto cidadãos e cidadãs.

Também faz parte uma nutricionista que orienta aos pais quanto a questão da seletividade alimentar, para estimular os filhos a experimentar outros alimentos, a variar o cardápio e com isso, melhorar a qualidade de vida de cada um deles de maneira gradativa, seguindo uma programação feita com esse propósito. 

O projeto teve início há três anos, quando foi realizada uma busca ativa pelas crianças diagnosticadas com TEA anteriormente

  • Tudo começou em 2021 quando o gestor do Cemfra, Marcos Fontes, convidou o professor de educação física, Pablo Lucini, para dar início às atividades de natação e basquete voltados, incialmente, para os adolescentes e jovens que haviam sido atendidos pelo Espaço Trate (espaço de reabilitação e reintegração de crianças com autismo), inaugurado em 2011 pelo prefeito Luciano Barbosa.

    "Onde estavam essas crianças que tornaram-se adolescentes e jovens adultos? Como elas estavam? Foi o que despertou a gente a dar início a esse projeto, para que o trabalho realizado com eles anteriormente, tivesse continuidade, e aos poucos gente foi localizando as famílias. Começamos com uma turma de dez e agora temos quase 60 com a gente", disse Marcos Fontes.

    A educadora física Michelly Karla explicou que muitos dos adolescentes e jovens que estão no projeto não fizeram terapias quando eram menores. Já outros, foram diagnosticados com autismo tardiamente.

    "A ideia é trabalhar com esses jovens diante também das necessidades da adolescência e as mudanças que essa fase proporciona, pois eles precisam estar inseridos na sociedade, dentro da escola, nos shoppings, áreas de lazer, enfim, nos espaços de convívio social porque eles precisam interagir com a sociedade, fazer o que as demais pessoas fazem, sair, comprar, namorar, se encontrar com os amigos, vencer suas barreiras e suas dificuldades, como qualquer pessoa, viver um rotina normal, esse é o nosso objetivo aqui", destacou Michelly. 

  • O educador físico Pablo Lucini, que há décadas realiza um trabalho de práticas esportivas voltado para crianças com deficiência em Arapiraca e Maceió, enfatizou que o objetivo principal não é descobrir nenhum talento no esporte, mas sim promover a inclusão social destes jovens e crianças.

    "Esporte é saúde, então com o tempo os pais começam a perceber que o filhos começam a dormir melhor, a tomar menos medicamentos, então, nós estamos trabalhando e falando aqui em qualidade de vida, estimulando esse lado entre eles", destacou Pablo Lucini.

    Pablo enfatizou ainda que em 2024 o número de alunos no projeto Move Mente triplicou.

    "Sinal de que estamos seguindo no caminho certo", complementou.

    Já o também educador físico Anderson Santos comentou sobre os resultados do trabalho.

    "É sempre um prazer estar aqui trabalhando a coordenação motora e psíquica deste jovens e crianças e toda vez que a gente vem pra cá a gente observa a melhoria na questão da ansiedade, depressão, do sistema locomotor de cada criança, a gente vem acompanhando essa resposta dos pais e dos alunos e isso é muito prazeroso", afirmou Anderson.

Assista a reportagem em vídeo no link abaixo: