Brasil

Em um ano, mortes em assaltos a bancos no país quase duplicam

Levantamento feito por confedera&ccedil;&atilde;o mostra que registro pulou de 11 para 20<br />

Por R7 08/09/2011 17h05
O número de mortes em assaltos a bancos no país quase duplicou entre o primeiro semestre de 2010 e o mesmo período de 2011. A denúncia foi feita pela Contraf (confederação que reúne sindicatos de trabalhadores do setor financeiro) com base em levantamento feito pela própria instituição. Segundo a confederação, 20 pessoas morreram em roubos a bancos nos primeiros seis meses deste ano, número 81% maior que o registrado no mesmo período de 2010, quando ocorreram 11 mortes.
O número de assassinatos até setembro já chega a 31, maior que o registrado em todo o ano passado, quando 20 pessoas morreram. A contagem inclui os casos de “saidinhas de banco”, quando os criminosos seguem os clientes que acabaram de sacar dinheiro dos caixas e deixam as agências bancárias.

Em todo o país, foram 838 roubos a instituições bancárias nos primeiros seis meses do ano, dos quais 301 foram assaltos a agências e 537 arrombamento de caixas eletrônicos. O levantamento da Contraf foi feito com base em dados das secretarias de segurança pública dos Estados e de notícias veiculadas pela imprensa.

No Estado de São Paulo, foram registrados 104 assaltos e 179 arrombamentos de caixa de janeiro a agosto, num total de 283 casos que a confederação classifica como “ataques a banco”. Segundo dados oficiais da Secretaria de Segurança Pública estadual, que contabiliza apenas casos de “roubo a banco”, foram 126 ocorrências.

Medidas de segurança

A Contraf reclama das condições de segurança oferecidas pelos bancos. De acordo com a entidade, foi realizada na terça-feira (6) uma reunião com a Fenaban (entidade que representa os bancos), mas não houve proposta efetiva de novas medidas por parte dos bancos.
Os bancários reivindicam que sejam instaladas câmeras de monitoramento em tempo real em todas as áreas dos bancos, vidros blindados nas fachadas, divisórias entre os caixas e biombos entre os caixas eletrônicos e que os funcionários não façam a guarda das chaves das agências.

Entretanto, de acordo com o coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária da Contraf, Ademir Wiederkehr, os bancos não apresentaram propostas para as reivindicações.

- Os bancos são muito gananciosos e enxergam tudo como custo (...). Essa questão vai ter que voltar a ser tratada, e nós vamos pressionar os bancos. Se tiver que fazer greve, vamos fazer greve.

Em nota, a Fenaban disse que a “convenção coletiva de trabalho dos bancários é robusta”, e que “sua abrangência minimiza a necessidade de novas adições”. Ainda assim, diz a federação, vários itens estão “em estudo para consulta aos bancos” para ser feita uma proposta.

O ex-subsecretário nacional de Segurança Pública e pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública Guaracy Mingardi diz que os bancos podem tomar algumas medidas para aumentar a segurança, mas que “quem tem que cuidar do crime profissional é a segurança pública”.

Ele diz, ainda, não concordar com todas as propostas apresentadas pelos bancários. De acordo com o consultor, o monitoramento das agências com “câmeras boas e instaladas em todo lugar” é a medida que mais pode ajudar.

- É a melhor. Inclusive se isso for feito não apenas pelo banco, mas vinculado à prefeitura nas áreas externas.

Mingardi, entretanto, discorda da blindagem das fachadas das agências. Para ele, em caso de assalto com reféns, o interior dos bancos ficaria inacessível para a polícia, criando uma fortaleza para os bandidos