A comoção em todo o estado de Alagoas, ocorrida pela morte do ex-senador e prefeito da Barra de São Miguel, Biu de Lira, não foi suficiente para apagar as mágoas de pelo menos dois personagens políticos importantes do estado.

Simbolicamente, ambos foram concorrentes ao mesmo cargo, na épica eleição para o senado em 2010. Um deles venceu, junto com Biu; a segunda, infelizmente, amargou uma derrota de virada para os veteranos personagens.

Renan Calheiros (o pai) e Heloísa Helena foram os dois únicos políticos alagoanos de grosso calibre que não se posicionaram, nas redes, sobre a morte de Benedito de Lira.

Renan levou para o pessoal a inimizade que nutre pelo filho de Biu, Arthur Lira. Ironicamente, o silêncio do pai acontece cerca de 24 horas após o filho, ministro Renan Filho, dizer abertamente em uma entrevista que “não tem diferenças insuperáveis” com o grupo de Arthur.

Já Heloísa ainda nutre a mágoa de uma campanha realizada há quinze anos - que, de fato, teve lances de golpes abaixo da linha de cintura. Injustamente, foi acusada de ser uma senadora de baixa produtividade. Apelidada de “maritaca” (ave que tem um canto estridente e desconfortável aos ouvidos humanos).

Fora de Alagoas, mas ainda com a lembrança viva do que sofreu naquela eleição, HH preferiu o silêncio.

Esse tipo de comportamento, em geral, não é comum no meio político. O luto, comum a todos nós, normalmente une os diferentes num mesmo espírito de solidariedade. Levanta uma trégua simbólica para nos lembrar que a vida é finita e está acima das disputas mundanas.

Assim deveria ser.