Uma luz no fim do túnel: O empreendedorismo ‘devolve à vida’ mães atípicas esquecidas pelo mercado de trabalho formal

Com a escassez de vagas de trabalho, essas mulheres se uniram para fortalecer seus pequenos negócios gerando renda para suas famílias e movimentando a economia local

Por Wanessa Santos |

O que você faria se fosse mãe solo de uma criança com deficiência, sem rede de apoio, que precisa cuidar do seu filho 24h por dia, mas que, também, precisa gerar renda para se sustentar e sustentar sua criança? Bom, parece uma missão impossível, mas é exatamente o que cerca de cinco mil mulheres, mães alagoanas, fazem para sobreviver. Sem oportunidade de trabalho no mercado formal, elas acabaram partindo para a única forma possível, para muitas delas, de estarem inseridas no contexto econômico atual: o empreendedorismo individual.

Criar um filho, em condições normais, já exige gastos além do que normalmente se tem. Imagine quando a criança, ou as crianças, têm a necessidade de usar medicações caras o tempo todo? Ou quando precisam de alimentação especial diariamente? Ou, ainda, quando elas devem estar em tratamento terapêutico constante para que possam desenvolver habilidades básicas? Tudo isso tem custos. E não são nada baratos.

Segundo dados do Censo Estadual da Pessoa com Deficiência (PCDs), realizado pela Secretaria de Estado da Cidadania e da Pessoa com Deficiência (Secdef), Alagoas possui cerca de 5.141 PCDs. Dessas mais de cinco mil pessoas, só de autistas são mais de 2.200 indivíduos, o que dá cerca de 44.09% dessa população. Levando em consideração que a maioria dessas pessoas autistas descritas no Censo Estadual são crianças, estima-se que o número de mães atípicas desse público seja aproximadamente mesmo.

Foto - Divulgação/Secdef

Mas, afinal, como essas mulheres conseguem gerar renda? Como conseguem dedicar-se de maneira integral aos cuidados dessas crianças que, muitas das vezes, necessitam de ajuda total para realizar atividades básicas do dia a dia, e ao mesmo tempo trabalhar para ganhar dinheiro e sobreviver? A resposta é simples e surpreendente, ao mesmo tempo: elas encontraram no empreendedorismo individual a porta de saída para essa dura realidade. A atividade vista, anteriormente, como algo para aqueles que cansaram de trabalhar para alguém, e que, agora, querem ser seus próprios patrões – tendo, assim, mais chances de lucrar, de ascender economicamente, agora é chance única de meio de sobrevivência para muitas dessas mulheres, ou, a maneira certa de complementar uma renda familiar insuficiente.

Um exemplo disso é a confeiteira Luana Rodrigues. Ela, que é mãe solo, e não somente de uma criança atípica, mas sim de cinco, conta os desafios de dar conta dos cuidados com todos os filhos, além de ter que driblar as adversidades de uma rotina exaustiva de trabalho formal e informal.

Luana Rodrigues, e seus cinco filhos - Foto: Cortesia

A história da Luana se confunde com a história da maioria das mães de PCDs no Brasil. Assim como boa parte dessas mulheres, ela é mãe solo, tendo se divorciado do genitor dos filhos há cinco anos. Luana, que foi vítima de violência doméstica, precisou solicitar medida protetiva da justiça para salvaguardar sua integridade física e poder viver em paz com suas crianças. A ação, em decorrência da violência que viveu no fim do casamento, já esta encerrada em 1º grau, e segue em grau de recurso, com parecer Ministerial em favor da manutenção da sentença. Hoje, os filhos de Luana recebem pensão do genitor, entretanto, como a maioria desses casos no país, o dinheiro não é suficiente para prover as vidas de todos eles.

Mas o que é empreender?

Por definição, empreender consiste em desenvolver um novo negócio ou projeto. É ver a oportunidade, reunir recursos necessários, tirar a ideia do papel e pô-la em prática. Empreender é implementar estratégias para criar valor para o seu negócio e alcançar objetivos específicos. Em outras palavras, “O empreendedorismo é um processo de identificar oportunidades de negócio, desenvolver ideias inovadoras e criar um novo empreendimento” – define o Portal da Indústria (https://www.portaldaindustria.com.br).

Para entender melhor o que significam todas essas palavras acerca do que é empreender, é importante voltar para a história de Luana Rodrigues: Hoje, aos 43 anos, Luana cuida do seu pequeno negócio de produção e venda de bolos. Segundo dados do relatório geral das turmas do programa Efeito Furacão de 2023, uma parceria entre o Sebrae e o Be.Labs, em Alagoas 11,11% das mulheres que empreendem no estado estão no ramo da confeitaria. Com um perfil no Instagram com 34 mil seguidores, Luana divulga seu trabalho, angaria novos clientes, e transmite o conhecimento que tem para outras mulheres/mães que buscam entender melhor como conseguir abrir os seus próprios negócios também. Em especial, as mães atípicas – termo que define as mulheres cujos filhos possuem algum tipo de deficiência ou transtorno.

Luana e sua avó paterna dona Zenir - Foto - Cortesia


A história de Luana com a confeitaria – especificamente com os bolos, começou ainda criança, através de sua avó paterna, a dona Zenir. Luana conta que soa avó a ensinou a amar os bolos. E, tendo uma referência afetiva como essa, não é de se estranhar que fazer bolos tenha sido sua ideia de negócio para empreender. Assim ela se tornou confeiteira, ramo que exerce já há 15 anos.

Assim como grande parte das mulheres que abrem seus próprios negócios, Luana tem ensino superior, sendo ela formada em direito. Enganam-se aqueles que acham que ingressam no mundo dos pequenos negócios as mulheres sem escolaridade, que não estão aptas a conseguir um emprego formal no mercado de trabalho. Em Alagoas, por exemplo, 58,6% delas possuem ensino superior completo, sendo metade desse percentual de mulheres com pós graduação, MBA ou mestrado. Isso demonstra que o que falta para muitas delas é oportunidade real.

Empreendimento de Luana, o Terraço dos Bolos - Foto: Cortesia

Com a ideia em mente, e a necessidade de criar meios para aumentar a renda em casa, Luana criou o Terraço dos Bolos. A partir daí ela expandiu ainda mais a própria ideia de empreender, ao notar a quantidade de mulheres, na mesma situação que ela, com filhos atípicos, sendo mães solo, sem oportunidade no mercado formal, e que precisavam gerar renda.

Foi assim que essa mãe de cinco crianças diagnosticadas com autismos de níveis de suporte diferentes criou um grupo em um aplicativo de mensagens, chamado Famílias Atípicas Empreendedoras. Nele, Luana conseguiu reunir mais de 260 membros, que, diariamente compartilham seus negócios dos mais diversos segmentos, trocam informações, e debatem a criação de uma cooperativa que em breve deverá sair do papel para ajudar ainda mais na organização dos pequenos empreendimentos de cada uma dessas pessoas.

Luana explica que a ideia é criar um CNPJ único que beneficie todas as famílias que comprovarem ter uma pessoa atípica em casa, e que desejem ter seus próprios negócios: “O projeto ainda não está formalizado como CNPJ, mas estará. Quando se transformar em uma associação, e a gente conseguir captar recursos, aquelas famílias, elas vão ser capacitadas. As que não têm essa desenvoltura, ainda, no empreendedorismo, de forma gratuita, elas vão poder ser assistidas por um psicólogo, vamos buscar a verba que pague esse psicólogo, ou que isso se torne um trabalho voluntário”, conta.

A confeiteira diz, ainda, como a ideia do grupo surgiu: “O mercado de trabalho exige da gente a criatividade, a constância, uma constante busca de capacitação, mas, some isso a uma rotina que a gente não tem como fugir dela, quem vai cuidar do nosso filho? E aí eu vi: não tem espaço pra o mercado convencional pra uma mãe como eu, pra um pai atípico, não existe. Foi daí que nasceu o projeto Famílias Atípicas Empreendedoras”, conta.

Foto - Reprodução

O grupo Famílias Atípicas Empreendedoras não era, apenas, um projeto de juntar pessoas para falar das dificuldades em comum e, eventualmente, divulgar seus negócios entre si. A idealizadora do projeto explica que vai muito mais além disso: “O sentimento era unir as famílias, divulgar os produtos delas, levá-las comigo pra feiras, eventos, espaços inclusivos, que não cobrassem pelos estandes, que não cobrasse pra expor os nossos produtos pra nos receber nesses espaços, então a ideia veio junto com uma série de coisas”, diz Luana. O aspecto organizacional social está totalmente inserido na essência da ideia do grupo, o que torna tudo ainda mais admirável.

A Bengala de cor verde, utilizada para quem baixa visão - Foto: Cortesia


Além de superar questões pessoais de saúde – Luana tem deficiência visual – familiar, econômicas e tudo o que diz respeito ao suporte com cinco filhos atípicos, ela conseguiu encontrar tempo e forças para pensar e, efetivamente, ajudar a transformar as vidas de outras mulheres em situação igual à dela. Hoje, Luana participa de assembleias na Câmara Municipal, busca apoio político para os projetos do grupo, em outras palavras, ela ampliou o alcance de suportes que poderiam ser apenas dela, atingindo diversas outras famílias atípicas no estado, fortalecendo o empreendedorismo individual de mulheres em Alagoas.

I Feira Das Famílias Atípicas Empreendedoras de Alagoas

Expositores na I Feira das Famílias Atípicas Empreendedoras de Alagoas - Foto: Victor Vercant/ Secom Maceió

Recentemente, esse grupo conseguiu, com o apoio da Prefeitura de Maceió, do Governo do Estado, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL) e da Justiça do Trabalho 19º região, realizar a I Feira Das Famílias Atípicas Empreendedoras De Alagoas. O intuito da feira, que aconteceu na praça Jornalista Genésio de Carvalho, no bairro da Gruta de Lourdes, em Maceió, era conseguir um lugar inclusivo, onde não houvesse cobrança para a utilização dos espaços, mas que tivesse circulação de pessoas para que as micro empreendedoras conseguissem expor seus produtos e, consequentemente, gerar mais vendas.

Segundo os idealizadores e as participantes expositoras do evento, a Feira foi um grande sucesso. “O meu sentimento sobre como foi, é bem difícil explicar! Foi emocionante sentir que as famílias ali estavam se sentindo realizadas. Era um sentimento comum. Todas estavam felizes. Animadas, apesar da chuva. É muito necessário promover mais eventos assim para essas famílias”, comemora Luana. 

É inegável o empenho dessas mulheres na busca de superar os desafios de uma maternidade atípica, e sair da bolha invisível em que são colocadas quando se fala de trabalho remunerado e geração de renda. E esse empenho não fica restrito ao individualismo de cada uma dessas mães. Embora seus negócios sejam individuais, elas se uniram para conquistar melhorias de forma coletiva. Um exemplo concreto disso pôde ser visto na própria Feira das Famílias Atípicas Empreendedoras de Alagoas. Tendo, o grupo, membros de diversos municípios do estado, algumas delas, por questões de logística, não conseguiram estarem presentes no evento. Mas, isso não foi motivo para que seus produtos deixassem de ser comercializados também.

“Um mãe de Lagoa da Canoa, a Ana Paula, não conseguiu vir. Eu que vendi os produtos dela. Ela mandou tudo num ônibus”, revela Luana, que acabou fazendo essa gentileza para a mãe de Paulo, de 19 anos, que tem paralisia cerebral. Os itens que Ana Paula enviou foram laços decorados e tiaras para cabelos.

Produtos de Ana Paula na I Feira de Mães Empreendedoras de Alagoas - Foto: Cortesia


A I Feira de Famílias Atípicas Empreendedoras contou com a participação de quarenta expositores que comercializaram produtos de diversos gêneros, como: alimentos, artesanato, cosméticos, roupas, acessórios, entre outros. O sucesso do evento e a felicidade que ele proporcionou para essas mulheres foi tão grande que a segunda edição da Feira já tem previsão para acontecer na segunda quinzena do mês de julho desse ano (2024), período estratégico, segundo a idealizadora do projeto: “Queremos pegar o mês de férias e os turistas”, revela Luana.

Saúde Mental de Mães Atípicas

  • Segundo um estudo feito pela Universidade de Wisconsin-Madison (EUA), o cansaço e estresse das mães atípicas é estudado por psiquiatras especialistas e é comparado aos soldados em situação de guerra. Essa afirmativa há tempos é difundida pelos quatro cantos do mundo, e só quem é mãe de um PCD entende, de fato, a verdade e o peso dela. Parte dessa sobrecarga mental se origina da brutal preocupação dessas mulheres em prover o sustento para seus filhos, já em situação difícil pela necessidade de tantos cuidados a mais.

    E é ai onde o trabalho entra, como um combustível para a manutenção da saúde mental dessas mulheres, e, óbvio, como ferramenta para aquisição de renda, o que confere mais tranquilidade, uma vez que com recursos financeiros em mãos é possível adquirir alimentos, remédios, e tudo o mais que se necessita para viver com dignidade.Com a maioria das portas dos empregadores fechadas para essas famílias, o empreendedorismo surge como válvula de escape diante de um cenário, muitas vezes, nada positivo.

    Ocupar a mente com demandas diferentes, que não sejam somente os cuidados com os filhos, com as terapias dessas crianças, com a melhor forma de estimular seus respectivos desenvolvimentos em casa, com consultas médicas, inclusão escolar, ou, até mesmo, processos jurídicos movidos para obrigar planos de saúde a ofertar os devidos tratamentos, auxilia essas famílias atípicas a manterem suas mentes saudáveis, e evitar acabar entrando em um quadro depressivo, o que ocorre bastante.

  • Mércia Silva, de 39 anos, mãe do Thiago – diagnosticado com autismo, do Lucas e do Miguel, comenta sobre a importância do seu empreendimento e como o trabalho a auxilia na saúde mental: “A importância do trabalho na minha vida foi voltar a viver com o meu trabalho. A cada atendimento eu conhecia pessoas, histórias experiências. Recebia abraço, conselhos e muitas vezes, ouvia: ‘eu não sei como você consegue como você da conta’. Aquela tarde que seria apenas uma venda se transformava em uma terapia pra mim”, conta.

    Mércia empreende no ramo de vestuário infantil. Ela está a frente da Sonho Meu, loja que ela montou na garagem da sua própria casa, há cinco anos. "Empreender pra mim não é apenas a venda. É levar a mensagem de que com esforço e fé pode sim existir vida após um diagnóstico”, explica Mércia.

Apoio e direcionamento

Ter a ideia certa, conseguir recursos para começar a concretizá-la, divulgar seus produtos ou serviços e obter apoio de outras parceiras para empreender, de fato, é o pontapé inicial da maioria das mulheres que iniciam nessa jornada. Entretanto, devido a dificuldades comuns que os donos de seus próprios negócios enfrentam, especialmente no início, é fundamental que se busque o direcionamento e apoio de institutos que oferecem esse suporte aos pequenos micro empresários. Dentro do grupo Famílias Atípicas Empreendedoras foi possível encontrar diversas mulheres que foram atrás desse apoio, afim de melhorar a organização de seus empreendimentos.

Cortesia/Marcelle Tanylle no evento Entre Elas, do Sebrae AL

Marcelle Tanylle, que também é mãe do pequeno Raffael Bernardo, diagnosticado com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), e faz parte do grupo Famílias Atípicas Empreendedoras, é participante assídua do programa do Sebrae, Efeito Furacão. Esse projeto, que foi criado em 2018, é uma parceria entre o Sebrae e da BeLabs Aceleradora – empresa de tecnologia social que tem o propósito de auxiliar no aceleramento de negócios. O Efeito Furacão é voltado exclusivamente para o público feminino, e já alcançou mais de 340 mulheres em Alagoas.

Marcelle escolheu o ramo da estética para empreender. Ela está à frente do Espaço Depil Marcelle Tanylle, e conta a importância de participar do Efeito Furacão: “O Furacão é como se fosse uma trilha mesmo, do conhecimento pra aceleramento de pequenos negócios femininos. Ele me possibilitou ter uma nova visão mesmo, sabe? Parar de tratar o meu negócio como uma atividade extra, assim, que eu estava fazendo, pra poder, de fato, encarar mesmo como um negócio, né, como a minha renda”, conta.

Além do já mencionado Efeito Furacão, a dona do Espaço Depil Marcelle Tanyle revelou que faz parte de outros programas desenvolvidos pelo Sebrae, e que todos eles a ajuda muito no desenvolvimento do seu negócio, como o Sebrae Delas, o Mulheres em Foco, o Startup Day, o Up Digital de Marketing e o Up Digital de Finanças, todos programas que auxiliam a desenvolver as potencialidades dos pequenos negócios femininos.

Sebrae como Incentivador do Empreendedorismo Feminino

O Sebrae, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, atua de forma assertiva em todo o Brasil, capacitando e promovendo o desenvolvimento econômico e a competitividade da micro e pequenas empresas, estimulando, assim, o empreendedorismo no país. Em Alagoas, e para o público feminino, o Sebrae conta com diversos projetos e programas de apoio, incentivo e direcionamento de pequenos negócios, alguns deles já mencionados anteriormente nessa reportagem.

Um dos carros-chefes do Sebrae, nessa perspectiva, é o Sebrae Delas, programa criado com o objetivo de desenvolver empreendedoras líderes e apaixonadas pelo sucesso. Trata-se de um programa de aceleração com o objetivo de aumentar a probabilidade de sucesso de ideias e negócios liderados por mulheres.

Érica Pereira, Analista e Gestora de Empreendimentos Femininos - Sebrae Delas - Foto: Ascom/ Sebrae


Érica Pereira, analista e gestora de Empreendimentos Femininos – Sebrae Delas, conta que o Projeto Sebrae Delas existe, em Alagoas, desde 2021 e que o Sebrae já conseguiu ajudar mais de quatro mil empreendedoras através dele.

A analista explica que as mulheres que participam do projeto são inseridas em um grupo de aplicativo de mensagens onde ficam sendo constantemente informadas de todos os eventos que o Sebrae promove para incentivar e promover seus negócios. Inclusive, é por meio desses informes nesse grupo que as pequenas empreendedoras ficam por dentro da programação do Efeito Furacão, outro importante projeto promovido pelo Sebrae, que consiste em uma formação feita em forma de jornada: “Geralmente no início do ano lançamos no grupo de whatsapp as inscrições com prazo e na sequencia acontecem as entrevistas e seleção das turmas do Sebrae Delas em geral, mas também passamos algumas programações da agenda Sebrae” diz Érica.

Ela ainda revela que o principal objetivo do Efeito Furacão é justamente promover a mudança de mentalidade dessas mulheres, seguindo as tendências atuais e as perspectivas futuras de acordo com o Fórum Econômico Mundial. “É uma abordagem estruturada para gerar e aprimorar ideias. São cinco fases que ajudam o desenvolvimento de uma empresa, desde trabalhar o pensamento de futuros, identificar desafios até construir a solução e implementá-la”, finaliza.

É importante destacar que a participação nos projetos do Sebrae ocorre de forma gratuita, sendo requisito para ingressar apenas a aprovação na entrevista. Outro ponto interessante é que o Sebrae atende de forma geral todos os setores e segmentos, de pessoas com negócios formalizados ou aqueles que ainda não possuem seu CNPJ.

Segundo dados da Secretaria de Estado da Fazenda de Alagoas (Sefaz-AL) cerca de 3,5 milhões de empreendedores independentes, majoritariamente mulheres, produzem renda com as vendas diretas no Brasil. Aproximadamente 80% da força de venda é composta por pessoas pertencentes às classes C, D e E, com forte impacto social e intensa atividade econômica, que gerou cerca de R$ 45 bilhões em volume de negócios no ano de 2023.

Diante disso, é impossível negar que o empreendedorismo individual dessas mulheres, mães de crianças com deficiência, que são diariamente invisibilizadas pelo mercado formal de trabalho, muito embora sejam extremamente cobradas para que movimentem a roda da economia no país, seja de absoluta importância para a economia como um todo.

Elas provam diariamente que, mesmo com tantos obstáculos, seja por uma sociedade excludente e capacitista com seus filhos e com elas mesmas, seja pela dinâmica complicada de manter um empreendimento ativo e gerando lucros, essas mulheres conseguiram atingir o sucesso em suas respectivas áreas de negócios, se unindo e tendo como meta principal a criação da renda que faz com que elas se sintam dignas e participantes da sociedade e da economia do pais.