Obesidade: um alerta sobre a epidemia silenciosa que pode desencadear uma série de problemas de saúde

Desde 2006, a obesidade vem crescendo no Brasil. Naquele ano, 11,8% da população adulta estava obesa

Por Lane Gois |

A obesidade é uma condição médica séria e em crescimento no Brasil. Definida pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, ela pode desencadear uma série de problemas de saúde, como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e hipertensão. O diagnóstico mais comum é feito através do Índice de Massa Corporal (IMC), calculado dividindo-se o peso (em quilos) pela altura (em metros) ao quadrado. Um IMC igual ou superior a 30 é considerado obesidade.

Entretanto, o IMC não é a única forma de avaliar essa condição. Médicos também analisam outros fatores importantes, como a distribuição de gordura corporal. A circunferência da cintura, por exemplo, é um indicador crítico, já que a gordura abdominal está diretamente associada a riscos mais elevados de complicações de saúde. Além disso, uma revisão detalhada do histórico médico do paciente, incluindo fatores genéticos, uso de medicamentos e tentativas de perda de peso anteriores, faz parte da avaliação completa.

Durante a avaliação clínica, os profissionais de saúde também observam sinais físicos associados à obesidade, como acantose nigricans (manchas escuras na pele), e verificam a presença de condições relacionadas, como pressão alta e diabetes.

O cenário alagoano e o crescimento da obesidade


Um estudo recente do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas (Vigitel), realizado pelo Ministério da Saúde, revela dados preocupantes. Desde 2006, a obesidade vem crescendo no Brasil. Naquele ano, 11,8% da população adulta estava obesa. Em 2023, esse número saltou para 24,3%. Em Maceió, capital de Alagoas, cerca de 23,6% dos homens e 19,3% das mulheres são obesos, números que refletem o impacto da obesidade na cidade e a necessidade urgente de medidas preventivas.

Esses dados são alarmantes para a saúde pública e demonstram como a obesidade se tornou um problema de larga escala. As causas são variadas e complexas, como destacou o cirurgião Daniel Maia, em entrevista ao programa Antena Manhã, onde abordou a cirurgia bariátrica e a gravidade dessa condição no Brasil.

Uma doença multifatorial: O que explica a obesidade?


“O que estamos vivendo é uma verdadeira pandemia. Um a cada quatro brasileiros está lutando contra a obesidade, que é considerada uma doença crônica multifatorial”, afirmou o Dr. Daniel Maia em entrevista para o programa Antena Manhã. Ele explicou que a obesidade não pode ser atribuída a um único fator. 

“Há fatores genéticos, ou seja, familiares com histórico de obesidade têm maior risco de transmitir a condição aos seus descendentes. Além disso, fatores ambientais, como alimentação rica em açúcar e a falta de exercício físico, também desempenham papéis importantes no desenvolvimento da doença.”

Dr. Maia destacou que vários hormônios estão envolvidos na regulação do peso corporal, tornando o tratamento da obesidade um desafio. “Não existe um único culpado. São vários fatores combinados que levam à obesidade, e isso torna o tratamento mais difícil. Precisamos lidar com a genética, os hábitos alimentares e a prática de exercícios.”

A cirurgia bariátrica como solução?


Para pacientes com obesidade grave que não conseguem perder peso com dietas e exercícios, a cirurgia bariátrica tem sido uma opção viável. O procedimento reduz o tamanho do estômago, limitando a quantidade de alimentos que a pessoa pode consumir e auxiliando na perda de peso significativa. 

No entanto, o cirurgião enfatiza que a cirurgia não é uma solução isolada. “É preciso lembrar que a cirurgia é apenas uma ferramenta. Após o procedimento, o paciente precisa adotar um novo estilo de vida, com alimentação equilibrada e atividade física regular, para alcançar o sucesso a longo prazo.”

Desafios

Com o aumento contínuo da obesidade, Maceió e o Brasil enfrentam um grande desafio de saúde pública. Iniciativas de conscientização sobre os riscos da obesidade, programas de educação nutricional e políticas públicas voltadas para a promoção de hábitos de vida saudáveis são essenciais para combater essa epidemia.

À medida que mais pessoas lutam contra essa condição crônica, é crucial que governos, profissionais de saúde e a sociedade em geral trabalhem juntos para mudar o panorama atual. Como o Dr. Daniel Maia ressaltou, a obesidade é uma doença complexa, mas com abordagem correta e colaboração, é possível reverter essa tendência preocupante.