Psicóloga explica a síndrome do fim de ano e seu impacto no bem-estar emocional

Entender a “dezembrite” como um fenômeno comum e não como uma fraqueza é essencial para lidar melhor com os desafios emocionais do fim do ano

Por Lane Gois |

Com a chegada de dezembro, é comum que muitas pessoas passem a vivenciar um misto de angústia, ansiedade e tristeza,  sensações que, popularmente, recebem o nome de “dezembrite” ou “depressão de fim de ano”. Embora o termo não corresponda a um transtorno específico, ele traduz um fenômeno recorrente nessa época, marcado pelas reflexões sobre o ano que termina e as demandas emocionais das festas de fim de ano.

O conceito, muitas vezes tratado como “frescura” por quem desconhece sua complexidade, tem impacto significativo na saúde emocional. Pensando nisso, o 7Segundos conversou com psicóloga Nayara Lucas para entender melhor o que caracteriza a “dezembrite” e como lidar com os desafios que ela traz.

Psicóloga Nayara Lucas


 O que é a dezembrite?

A dezembrite é marcada por sentimentos de frustração, cobranças internas e reflexões intensas sobre o que foi planejado e não alcançado durante o ano. 

Como prevenir ou minimizar os efeitos?

De acordo com Nayara, existem diversas estratégias que podem ajudar a lidar com os sentimentos desencadeados pela “síndrome de fim de ano”. Entre elas estão:

Racionalizar os sentimentos:
Entender que é natural que nem todos os planos sejam executados completamente e se permitir comemorar as metas que foram alcançadas.

Celebrar as conquistas:
Fazer listas positivas do que foi realizado durante o ano e se parabenizar por cada conquista.

Reduzir a autocrítica:
Baixar a régua da autoexigência e evitar cobranças excessivas que são autoimpostas.
Confraternizar: Estar perto de amigos e familiares pode trazer leveza e alegria para o período.

Planejar com realismo:
Focar em novos projetos de forma entusiasmada, mas também realista, criando metas alcançáveis.

 Solidão e tristeza no fim de ano
A solidão e a tristeza são sentimentos comuns durante essa época, especialmente para quem não tem uma rede de apoio próxima. Nayara Lucas destaca que é importante:

Se acolher:
Permitir-se sentir e processar emoções em vez de reprimi-las.

Manter rotinas saudáveis: Alimentação balanceada, prática de exercícios físicos e terapia são fundamentais.

Impor limites: Saber dizer “não” para situações desconfortáveis ou desgastantes.

Resignificar o momento: Transformar os rituais de transição do ano em experiências positivas e menos carregadas de cobranças.

Pressões que intensificam a ansiedade

Nayara também ressalta que a pressão para celebrar o fim de ano pode estar diretamente ligada a quadros de ansiedade e depressão. “As cobranças veladas do ‘espírito natalino’, como a obrigação de perdoar ou confraternizar, o peso de finalizar o ano com todas as metas atingidas e a nostalgia de lembrar de pessoas que não estão mais presentes podem ser desencadeadores de sentimentos negativos”, alerta.

Além disso, as pressões financeiras para compra de presentes e a exigência de demonstrar felicidade constante contribuem para o aumento da tensão emocional.

Entender a “dezembrite” como um fenômeno comum e não como uma fraqueza é essencial para lidar melhor com os desafios emocionais do fim do ano. Busque apoio profissional se os sentimentos se tornarem difíceis de gerenciar sozinho e lembre-se: finalizar o ano com saúde mental é, por si só, uma grande conquista.