
Março é marcado como o mês da mulher, um período de reflexão e conscientização sobre os desafios enfrentados pelas mulheres em diversas esferas da sociedade. Entre os muitos debates que ganham força nesse período, um dos mais recorrentes é o julgamento das roupas femininas e a relação disso com a violência, o medo e a vulnerabilidade enfrentados diariamente por mulheres e meninas.
A forma como uma mulher se veste ainda é utilizada como argumento para justificar assédios, violências e discriminações. Expressões como "olha como ela estava vestida" continuam sendo usadas em casos de assédio e agressões, reforçando uma cultura que transfere a responsabilidade para a vítima, em vez de punir o agressor. Esse tipo de pensamento reflete um padrão enraizado na sociedade, no qual as mulheres são frequentemente cobradas por sua aparência e comportamento, enquanto seus direitos são negligenciados.

O impacto desse julgamento vai além do constrangimento e da imposição de regras de vestuário. Muitas mulheres vivem com medo de sair de casa usando determinadas roupas, receosas de sofrerem violência verbal ou física. O medo do assédio nas ruas, nos transportes públicos e até mesmo em ambientes considerados seguros é uma realidade constante.
Além disso, as vítimas desse pensamento machista não são apenas mulheres adultas. Meninas e crianças também sofrem com a hipersexualização e com discursos que colocam a culpa na vestimenta, ignorando o fato de que a violência contra elas é um problema estrutural e alarmante. A justificativa da roupa não apenas normaliza a agressão, mas também perpetua um ciclo de impunidade e desproteção.

Casos recentes mostram que a polêmica em torno da vestimenta feminina segue viva e gera questionamentos sobre padrões de vestimenta impostos exclusivamente a mulheres. Movimentos feministas ressaltam que esse tipo de situação reforça a objetificação do corpo feminino e limita sua liberdade de expressão.
Em contraponto, campanhas de conscientização têm se fortalecido, com o intuito de combater estereótipos e promover a liberdade das mulheres sobre seus corpos e escolhas. O lema "meu corpo, minhas regras" tem ganhado espaço em discursos e manifestações, buscando reafirmar que respeito não deve estar condicionado às roupas.
O Mês da Mulher, mais do que uma data comemorativa, deve servir como um período de reflexão e mudança. A sociedade precisa evoluir para um contexto em que mulheres e meninas possam vestir o que quiserem sem medo de julgamentos, violências ou represálias. Afinal, o problema nunca foi a roupa, mas sim a forma como o mundo ainda insiste em controlar e violentar os corpos femininos.