Em interrogatório, réu nega envolvimento na morte do vereador Fernando Aldo
O réu Eliton Alves Barros, acusado de envolvimento na morte do vereador Fernando Aldo Gomes Brandão, do município de Delmiro Gouveia, está sendo julgado no Fórum de Maceió, no Barro Duro. A sessão, presidida pelo juiz John Silas da Silva, teve início às 14h e deve terminar por volta das 22h desta segunda-feira (24).
Ao ser interrogado, o réu negou participação no assassinato. "Sou inocente. No dia do crime estava em São Paulo trabalhando", afirmou. Eliton Alves disse que não conhecia a vítima e que nunca esteve no local do homicídio, no município de Mata Grande, interior de Alagoas. "Não é verdadeira a denúncia contra mim", concluiu o réu, que está preso há quase oito anos.
De acordo com o promotor de Justiça Antônio Villas Boas, há nos autos provas para incriminar o acusado. "Eliton Alves disse que estava em São Paulo no dia 24 de setembro, mas o crime ocorreu sete dias depois. Então, nesse intervalo de tempo, ele poderia perfeitamente ter retornado a Mata Grande e executado o homicídio", afirmou o promotor, ressaltando que um outro réu do caso, Dilson Alves (que já foi julgado e condenado) teria prestado depoimento e incluído Eliton como um dos participantes do crime.
Para o advogado João Luiz Fornazari, o depoimento não se sustenta. "É preciso ter robustez e documentos comprobatórios. Esse depoimento foi baseado apenas no que ele [Dilson Alves] disse, não tendo prova nenhuma nos autos".
Eliton Alves Barros foi pronunciado em novembro de 2010 e está sendo julgado por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e mediante recurso que impossibilitou a defesa da vítima).
O caso
O vereador Fernando Aldo foi morto na madrugada de 1º de outubro de 2007, durante um evento no município de Mata Grande. Segundo o Ministério Público de Alagoas (MP/AL), a vítima foi atingida por pelo menos oito tiros e não resistiu aos ferimentos. Os disparos teriam sido efetuados pelo soldado Carlos Marlon Gomes Ribeiro (que ainda não julgado). Foram apontados como partícipes Eronildo Alves Barros (já falecido) e o irmão, Eliton Alves Barros.
Ainda de acordo com o MP/AL, o homicídio teria ocorrido a mando do então deputado estadual Cícero Ferro e do prefeito de Delmiro Gouveia, Luiz Carlos Costa, o Lula Cabeleira. Em agosto de 2012, o Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL) julgou improcedente a ação contra Lula Cabeleira, inocentando-o da acusação por falta de provas. O processo contra Cícero Ferro ainda está tramitando.
Testemunhas
O cunhado da vítima, José Pereira Neto, disse acreditar que Fernando Aldo morreu por "falar demais". "Fernando era explosivo, não tinha meias palavras. Falava sobre pessoas poderosas que já tinham um histórico de crimes", afirmou.
Para a irmã do vereador, Rita Maria Gomes, o assassinato teve motivação política. "Ele tinha divergências com algumas pessoas, inclusive com Cícero Ferro, que ele acreditava não merecer o voto da população de Delmiro".