Verão e carnaval: saiba como se proteger da exposição ao sol e não perder a folia

Médica especialista dá dicas valiosas que podem fazer toda a diferença e evitar as indesejáveis queimaduras na pele

Por Wanessa Santos |

Verão e carnaval no Brasil é, sem dúvidas, a combinação perfeita para aproveitar a folia com muito bloquinho de rua, sol, praia e banho de mar. O que não se pode deixar de lado, entretanto, são os cuidados com a pele durante a maratona de quatro dias de muita exposição ao sol. Dicas simples, porém valiosas, podem fazer toda a diferença e evitar queimaduras na pele que podem provocar muito desconforto além do risco de adquirir doenças sérias.

Em Alagoas foliões de todas as partes do Brasil – e do mundo – optam por curtir o carnaval em regiões litorâneas, geralmente se hospedando, durante os quatros dias, em casas de veraneio ou pousadas. E é aí onde mora o perigo. É muito comum que as pessoas, em meio às festas, passeios ao ar livre e banho de mar ou piscina, acabem ficando desatentos quanto à proteção contra o sol em excesso. O que não pode, de forma alguma, acontecer.

Um dos blocos que marcam a abertura das prévias do carnaval na capital alagoana é o famoso Pinto da Madrugada. Com concentração, geralmente, ocorrendo a partir das 6h, e a saída para o percursos começando as 9h, os foliões tem como uma das principais preocupações se proteger do sol escaldante e se hidratar durante toda a manhã e tarde.

Foliões de todas as idades curtem o bloco Pinto da Madrugada nas prévias do carnaval 2025, em Maceió / Foto: Divulgação Instagram

A exposição solar é o principal fator de risco para a incidência do câncer de pele, especialmente para a população de um país tropical, como o Brasil. Segundo informações do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa é de que o Brasil contabilize, no período que compreende os anos de 2023 a 2025, cerca de 220 mil novos casos de câncer de pele não melanoma (a forma menos agressiva da doença). Já o câncer melanoma, o mais raro e mais agressivo, deve afetar cerca de 8.450 novas pessoas durante o mesmo período.

E não se engane: tanto o não melanoma quanto o câncer melanoma têm índices de mortalidade para os acometidos por eles. Por essa razão, vale a pena investir na prevenção.

Para entender como se manter protegido, sem precisar fugir do sol neste carnaval, o 7Segundos entrevistou a médica dermatologista Maria Lamenha. Ela conta que a exposição ao sol e ao calor, sem a proteção adequada, pode causar diversos problemas de saúde para as pessoas, dentre eles queimaduras solares (de primeiro e segundo graus), insolação, aumento do risco de surgimento de herpes labial e, pensando no longo prazo, o aumento do risco do câncer de pele.

Maria Lamenha, médica dermatologista / Foto: Cortesia

Entrevista com a médica dermatologista, Dra Maria Lamenha

  • 7Segundos:
    Dra, sabendo que muitas pessoas não resistem aos bloquinhos de carnaval, muitas vezes passando algumas horas seguidas curtindo as festas no sol, quais as dicas para que os danos provocados pelos raios ultravioletas não sejam tão intensos? Como se proteger?

    Maria Lamenha:

    Podemos fazer uso de medidas de proteção físicas (uso de chapéus com abas largas, camisas com proteção ultravioleta, uso de sombrinhas…) e químicas, como o protetor solar (FPS no mínimo de 30), lembrando sempre de reaplicá-lo a cada duas horas ou sempre que mergulhar ou transpirar excessivamente.

    7Segundos:

    Uma grande dúvida das pessoas é com relação ao fator de proteção dos protetores solares. Afinal, qual a diferença de um fator para o outro, e qual o melhor para essa época tão quente?

    Maria Lamenha:

    O FPS determina a capacidade do protetor solar bloquear a radiação UVB e o PPD indica o bloqueio à radiação UVA, ambas muito nocivas a nossa pele. Quanto maior o FPS, mais tempo de proteção conferimos à pele. O bloqueio imediato da radiação não varia tanto (de 96% no FPS 30 para 99% no FPS 99), mas pensando no tempo de exposição, quanto maior o FPS, melhor.


  • 7Segundos:
    E quando ocorre aquela famosa insolação, a pessoa esqueceu de passar o protetor, e acabou ficando muito vermelha, queimada do sol, com aquela sensação de ardor, o que seria melhor para aliviar esse desconforto?

    Maria Lamenha:

    Uso de hidratantes neutros (sem fragrância e sem cor), evitar banhos quentes, borrifar água termal no corpo, além de ingerir muita água. Em alguns casos, é necessário passar em consulta dermatológica para avaliar o uso de medicamentos orais e/ou tópicos.

    7Segundos:

    Dra, e quais são os sinais de alerta para que uma pessoa busque um dermatologista, diante de uma possível doença de pele, em decorrência da exposição excessiva ao sol?

    Maria Lamenha:

    O surgimento de vesículas ou bolhas nas áreas expostas é um sinal de queimadura de segundo grau e exige um cuidado maior.
    Manchas escuras podem estar associadas ao consumo de bebidas com frutas cítricas e/ou álcool durante a exposição ao sol, necessitando também de uma intervenção precoce.

Em suma, o grande segredo para ter um carnaval tranquilo e sem contra tempos com o sol é garantir que todos estejam sempre protegidos com protetor solar, bonés, óculos de sol, blusas de proteção UV e, sempre que possível, se abrigar embaixo de um bom guarda-sol. Estar atento a essas dicas pode proporcionar um período de festas tranquilo e evitar possíveis doenças de pele e muita dor de cabeça, depois.

Além disso, é importante reforçar que o filtro solar deve ser aplicado 30 minutos antes de expor-se para que seja absorvido e reaplicado a cada duas horas em que permanecer ao sol e, se suar muito ou entrar na água, deve ser passado novamente.