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“Casa Abandonada” foi atingida por tiro, diz irmã de Margarida Bonetti à polícia

Inquérito policial investiga abandono de incapaz por parte da família em imóvel em Higienópolis que virou tema do podcast "A Mulher da Casa Abandonada"

Por CNN Brasil 14/07/2022 18h06
“Casa Abandonada” foi atingida por tiro, diz irmã de Margarida Bonetti à polícia
A "Casa Abandonada", no bairro de Higienópolis, em São Paulo (SP) - Foto: Reprodução/Google Maps

A Polícia Civil de São Paulo ouviu durante a semana a irmã de Margarida Bonetti, Rosa Vicente de Azevedo, no inquérito policial que investiga abandono de incapaz da mulher que teve seu caso recentemente revelado pelo jornalista Chico Felitti, em podcast da Folha de São Paulo.

Rosa informou que a irmã deixou o local depois da repercussão do caso, que viralizou na internet e na televisão, pela quantidade de pessoas que iam até o local, que chegou a ser atingido por um tiro, segundo o depoimento.

A reportagem em áudio, que leva o nome de ‘A Mulher da Casa Abandonada’ conta que Margarida foi investigada pelo FBI, departamento de polícia investigativa dos Estados Unidos em 1998 por trabalho análogo à escravidão e cárcere privado contra sua empregada doméstica; o marido, René Bonetti, chegou a ser julgado em 2000 e cumpriu pena em presídio americano, mas ela retornou ao Brasil e mora em um casarão ‘abandonado’ no bairro de Higienópolis.

Rosa informou à Polícia que a irmã é bem tratada, tem tudo que precisa e que está completamente bem em relação à sua saúde mental, o que, entretanto, não foi indicado nos depoimentos.

De acordo com a investigação, os vizinhos da rua Piauí ligaram para a polícia relatando que “lá havia uma pessoa que apresenta problemas de saúde mental, e que estaria necessitando de ajuda”.

Testemunhas informaram que Margarida costumava jogar excrementos no quintal da casa, que não possui tratamento de esgoto nem água; que revirava o lixo deixado na rua e que criava situações, por exemplo, com carros que estacionassem em frente à casa e árvores que fossem derrubadas.

O delegado responsável pelo inquérito, Roberto Monteiro, da 1° Seccional do Centro, disse que a Polícia só poderá constatar se a casa de fato foi atingida ou não após perícia no local, que ainda não há previsão para ser realizada.

A Prefeitura de São Paulo também deverá retornar ao imóvel de Higienópolis em 60 dias, já que uma vistoria constatou a existência de lixo e materiais de construção na parte externa da casa, e por isso, a proprietária foi autuada e intimada a realizar manutenção, sob pena de novas autuações.

O filho de Margarida, que não teve nome revelado, também foi convidado a depor, mas ainda não compareceu a delegacia. Rosa informou que iria apresentar a irmã para as autoridades quando a mesma for intimada.

Em relação ao resgate de dois cachorros no dia 03 de junho pelo Instituto Luisa Mell, que teriam sido abandonados no imóvel com a saída de Margarida, o delegado informou que ela poderá responder pelo crime de maus-tratos aos animais.

Há a possibilidade de ainda ter gatos dentro da casa. Ela também poderá responder por “exposição ao perigo” (expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente; artigo 132 do Código Penal) pelo acúmulo de lixo no quintal, que gerou incidência de ratos.

Não há pena de prisão para esse crime, mas há possibilidade de detenção de três meses a um ano.