Roberto Ventura

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Roberto Ventura

Como fica a disputa para o Senado Federal com a desistência de Téo Vilela?

22/01/2014 16h04

 

O anúncio feito semana passada pelo governador Teotônio Vilela Filho (PSDB) de que não será candidato ao Senado Federal nas próximas eleições, não é nenhuma surpresa. Entretanto, essa decisão precisa ser analisada com cuidado e critério. Evidentemente que o governador trabalha com pesquisas e sabe que sua situação é bastante delicada devido ao desgaste por que passa seu governo, e esse teria sido o principal motivo de sua decisão.

Resta saber agora como será o comportamento do senador Fernando Collor de Mello, (PTB), já que Collor e Téo Vilela veem travando desde o ano passado, uma ferrenha disputa nos meios de comunicação, com denúncias de ambos os lados. Enquanto Collor afirma que em Alagoas existem os piores indicadores sociais do Brasil, e que o governo tucano é o pior da história, Vilela diz que Collor foi presidente e nada fez pelo estado.

Os petebistas acham que o grande adversário de Fernando Collor é Téo Vilela, por isso o senador não para de bater e denunciar as mazelas e a paralisia do governo tucano. No entanto, é bom lembrar que além do governador existem outros adversários que podem atrapalhar o projeto de reeleição do senador Collor. Um desses é a vereadora Heloísa Helena, que além do carisma, confiabilidade e da força do voto eleitor esclarecido, - que a bem da verdade é a minoria - e daqueles que repudia todas as formas de corrupção e falcatruas na política brasileira, especialmente na alagoana, Heloísa tem um discurso firme e denunciador e certamente vai, por um bom tempo, tirar o sono do senador.

O grande problema que a vereadora irá enfrentar é que seu partido não tem estrutura partidária suficiente para bancar uma campanha desse nível, ela precisa ter suporte político e financeiro para enfrentar o ex-presidente. Heloísa sempre larga na frente em relação aos seus concorrentes, porém, quando a campanha propriamente dita vai para as ruas, ela perde espaço. Diferentemente de Collor, ela não tem poder de barganha e de negociar com prefeitos, vereadores e lideranças políticas.

É evidente que com Vilela fora do páreo é um problema a menos para Collor de Mello, que possui forte rejeição na capital alagoana, sobretudo quando o assunto é o voto dos mais esclarecidos. Por outro lado, ele tem boa penetração no interior do estado, onde seus maiores cabos eleitorais é a prefeita de Arapiraca Célia Rocha e o prefeito de União dos Palmares Beto Baia.

Se depender de apoio de lideranças, o senador Collor terá ampla vantagem sobre os demais candidatos, mas isso não significa que ele terá vida fácil nessa eleição.

É certo que o governador terá seu candidato ao senado e ao governo, que apesar do desgaste político, qualquer candidato que venha a ser apoiado pelo governador terá força e potencial capaz de enfrentar o senador petebista, porque Téo Vilela usará toda estrutura de governo.

O vice-governador José Thomaz Nonô, foi lançado por unanimidade pelo Democratas como pré-candidato a sucessão de Vilela, no entanto, Nonô poderá em uma composição ser candidato ao Senado, mas ele vai precisar de todo o apoio possível e de um bom marqueteiro para tentar superar o candidato oposicionista.

Já Renan Calheiros terá a opção de lançar um candidato puro sangue, ou seja, do próprio PMDB. Nomes como o do deputado federal Renan Filho, Luciano Barbosa, ou uma composição com o palácio Floriano Peixoto e apoiar o candidato governista para o senado e em troca ele - Renan Calheiros – receberia total apoio do governador para a eleição de Renanzinho ao governo, ou mesmo Benedito de Lyra para o governo do estado e Renan Filho para o Senado Federal, essa hipótese é mais remota, porém, em política nada pode ser descartado. Isso significaria um rompimento com Collor de Mello.

Como sempre foi em toda sua vida pública, Renan é uma incógnita, ele só vai decidir sua situação em meados de abril para maio, tanto ele pode ficar com o primeiro grupo, como pode optar pelo segundo, o mais provável é que o presidente do Congresso fique mesmo com o grupo liderado pelo senador Collor.

A questão é que, nem Collor confia em Renan e nem Renan confia em Collor, essa falta de confiança de ambos os lados tem causado toda essa indecisão na definição do quadro político alagoano.

Poderemos ter no mesmo palanque Collor de Mello, Cícero Almeida, Ronaldo Lessa e Célia Rocha. Do outro lado ficariam Téo Vilela, Nonô, Biu de Lyra, e João Lyra.

Tudo isso são suposições, são possíveis conjecturas que poderão ocorrer, mas como a política é dinâmica e muda constantemente, vamos aguardar o desenrolar dos acontecimentos de como ficará o quadro da disputa para o Governo do Estado, Senado, Câmara Federal e Assembleia Legislativa.

Certo é que Cícero Almeida e Ronaldo Lessa não ficam no palanque de Vilela, o ex-prefeito e o ex-governador já afirmaram apoio ao senador petebista.