Brasil

Desigualdade no acesso às vacinas contra Covid-19 está pior, diz OMS

Um dos fatores que tem dificultado o acesso às vacinas é a logística de propriedade intelectual

Por Estadão Conteúdo 22/03/2021 20h08
Desigualdade no acesso às vacinas contra Covid-19 está pior, diz OMS
Novas vacinas - Foto: Reprodução/Web

As desigualdades no acesso dos países às vacinas contra a Covid-19 ficam "mais grotescas" a cada dia, afirmou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, nesta segura-feira, 22.

Em uma análise da situação da pandemia e da distribuição dos imunizantes no mercado, Tedros Adhanom afirmou ser "chocante" que os países com mais recursos estejam fazendo "tão pouco" para reverter a situação, sem citar nenhum específico.

"Há países que preferem vacinar os jovens que não estão em nenhuma categoria de risco à custa de outros países poderem vacinar os seus trabalhadores da área da saúde e pessoas mais velhas. Isso pode dar segurança no curto prazo, mas é uma falsa sensação de segurança", disse.

O diretor-geral ressaltou que, enquanto a transmissão do coronavírus continuar em diferentes partes do mundo, novas variantes que possivelmente poderão driblar as vacinas irão surgir.

Israel foi o país que mais vacinou, com quase toda a sua população elegível a receber a primeira dose da vacina e mais da metade a receber ambas. Completam a lista de países que imunizaram a maior parte de suas populações Emirados Árabes, Reino Unido, Chile e Estados Unidos.

Um dos fatores que tem dificultado o acesso às vacinas é a logística de propriedade intelectual, na qual as farmacêuticas optam por não compartilhar suas patentes dos respectivos imunizantes. Durante a coletiva, o diretor-geral elogiou a AstraZeneca por compartilhar a sua fórmula, permitindo o licenciamento de suas tecnologias para produtores menores.

Uma maneira de diminuir essa desigualdade é através do consórcio internacional Covax Facility, criado pela própria OMS, que busca fornecer vacinas a quase 200 países espalhados pelo globo. A Coreia do Sul, país com recursos econômicos suficientes para negociar direto com as empresas, optou por aderir ao consórcio para uma distribuição equitativa dos imunizantes. O Brasil, que também faz parte, recebeu no último domingo, 22, as primeiras 1 milhão de doses da iniciativa.

O mundo se aproxima de 450 milhões de doses das vacinas aplicadas até o momento. Dentre elas, apenas 30 milhões foram distribuídas pela Covax, que alegou não ter recebido fornecimentos suficientes.